Está prestes a iniciar-se mais uma edição da I Liga e para a temporada 2022/2023 os 18 clubes
participantes têm procurado reforçar os respetivos plantéis dentro de um espetro de
observação e contratação mais alargado do que era comum até há uma década.
Cada vez mais, vamos verificando que chegam jogadores de campeonatos asiáticos, dos mais variados países sul-americanos e até algumas promessas ligadas a grandes clubes internacionais. Também o mercado nacional, em particular a Liga 2 e a Liga 3, têm sido alvo da atenção dos
emblemas do escalão primodivisionário português.
São muitos os nomes atrativos que vão fazer a estreia na I Liga na presente temporada. Escolhemos 10 potenciais figuras deste campeonato que chegam das mais diferentes proveniências.
Dez estreantes para seguir com atenção durante a época
Enzo Fernández (Benfica)
Foi o reforço mais destacado do verão para os lados da Luz ou não se tratasse de um médio já
internacional A pela Argentina e cobiçado por vários clubes nas principais ligas europeias.
Estava a ser uma das referências do River Plate em 2022, conjugando argumentos técnicos,
táticos e físicos.
Enzo é um médio que pode pegar no jogo a partir de trás, mostrando recursos no passe, rodando com grande precisão para as laterais ou queimando linhas no corredor central. No futebol sul-americano, destacou-se em várias partidas pela capacidade de entrada em zona de finalização e pela fineza no remate. Sem bola, consegue condicionar os adversários numa pressão alta e tem boa leitura para entender o sítio no qual se deve colocar.
É tremendamente eficaz em boa parte das ações em que está envolvido e está em ponto de
rebuçado para ser um dos craques do nosso campeonato na época que se está a iniciar.
Gabriel Veron (FC Porto)
Um diamante em bruto para ser potenciado por Sérgio Conceição. Apesar de alguma irregularidade no percurso no Palmeiras, mostrou vários aspetos em que pode ser diferencial no futuro e confirmar o estatuto de talento pronto para o estrelato, que pareceu ter adquirido quando foi eleito o melhor jogador do Mundial sub-17 em 2019.
Veron pode jogar a partir das faixas, se bem que tenha sido utilizado também mais por dentro no Verdão de Abel Ferreira. Claramente faz mais mossa a jogar por fora, mostrando recursos em campo aberto, desde a velocidade, às desmarcações, ao critério no passe e à possibilidade de atacar zonas de finalização (embora ainda possa subir de calibre na definição).
Com o treinador português, também foi fazendo um trabalho progressivo de evolução no momento defensivo e de pressão sobre os rivais, mas é sobretudo na forma como se lança em aceleração e consegue fugir aos defesas contrários que mais se destaca. Pode ainda demorar um pouco a entrar no onze, até pelo nível da concorrência, mas tem margem de manobra para poder vir a ser importante no futuro dos 'dragões'.
Jeremiah St. Juste (Sporting)
O reforço mais caro da época leonina chegou credenciado do Mainz, da Bundesliga. O antigo internacional jovem neerlandês custou 9,5 milhões de euros e pode vir a acrescentar muito ao trio de centrais habitualmente apresentado por Rúben Amorim.
É um jogador que sabe construir a partir de trás, com o pé direito, mostrando critério no passe e até algum à vontade a conduzir a bola por alguns metros. Em termos defensivos, destaca-se pelo impacto físico e pela rapidez, podendo ganhar na frente aos avançados ou fazendo coberturas no 'timing' certo, quando não está demasiado fora de posição. Perante adversários com mais argumentos técnicos na jogada individual, pode ficar um pouco exposto.
É multifuncional (já passou pela lateral direita e pela posição de trinco) e tem rotinas a jogar numa defesa a três. Não foi barato, mas pode tornar-se rapidamente num ativo rentável para o clube de Alvalade.
Victor Gómez (SC Braga)
O substituto de Yan Couto chega emprestado pelo Espanyol. Depois de uma temporada de altos e baixos no Málaga, no segundo escalão do futebol espanhol, chega para provar valor e mostrar o porquê de ser chamado com regularidade aos sub-21 de «nuestros hermanos» (já depois de um percurso bastante sólido nas seleções jovens, com algumas conquistas inclusivamente).
É um lateral de propensão ofensiva, oferecendo largura e profundidade e qualidade no cruzamento para a área. Sendo destro, tem boa técnica para usar o pé canhoto como recurso, o que o ajuda quando faz movimentos interiores. Pode jogar numa linha de 4 ou de 5 e defensivamente pode ajustar melhor alguns posicionamentos, sobretudo quando sobe no terreno de jogo. Pode ser uma das revelações do campeonato.
Jota Silva (Vitória SC)
Uma das novidades mais entusiasmantes para a nova temporada de I Liga. Chega do Casa Pia, depois de ter sido um dos protagonistas maiores da subida do emblema lisboeta ao escalão principal (sobretudo na primeira metade da época).
