Ricardo Costa não ganhou para o susto quando viu o hotel onde está hospedado em Tondela ficar cercado pelas chamas. O defesa central do clube do distrito de Aveiro, juntamente com o seu colega Ricardo Moura, contaram o caos que viveram no domingo, o pior dia do ano no que a incêndios diz respeito.
"Ainda antes de chegarmos a Tondela, o autocarro foi atingido por pedaços de árvore a arder. Quando chegámos ao hotel junto do estádio as chamas aproximaram-se muito depressa. Ficou tudo a arder à volta. Eram ondas de fogo, labaredas por cima do hotel. Foi um caos", contou Ricardo Costa ao jornal Record.
O antigo jogador do FC Porto temeu pela vida, depois de ver um cenário dantesco que foi difícil de explicar.
"Estava mesmo tudo a arder, o hotel cheio de fumo e os alarmes a tocar. Tivemos de fugir para a cave com toalhas molhadas a tapar a cara. Esse era o plano B; o C era mesmo mandarmo-nos para dentro da piscina. Estava tudo cercado pelo fogo, não tínhamos qualquer hipótese de fuga. Foi um stress tremendo, estava um calor incrível, mais de 30 graus, muitas cinzas, um cheiro muito forte", concluiu.
Os bombeiros e os responsáveis pelo hotel ajudaram a proteger as pessoas, mas também alguns bens que inspiram mais cuidado: automóveis na garagem e algumas botijas de gás.
As instalações do clube também sofreram e muito com as chamas. As imediações do complexo desportivo do Tondela foram consumidas durante a madrugada de domingo, tendo escapado ilesos os relvados e as instalações, informou esta segunda-feira fonte do clube 'auriverde'. De acordo com o diretor de comunicação do Tondela, Vítor Ramos, "ardeu tudo à volta" do complexo desportivo do Tondela, embora não se tenham registado, até ao momento, danos materiais.
"Estávamos com receio do campo de treinos, que era o que estava mais exposto, mas felizmente escapou. Temos os relvados e as instalações ilesas", explicou.
No regresso de Matosinhos a Tondela, depois de terem sido eliminados pelo Leixões da Taça de Portugal, os jogadores e os responsáveis 'auriverdes' passaram por alguns sustos, ao serem surpreendidos pelas chamas na A1.
"Estivemos retidos cerca de meia hora, entre Albergaria e a Mealhada. Acabámos por sair em direção à A25, em Albergaria, onde achávamos que estaríamos mais tranquilos, mas, ao chegar a Talhadas, começámos a vislumbrar clarões muito extensos no horizonte", descreveu.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 36 mortos, sete desaparecidos e 62 feridos, dos quais 15 graves, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.
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