O árbitro Jorge Ferreira vai apresentar queixa contra alguns elementos da claque do FC Porto, uma vez que acredita que estes se dirigiram ao estabelecimento do pai, em Fafe, com o intuito de “intimidar, coagir, ameaçar, insultar, difamar e condicionar".
Eugénio Marinho, advogado do árbitro, entregou um comunicado ao Diário de Notícias, que transcrevemos de seguida na íntegra.
"O clima de crispação que se vive actualmente no futebol nacional, e que é diariamente fomentado por dirigentes desportivos, comentadores televisivos que intervém em representação dos clubes denominados "grandes", treinadores e outros atores desportivos, que apoiados numa comunicação social que visa o aumento dos "shares" e a "venda" do seu produto, sem olhar a meios e consequências, coloca em causa a dignidade, a honra, o profissionalismo e a carreira, daqueles que acabam envolvidos, apenas porque por dever de ofício intervém no "espectáculo" que é o futebol.
Nesse contexto, Jorge Ferreira, conhecido árbitro de futebol, foi "protagonista", por razões que bem dispensava, na sequência de uma arbitragem que efectuou ao jogo de futebol Paços de Ferreira-Benfica.
E a verdade é que, na sequência de insinuações, de calúnias, de falsidades que, nomeadamente o ligam à Casa do Benfica de Fafe, "incendiaram" alguns sentimentos clubísticos contra a sua pessoa, ao ponto de um grupo conhecido por integrar a claque dos "Super Dragões", se ter dirigido a Fafe, ao restaurante propriedade do seu pai, com o intuito de intimidar, coagir, ameaçar, insultar, difamar e condicionar Jorge Ferreira.
Nesse contexto e após tudo quanto entretanto se referiu, quer Jorge Ferreira, deixar expresso o seguinte:
1-Está de consciência absolutamente tranquila quanto às arbitragens que ao longo da sua carreira efectuou, sendo que reconhece, como não poderia deixar de o fazer, que cometeu erros, os quais nunca o foram de forma intencional;
2-No jogo Paços de Ferreira-Benfica, efectuou a arbitragem nos termos e nos modos que todos puderam verificar, sendo que as suas decisões, sempre tomadas no ínfimo momento que possui para decidir, foram de acordo com a análise que efectuou dos respectivos lances;
3-Não é nem nunca foi sócio fundador ou de outra qualidade, da Casa do Benfica de Fafe, que dista apenas umas dezenas de metros do estabelecimento de restauração propriedade do seu pai;
4-Enquanto árbitro, Jorge Ferreira, não é nem e nem pode ser adepto de nenhum clube;
5-Jorge Ferreira repudia de forma veemente todas as declarações prestadas nos órgãos de comunicação social, pelos comentadores que levianamente se referem à sua pessoa, sem o conhecerem e fazendo afirmações falsas, que de forma evidente contribuíram para o episódio do dia de ontem e que podem continuar a contribuir para a degradação do futebol nacional;
6-É momento de "calarem" aqueles que usam os órgãos de comunicação social para nos "brindarem" com os vergonhosos espectáculos de insultos, de falsidades e de poucas vergonhas, que vão transmitindo aos mais jovens sentimentos perversos, que têm que ser combatidos;
7-É também momento, para que os clubes de uma forma séria, digam de uma vez por todas se concordam com o comportamento dos elementos que compõem as suas claques, que recorrentemente ameaçam e tentam coagir, árbitros de futebol, onde Jorge Ferreira se inclui;
8-Relativamente a uns e a outros, Jorge Ferreira, nos próximos dias, conjuntamente com os seus advogados, irá ponderar o comportamento a adoptar, designadamente se vai recorrer à via judicial, para defender a sua integridade física, a sua honra, a sua dignidade e a sua carreira profissional, de que tanto gosta e pela qual diariamente luta;
9-Reafirma a todos que sempre desempenhará as suas funções como árbitro, com o maior zelo e diligência que lhe for possível, e que nunca agirá com o intuito de prejudicar qualquer que seja o clube;
10-Por fim, Jorge Ferreira, acredita que este clima irá naturalmente desanuviar-se, se todos, mas todos os que amam o futebol e o desporto em geral, deixarem de pactuar (mesmo quando o seu clube está em causa), com formas provocatórias e difamatórias, que a ninguém servem.
11-Haja coragem para acabar com a maledicência, que se tem tornado um "vício" sobretudo televisivo. Coloquem gente respeitadora e educada a comentar o futebol, como colocam quando se trata de outros assuntos."
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