Formado no Sousense e com salto posterior para o Paços de Ferreira, destacou-se nos escalões inferiores (antes dos casapianos, esteve no SC Espinho e Leixões) pela velocidade, qualidade técnica e capacidade de aproximação às zonas de definição. Solta-se bem da marcação, partindo do flanco esquerdo, mas navegando sobretudo em zonas interiores. Lê bem o jogo, oferece muito à equipa no último passe e tem poder de remate.
Por vezes, se a bola não lhe chega, parece ficar algo escondido no jogo, mas se a equipa o encontrar com frequência no último terço, ele vai saber o que fazer à «redondinha». Em Guimarães, as expectativas são altas e com razão de ser!
Rui Gomes (Portimonense)
Outro estreante no escalão principal, chegado de uma época de bom nível no Sporting da Covilhã e pronto para fazer com que quem segue a I Liga fique a conhecer a sua refinada canhota. No último ano até começou a temporada no Legia, mas destacou-se na segunda metade do campeonato ao serviço dos Leões da Serra.
Com passado ligado aos escalões de formação de Benfica, SC Braga e Vitória SC, este extremo pode jogar a partir das duas faixas, potenciando movimentos interiores – à procura do pé esquerdo – quando joga a partir da direita e avançando mais pela linha quando joga no flanco oposto. Sabe cruzar, tem bom jogo associativo e procura combinações curtas para depois arrancar até à área. Tem também aceleração e remata com qualidade nas imediações da baliza contrária.
Chegou e viu-lhe ser atribuída uma cláusula de 40 milhões de euros, uma espécie de sinal das expectativas que os dirigentes algarvios têm depositadas neste minhoto de gema.
James Léa-Siliki (Estoril)
Outrora uma grande promessa do Rennes, acabou por perder continuidade no emblema da Bretanha e na época passada somou uma desilusão adicional à carreira, com apenas 11 partidas disputadas no empréstimo ao Middlesborough.
Internacional pelos Camarões, esteve na última edição da CAN (atuou em quatro partidas) e passou nas camadas jovens do PSG e do Guingamp. Léa Siliki é um médio de zona central, que prima pelo físico e ajuda na saída de bola (de pé esquerdo). Não é um elemento de grande criatividade e por vezes mostra ímpeto em demasia quando procura discutir lances.
Veremos se recupera a aura de há quatro temporadas, quando era indiscutível no meio-campo do Rennes e se destacava pelo equilíbrio que dava à equipa (à época, chegou até a ser associado ao FC Porto).
Takahiro Kunimoto (Casa Pia)
Talento à vista para os lados de Pina Manique. Chega ao futebol português um dos elementos mais criativos e dotados tecnicamente que passaram nos últimos cinco anos pelos relvados do campeonato da Coreia do Sul, a K-League.
Primeiro no Gyeongnam e depois no Jeonbuk Motors, no qual foi orientado por José Morais, Kunimoto mostrou variadas qualidades, com nível alto no passe, na produção na segunda linha do meio-campo e nas imediações da área adversária, apostando igualmente no pé canhoto para atirar à baliza (com interessante taxa de eficácia).
Pode cair mais nos dois flancos ou atuar mais por dentro, perspetivando-se que seja o substituto de Jota Silva na dimensão de talento puro e capacidade de resolução individual. Teve problemas disciplinares no Motors e esse é um fator a ter em conta na avaliação desta chegada de certa forma inesperada à I Liga portuguesa.
Teve problemas disciplinares no Motors e esse é um fator a ter em conta na avaliação desta
chegada de certa forma inesperada à I Liga portuguesa.
Tomás Domingos (Santa Clara)
Apesar da lesão e dos constrangimentos da pré-temporada (com acidente ligeiro de viação incluído), tem tudo para ser um dos laterais-direitos revelação do campeonato 2022/23.
Conjuga argumentos na marcação defensiva e no desarme com disponibilidade para se envolver em ações de apoio atacante, revelando dotação técnica para conduzir, distribuir (por vezes, até mais por dentro) e cruzar para a área.
Tem sentido posicional, tanto no momento ofensivo como defensivo e boa leitura de jogo. Merecia o salto para o escalão principal e pode continuar a crescer até chegar a um patamar ainda maior.
Arthur Sales (Paços de Ferreira)
Atacante brasileiro, da formação do Vasco da Gama, chega cedido pelo City Group, por intermédio dos belgas do Lommel SK (clube pelo qual apontou oito golos e deu duas assistências em 2021/22).
Tem estatura, é rápido, ágil, ataca espaços com precisão e finaliza bem, habitualmente de pé esquerdo. Mostra utilidade nos apoios e também sabe pressionar sem bola. Pode jogar mais a partir da faixa direita, mas é na zona central que parece sentir-se mais confortável. Tem tudo para ser um reforço adequado ao modelo de jogo de César Peixoto.
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