Jesualdo Ferreira recordou a sua passagem pelo comando técnico do FC Porto entre 2006 e 2010 e frisou que todos os títulos conquistados foram alcançados 'com água do Luso' e sem 'ajudas de ninguém' em referência ao processo Apito Dourado.
Em entrevista ao jornal portuense O JOGO, o experiente treinador português falou sobre a sua chegada ao FC Porto um mês depois de ter assinado pelo Boavista no início da época 2006/2007 numa fase complicada para os clubes da cidade do Porto com o processo do Apito Dourado.
"[Na fase do Apito Dourado] foi tudo ganho com água do Luso. Fomos os melhores, não houve ajudas de ninguém. Foi o momento que tive para provar o meu valor, a minha capacidade como treinador. Foi o momento de ganhar o respeito das pessoas. O FC Porto deu-me a possibilidade de eu conseguir o que sempre quis. Provar que era um dos melhores, porque essa história de ser o melhor é complicada...Eu queria ser o melhor, queria ganhar mais do que títulos. Disse muitas vezes às minhas filhas que deixaria o futebol no momento em que obtivesse o reconhecimento das pessoas pelo meu valor... [risos] Por acaso não abandonei. Depois do FC Porto, já corri mundo. Já regressei a Portugal...", começou por destacar Jesualdo Ferreira para depois 'desmontar' o mito de que nunca foi um treinador 'acarinhado' pelos adeptos portistas.
"Olhe, quando eu fui para o FC Porto venderam a ideia de que os adeptos não gostavam de mim porque eu era do Benfica. Durante o tempo que estive no Porto, nunca notei que isso fosse verdade assim. É verdade que não andava nas ruas a ouvir conversas ou a saber o que diziam de mim, mas tinha a perceção de que as pessoas me tratavam muito bem. Senti isso até ao fim da minha ligação. Os resultados obviamente que ajudam, e eu consegui bons resultados no clube, mas nunca percebi nada de hostil em relação à minha pessoa. Foram sempre muito simpáticos comigo", disse Jesualdo Ferreira para depois vincar um 'carinho' especial por um clube que lhe deu reconhecimento internacional.
"Quero muito o bem do FC Porto, para mim foi uma honra e um privilégio enorme ter treinado o clube. O FC Porto deu-me momentos inesquecíveis, como sei que dei momentos de alegrias aos adeptos, ou pelo menos dei o meu contributo para essa alegria, que é merecida, porque são incansáveis no apoio. Sim, foi sem dúvida a melhor história da minha carreira profissional", afirmou Jesualdo Ferreira.
Em relação à sua saída do FC Porto no final da época 2009/2010, Jesualdo Ferreira assume que já havia desgaste apesar de ter abandonado o comando técnico dos 'dragões' numa época em que conquistou dois títulos.
"Quatro anos é um desgaste muito grande. Nesse ano em que saí, o FC Porto ganhou a Supertaça e a Taça de Portugal, mas perdeu o campeonato. Quando eu cheguei ao FC Porto, o presidente disse-me: há dois objetivos a conseguir: um é ser campeã, o outro é passar a fase de grupos da Champions. Nos quatro anos em que estive no FC Porto só falhei o objetivo uma vez. E falhei, muito devido àquela cena do túnel, porque durante três anos a equipa foi fazendo a sua vida, que era ganhar e fazer bons negócios. Alinhei a 120 por cento", atirou Jesualdo Ferreira
"Sim, no último ano havia um desgaste grande. A cena do túnel da Luz provocou mossa na equipa, fragilizou-nos. A forma como foi julgado o processo do Hulk e do Sapunaru...ainda quiseream envolver o Helton. Não é fácil, mesmo para um treinador experimentado, lidar com isso", admitiu Jesualdo Ferreira para depois falar sobre o impacto do caso do túnel no campeonato da época 2009/2010.
"[Se a cena do túnel roubou-me o título?] Atenção que nesse ano a equipa do Benfica era forte e foi campeã com o Jorge Jesus, mas eu costumo dizer que o túnel tirou-me o tetra a mim e o penta ao FC Porto. Sem isso, as probabilidades de ganharmos o título eram iguais como foram nos anos anteriores. Jogávamos muito bem, um futebol de ataque, como eu gosto que as minhas equipas joguem. Até podia perder o título, mas perdê-lo naquelas condições não foi a coisa mais bonita que aconteceu no futebol português", sentenciou o experiente técnico português.
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