Jorge Jesus, treinador do Benfica, realizou a primeira antevisão a uma partida da Primeira Liga depois de regressar ao Benfica. As 'águias' defrontam o Famalicão amanhã, na ressaca da eliminação da Liga dos Campeões, na terça-feira, frente ao PAOK.
O técnico encarnado espera ver uma equipa com mais 'baterias' em Famalicão, algo que considerou ter faltado na Grécia. Frisando que com uma vitória é mais fácil recuperar os jogadores, 'JJ' realça a qualidade da equipa que defronta na 1.ª jornada do campeonato, isto apesar de não conhecer muito da forma como o 'Fama' esteve a jogar na pré-época.
O que esperar
"Depois de termos chegado ao Porto, fizemos o primeiro treino. A equipa está a recuperar de forma a chegar a Famalicão amanhã e fazer um jogo com mais duração do que na Grécia. Lá fizemos 45 minutos muito bons, mais 15 minutos na 2.ª parte, mas na última meia hora faltou-nos competitividade para chegarmos ao que o PAOK jogou. Amanhã já temos mais um jogo e já poderemos estar muito melhores".
Principal favorito a ser campeão
"O arrasar [que disse na conferência de apresentação] tinha a ver com a confiança que tenho na equipa, nos jogadores que tenho e no clube onde estou, sei que as equipas onde trabalho têm uma qualidade de jogo que umas vezes arrasa mas outras vezes não arrasa, faz parte do jogo. Os favoritos são sempre aqueles que ganham, quem é o campeão é o FC Porto, eu como treinador do Benfica respeito esse título, mas como treinador do Benfica também o quero conquistar. O respeito não tem nada a ver com ambição, quem quer que seja treinador do Benfica, é sempre para ganhar"
Famalicão
"Amanhã começa a primeira jornada com um adversário que no ano passado foi a surpresa do campeonato, com o qual tivemos sempre dificuldades para ganhar. Estamos preparados para ter mais um jogo difícil, mas que temos confiança, porque temos qualidade para sair com os três pontos na 1.ª jornada. Abrir com chave de ouro"
O mais complicado de lidar pós-eliminação da Champions
"O psicológico está ligado ao físico. As vitórias são o alimento de todos os problemas que possas ter. Tu ganhas, nada está errado, os jogadores recuperam melhor. Só que esta equipa do Benfica é jovem, sabe que está a dar os primeiros passos, sabemos que vamos crescer muito e espero que amanhã - as indicações que tive no treino foram muito boas - os jogadores estejam confiantes, como estavam quando chegámos à Grécia. Foi um percurso que não foi de encontro aos que ambicionávamos. Temos de começar como todos os nossos rivais, do princípio"
Famalicão, parte II
"Temos alguma desvantagem: enquanto o Famalicão viu o Benfica jogar na pré-época, porque os jogos foram transmitidos, nós do Famalicão não vimos nenhum. Não temos um conhecimento muito profundo, mas temos um conhecimento em função dos jogadores, em função do treinador e da sua ideia de jogo"
"Seguramente que vamos apanhar um Famalicão táticamente com qualidade, o seu treinador já tem uma história de um ano a trabalhar com a equipa, não há jogos fáceis. Pelo que estou a sentir o campeonato português vai ter muito mais qualidade, estão a chegar a várias equipas jogadores, alguns que já jogaram em Portugal, com muita qualidade. Fico muito satisfeito com isso, é bom para o futebol português. Vai ser um campeonato mais competitivo, tenho a certeza"
Mexidas no onze
"Hoje já tivemos um dia que nos deu indicações sobre os jogadores, se estão carregados fisicamente, em risco de se lesionar. O nosso departamento médico vai-nos dando essas informações. Amanhã vamos ter mais certezas sobre o primeiro onze que vai ser lançado. Hoje há uma vantagem dos treinadores porque há cinco substituições, dá alguma segurança e o Benfica tem qualidade para o poder fazer"
Arrependido por ter voltado ao Benfica/Portugal, depois da eliminação da Champions
