Numa prova que arranca na sexta-feira e fecha em 28 de maio de 2023, com uma ímpar paragem de 13 de novembro (13.ª jornada) a 28 de dezembro (14.ª) para a realização do Mundial, os portistas saem da ‘pole’ na sexta época sob o comando de Sérgio Conceição, o técnico com mais tempo no cargo entre os 18 participantes.
Apesar de ter tido, mais uma vez de ‘engolir sapos’, Conceição, de 47 anos, continua a liderar os ‘azuis e brancos’, agora em busca de algo que nunca conseguiu, a revalidação do cetro – venceu intercaladamente em 2017/18, 2019/20 e 2021/22.
Para o conseguir, já não terá do seu lado vários jogadores ‘chave’ na ‘dobradinha’ da época passada, casos do central Mbemba (31 vezes titular na I Liga 2021/22), Vitinha (27) e Fábio Vieira (seis golos e 14 assistências), sendo que também o seu filho Francisco Conceição partiu, com polémica, para o Ajax e o guarda-redes suplente Marchesín rumou ao Celta de Vigo.
O técnico luso não gostou - nem podia -, mas, ainda assim, sabe que mantém uma ‘espinha dorsal’ que dá todas as garantias, no guarda-redes Diogo Costa, nos defesas João Mário e Pepe, nos médios Uribe e Otávio e nos avançados Taremi e Evanilson.
A estes, já se juntaram o central David Carmo, que chegou do Sporting de Braga a troco de 20 milhões de euros, e o jovem médio brasileiro Gabriel Veron, proveniente do Palmeiras, sendo que, previsivelmente, ainda vão aparecer mais reforços.
Enquanto não chegam, também há Manafá, Marcano, Fábio Cardoso, Zaidu, Wendell, Grujic, Bruno Costa, Stephen Eustáquio, Pepê, Galeno, Danny Loader ou Toni Martínez, pelo que Conceição pode, convictamente, acreditar no ‘bi’.
Os únicos clubes que poderão impedir este objetivo, sempre o mais prioritário em cada época no FC Porto, são os ‘grandes’ de Lisboa, nomeadamente um Sporting de continuidade, na quarta época – terceira desde início – sob o comando do treinador Rúben Amorim, que foi campeão em 2020/21 e ‘vice’ em 2021/22.
Numa aposta de continuidade, os ‘leões’ são, praticamente, uma ‘fotocópia’ da época transata, ainda que com duas baixas importantes, de Pablo Sarabia (melhor marcador da equipa no último campeonato, com 15 golos), e João Palhinha.
Para colmatar estas saídas, e também a de Feddal, o Sporting foi contratar Francisco Trincão ao FC Barcelona e também Morita (Santa Clara), Rochinha (Vitória de Guimarães) e St. Juste (Mainz), além do guarda-redes Franco Israel (Juventus), que deverá começar o campeonato como titular face à lesão de Adán.
De resto, o Sporting mantém a base, de Adán a Paulinho, passando por Porro, Coates, Gonçalo Inácio, Matheus Reis, Ugarte, Matheus Nunes e Nuno Santos, mais Pedro Gonçalves, que o clube espera possa regressar ao nível de 2020/21 (melhor marcador da I Liga, com 23 golos), depois de um 2021/22 muito abaixo (oito).
Em contraponto com ‘dragões’ e ‘leões’, o Benfica aparece muito diferente, como um novo paradigma, face à contratação do treinador alemão Roger Schmidt (ex-PSV Eindhoven), o primeiro estrangeiro na Luz desde o espanhol Quique Flores (2008/09).
Além do técnico, que sucede a Nélson Veríssimo, os ‘encarnados’ também apresentam muitas modificações no plantel, com várias saídas importantes, entre as quais a do uruguaio Darwin Núñez, melhor jogador e marcador (26 golos) do último campeonato.
Da Luz, também partiram Pizzi, Seferovic, Everton, Radonjic e Valentino Lázaro, com André Almeida e Taarabt igualmente na ‘porta de sáida’.
Em sentido inverso, chegaram jogadores que parecem destinados ao ‘onze’, como Enzo Fernández (ex-River Plate) e David Neres (Ajax), mais Alexander Bah (Slavia Praga), João Victor (Corinthians), Ristic (Montpellier) e Peter Musa (Boavista), sem esquecer o ‘repescado’ Florentino (Getafe).
Ainda assim, a base - ainda que num sistema diferente, um ’4-3-3’ com pressão muito alta, com muitos jogadores na zona da bola - será muito a de 2021/22, com Vlachodimos, Gilberto, Otamendi, Morato, Grimaldo, João Mário, Rafa e Gonçalo Ramos, mais Vertonghen, Weigl, Paulo Bernardo, Yaremchuk e Henrique Araújo.
No que a candidatos ao título diz respeito, tudo de resumirá, certamente, aos três ‘grandes’, já que o Sporting de Braga, ‘rei dos pequenos’ nas últimas cinco épocas, não parece capaz de se intrometer, com Artur Jorge ao ‘leme’, em vez de Carlos Carvalhal.
Os ‘arsenalistas’ têm resistido a vender ao Benfica Ricardo Horta, o melhor marcador da sua história, mas já ‘cederam’ David Carmo ao FC Porto, em mais uma demonstração que ainda não têm 'arcaboiço' económico para evitarem vencer à ‘concorrência’.
O presidente António Salvador ainda não ‘desistiu’, mas os ‘arsenalistas’ não se têm aproximado do cetro, muito pelo contrário – ficaram a 13 pontos do campeão em 2017/18, a 20 em 2018/19, a 22 em 2019/20, a 21 em 2020/21 e a 26 em 2021/22.
Para 2022/23, Artur Jorge tem, mais ou menos, a mesma ‘mão de obra’ que tinha Carvalhal, nomeadamente Matheus, Fabiano, Paulo Oliveira, Tormena, Sequeira, Al Musrati, Lucas Mineiro, Gorby, André Horta, Castro, Rodrigo Gomes, Iuri Medeiros, Roger, Ricardo Horta, Vitinha, Abel Ruiz e Mario González.
Num plantel que também perdeu Yan Couto, de regresso ao Manchester City após cedência, são novidades Víctor Gómez (ex-Espanyol), Niakité (Metz), Borja (Alanyaspor) e Simon Banza, que na época passada marcou 14 golos no campeonato ao serviço do Famalicão.
Bem abaixo, Gil Vicente (com Ivo Vieira em vez de Ricardo Soares) e Vitória de Guimarães (com Moreno Teixeira no lugar de Pepa) tentarão repetir os lugares europeus, que Santa Clara, Famalicão, Estoril Praia (com Nélson Veríssimo em vez de Bruno Pinheiro) e Marítimo também almejam.
Em primeira instância, vão, porém, querer afastar-se dos três últimos lugares – o 16.º vai a um ‘play-off’, que nas últimas épocas vitimou Rio Ave e Moreirense, e os dois últimos, o 17.º e o 18.º, ‘caem’ diretamente.
Quanto ao restante elenco, só terá mesmo a manutenção como grande objetivo, casos de Paços de Ferreira, Boavista, o campeão surpresa de 2000/01, Portimonense, Vizela, Arouca e os promovidos Rio Ave, Casa Pia, de regresso 83 anos depois (só esteve em 1938/39), e Desportivo de Chaves.
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