A Benfica SAD teve um prejuízo de 17,4 milhões de euros na temporada 2020/21. É o regresso ao 'vermelho' nas contas da sociedade, algo que não acontecia desde 2013. De recordar que nas últimas sete temporadas o Benfica teve sempre lucros superiores a 14 milhões de euros. Este é o pior balanço comercial da Benfica SAD nos últimos 10 anos.

Nas contas prestadas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o clube da Luz adianta que houve um decréscimo de 32,8 % nos rendimentos operacionais, bem como a descida a nível de rendimentos com transações de direitos de atletas para 100 milhões, destacando-se aqui a transferência de Rúben Dias para o Manchester City.

O Benfica justifica este regresso aos resultados negativos com os "impactos da COVID-19, para além da não participação na Liga dos Campeões e do forte investimento realizado no plantel de futebol".

Os rendimentos operacionais chegaram aos 94 milhões de euros - contra quase 140 milhões no exercício anterior -, o que se justifica essencialmente "pela inexistência de receitas de 'matchday', devido à realização de jogos sem público, e pela redução dos rendimentos com prémios distribuídos pela UEFA". Uma quebra de 46 milhões de euros.

As receitas de bilheteiras foram apenas de 459 mil euros, os piores de sempre, e dizem respeitantes à venda de bilhetes para o jogo em casa com o Standard Liège, da fase de grupos da Liga Europa (apenas vendidos bilhetes para 7% do estádio da Luz)

Mesmo com a vultuosa 'venda' de Rúben Dias ao Manchester City, a rubrica de alienação de direitos de atletas cai dos 145 milhões para os 100 milhões de euros.

"Os rendimentos totais ascendem a 204 milhões de euros, sendo de realçar que num exercício marcado pela inexistência de receitas de jogos [...] e pela não participação na Liga dos Campeões, a Benfica SAD conseguiu ultrapassar a fasquia dos 200 milhões de euros, correspondendo ao quarto melhor exercício de sempre" destaca o comunicado enviado à CMVM. Há um ano, esse valor tinha sido de 294,4 milhões.

As receitas de TV ficaram-me pelos 65,7 milhões de euros, uma quebra de 21,6 ME em relação a 2020/21. Uma quebra que se explica também pela não participação na fase de grupos da Liga dos Campeões.

O ativo ascende agora a um valor de 523,3 milhões de euros, o que representa um crescimento de 7,4%, enquanto o passivo atinge um valor de 379,6 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 16,5%. Este aumento justifica-se pelos empréstimos obrigacionista que o clube contraiu em 2021. No exercício de 2019/20, o Benfica não tinha empréstimos obrigacionistas: tinha reembolsado dois, 25 milhões e 48,4 milhões de euros, respetivamente, meses antes do fecho das contas.

O valor da dívida líquida da Benfica SAD ascende a 100,9 milhões de euros, o que representa um aumento de 8,8%, "mas que corresponde ao segundo valor mais baixo dos últimos dez exercícios", segundo a SAD.

Quanto ao capital próprio, decresce 10,9%, para 143,7 milhões de euros. Esse valor, para a SAD, "continua a ser um indicador muito positivo, sendo inclusivamente o segundo montante mais elevado de sempre apresentado pela sociedade, que recuperou um valor acumulado de 167,5 milhões de euros do seu capital próprio desde 30 de junho de 2013".

Um dos pontos que pode explicar, em parte, os resultados negativos, são os gastos operacionais. Benica teve gastos operacionais de 206 milhões de euros na época 2020/21, números quase semelhantes ao exercício anterior (211 ME). A SAD teve um aumento de 12 milhões de euros nos custos com remunerações fixas e variáveis, que passaram para os 100 milhões de euros.