"Não, quando se tomas decisões de risco numa equipa como o Benfica, que em todos os objetivos joga para ganhar, estás a colocar a fasquia alta. Portanto, isso tem feito parte da minha carreira e principalmente desde que sai do Benfica e cheguei ao Flamengo. Vim com a convicção que íamos ter uma tarefa difícil, que íamos fazer uma boa equipa, e estou convencido que o Benfica vai fazer uma equipa forte com muita qualidade. Arrependimento não o tenho em nada, cada vez mais me motiva o facto de não termos passado a eliminatória, o futuro vai ser risonho mas tem de ser com trabalho e com a adaptação dos jogadores que chegaram"
Dificuldades na transição defensiva
"Os golos que o Benfica sofreu não os sofreu na transição defensiva. A equipa do Benfica quando sofre os dois golos a última linha está posicionada. Concordo que a equipa ainda não está automatizada dentro daquilo que quero defensivamente, como é normal, apesar de entre os cinco jogadores - contando com o guarda-redes - já haver um jogador que trabalhou comigo e sabe quais são minhas ideias, o que ajuda um pouco. Defensivamente ainda não estamos dentro do que queremos. Não sofremos golos de contragolpe, sofremos já com posicionamento defensivo, o que ainda é pior
Avançado
"Não pedi um avançado. O que disse era que tínhamos de ter um avançado que saiba atacar a última linha, que saiba ganhar o espaço, são jogadores que têm de ter determinadas características. O 'Sefe' e o Vinícius não têm essas características, são jogadores que jogam bem de costas, se alimentam em função dos cruzamentos, não são jogadores que saibam puxar o jogo. É uma característica que acho que com o Darwin vamos ter. Mas eu não pedi um jogador, disse que precisávamos de uma jogador com essas características. Logo no principio, quando começamos a equilibrar o plantel a solução passava por dois avançados e neste momento só contratamos um avançado. Não quer dizer que não fique assim, a conversa que tive não era a dizer que queria mais um avançado, era que destes três que tenho, temos de arranjar forma que um deles tenha características para puxar o jogo"
Com a eliminação da Champions, tem condições para pedir mais jogadores?
"Nós não estamos a pedir mais jogadores. Independentemente da eliminação a estrutura do futebol estava determinado que não ia entrar mais nenhum jogador, tirando um central. O facto de termos sido eliminados não mudou nada, zero"
Comentários "amor/ódio" do Brasil pós-eliminação
"Está enganado, é amor. 50 milhões que me amam, onde todos os jogos tinha 70 mil a gritar o meu nome. É amor. Agora, eu saí para outro projeto, para um grande clube também. Não queria falar muito nisso, porque é um clube que me marcou muito, foi onde conquistei os títulos mais importantes do mundo e ia sendo campeão do mundo. Nunca me vou esquecer, nem pelas pessoas que me trataram bem, nunca seria ingrato. Não é por estar no Benfica que vou dizer que os adeptos do Flamengo me odeiam. É o contrário, às vezes quando amamos muito... quando nos separamos podemos pensar no ódio, mas é o ter perdido aquilo que mais gostavas. Eu percebo isso perfeitamente"
Queria um Benfica a jogar o dobro ou o triplo. Em que ponto estão as exibições?
"Só fizemos um jogo, não tenho capacidade para dizer qual é o patamar onde o Benfica está. Quando eu disse que o Benfica tinha de jogar o triplo, sabem perfeitamente que se eu não pusesse a equipa a jogar o dobro ou triplo do ano passado, também não ganhava, não ganho. É a lógica natural. Se o Benfica já está a jogar nesse nível? Claro que não! O Benfica tem qualidade coletiva, estamos num clube que não falta nada, por isso tudo vai dar certo para termos uma equipa com dinâmica, com nota artística. Com trabalho, jogo a jogo.
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