Jorge Gonçalves saiu da presidência do Sporting em 1989, pouco menos de um ano depois de ter assumido o cargo. Para o seu lugar entrou o carismático Sousa Cintra, disposto a elevar a fasquia já ambiciosa do antecessor. Foi um ano agitado em Alvalade, pontuado pelas promessas das "unhas do leão", como Rijkaard, Silas, Douglas, Ricardo Rocha, Eskilsson e Rodriguez, entre outros nomes cotados para a equipa leonina.
Em entrevista ao SAPO Desporto, Sousa Cintra recorda o seu antecessor, que foi encontrado morto esta terça-feira em Angola, aos 67 anos. "Faleceu um grande sportinguista, que procurou fazer tudo pelo clube. Infelizmente, as coisas não lhe correram bem no clube por uma ou outra razão. Mas a minha postura foi sempre falar bem e nunca falar mal dos ex-presidentes. Ninguém quer ver alguém morrer, ainda mais nas circunstâncias que as notícias dizem", afirmou o antigo presidente do Sporting, em alusão ao facto de Jorge Gonçalves ter sido encontrado enforcado, numa morte onde o suicídio é apontado como a circunstância mais provável.
Sobre o legado de Jorge Gonçalves e a memória que a geração mais jovem de sportinguistas deverá ter do antigo presidente, Sousa Cintra enalteceu a "ambição" do homem que se tornou famoso enquanto despachante oficial em Portugal e Angola e cuja alcunha era "Bigodes".
"Fica marcado na história do Sporting. É certo que esteve pouco menos de um ano, cerca de onze meses na presidência, mas teve pelo menos a ambição de trazer grandes jogadores para o Sporting. Infelizmente, o Rijkaard nunca chegou a ser inscrito e a jogar no Sporting. Logo ele, que era um grande jogador naquele tempo. No entanto, isso já é passado", disse, sentenciando: "Quero apenas apresentar as minhas condolências à família de Jorge Gonçalves".
O ‘Bigodes’, como ficou conhecido, venceu, com 62,7 por cento dos votos, uma das eleições mais concorridas da história do Sporting, a 24 de junho de 1988, apostando na campanha nas "unhas do leão", os reforços que garantiria trazer. Deixou Alvalade a 18 de maio de 1989, depois de a sua direção ter sido dissolvida por falta de quórum pelo presidente da Assembleia Geral do clube. Jorge Gonçalves ainda se candidatou às eleições de junho desse ano, mas conseguiu pouco mais de 10 por cento dos votos frente a Sousa Cintra.
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