Continua a troca de palavras entre membros da atual direção do Sporting e a anterior, presidida por Bruno de Carvalho. Na última Assembleia-geral dos 'leões', da passada terça-feira, Carlos Vieira, que era responsável da área financeira da SAD do Sporting durante o 'reinado' de Bruno de Carvalho, não era gostado da forma com tudo decorreu.

De acordo com o jornal 'Record', Varandas terá questionado Carlos Vieira sobre o protocolo assinado com o Batuque Futebol Clube, de São Vicente, Cabo Verde.

Esta quinta-feira, na rede social Facebook, Carlos Vieira esclareceu sobre o que terá acontecido na AG, explicando que o factos referidos pelo Record não correspondem a realidade.

Carlos Vieira sublinhou que está a ponderar avançar com uma queixa-crime contra Francisco Salgado Zenha e a atual direção do Sporting.

Eis o post de Carlos Vieira

"Repondo a verdade dos factos.

Não tenho por hábito comentar ou divulgar factos que decorram em reuniões importantes e formais, que existem para se debater de uma forma sã e equilibrada a realidade das instituições respetivas. Hoje, no jornal Record, vem uma notícia que é escrita sem menção de fontes (declaradas ou anónimas), fazendo uma descrição dos factos que, não correspondendo à verdade, e estando escrita como se tal fosse, me obriga à referida reposição dos factos:

Facto 1. No período de perguntas e respostas relativamente ao ponto sobre a aprovação do relatório e contas da Sporting SAD para a época 2018/19, questionei o Conselho de Administração sobre os seguintes temas: i) porquê da inexistência, até à data, de divulgação sobre transações de jogadores após fecho do mercado de verão; ii) qual a razão pela qual a Sporting SAD deixou de publicar dados sobre os custos com financiamentos (quando até os seus principais concorrentes apresentam o seu custo médio de financiamento) e qual era esse mesmo custo; e iii) quais os gastos com treinadores (entre salários, indemnizações e gastos com contratação) que estavam na rubrica de gastos com o pessoal. Foram-me dadas respostas por parte do Dr. Francisco Salgado Zenha, no fim das quais o Dr. Frederico Varandas me interpelou perguntando-me sobre a razão para o protocolo com o Batuque. O Senhor Presidente da MAG, Dr. Bernardo Ayala, interveio e afirmou que aquela atitude era altamente irregular, pois quem estava sob escrutínio era o Conselho de Administração e disse-me que eu era livre de responder, mas que não iria permitir outra intervenção como aquela ao Conselho de Administração. Relativamente ao Batuque, afirmei que o que tinham transmitido ao Dr. Frederico Varandas era mentira e que sempre estive disponível para todos os esclarecimentos, nunca tendo sido contactado para prestar os mesmos, em qualquer momento, desde a minha saída da Administração da SAD em junho de 2018. Expliquei a importância deste e de outros protocolos semelhantes, que a Sporting SAD tem com outros clubes, perfeitamente divulgados no Relatório de Sustentabilidade publicado em 2018. E que, basicamente, os pagamentos feitos, similares aos de outros protocolos, visavam garantir o direito de preferência de todos, repito, TODOS os atletas dos escalões de formação de um clube que tem, cronicamente, ganho campeonatos nas camadas jovens (e que, já agora, é filial do Clube de Futebol “Os Belenenses”), e que parte do pagamento visava dar a possibilidade ao Batuque de poder recrutar outros atletas jovens a clubes concorrentes. Disse que pela informação existente, o protocolo se mantinha (e bem, a meu ver), pois nunca tinha sido comunicada a sua rescisão.

Facto 2: Quanto à questão relativa ao alegado foco de tensão com o Dr. Francisco Salgado Zenha, a questão é simples e custa-me transmiti-la aqui, mas entendo que o devo fazer. Como durante diversos momentos na AG, após interpelações de acionistas (além do Dr. Manuel Reis, como vem citado no artigo do Record), quer o Presidente, quer o CFO respondiam tratando os mesmos por “tu”, e de o CFO ter mencionado que não concordava que os Administradores “comessem” (sic) dos prémios dos jogadores, adicionado ao facto de, em determinado momento, o Presidente do CA ter dito que havia “promiscuidade” (sic) na relação entre o Clube e a SAD, pedi a palavra, tendo dito que, em primeiro lugar, era inaceitável que uma AG de uma sociedade cotada fosse marcada para as 20h e que, portanto, os termos que ali estavam a ser utilizados só seriam explicáveis pelo cansaço dos intervenientes. Em segundo lugar critiquei as expressões utilizadas na comunicação social pelo CFO, como, por exemplo, quando afirmou que se estivesse “à rasca” vendia um jogador, e que entendia que devia haver uma pose mais institucional. Em resposta a esta minha intervenção, o Dr. Francisco Salgado Zenha leu parte de um comunicado que o Conselho de Administração de que fiz parte publicou na CMVM, e afirmou de seguida que os membros desse Conselho tinham sido responsáveis pelo ataque à Academia de Alcochete e pelas subsequentes rescisões dos jogadores. Pedi a palavra, para defesa da Honra e disse que aquela afirmação mereceria uma queixa crime e que naquele momento o Dr. Francisco Salgado Zenha não tinha honrado os apelidos que ostentava. E ali acabou a minha intervenção.

Assim, após o que considero uma manipulação da verdade e a inclusão de mentiras na notícia de hoje, irei solicitar ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Sporting SAD cópia da ata da AG da passada 3ª feira e do áudio relativo à 2ª parte do presente texto, e avaliar eventuais passos legais a dar.

E, sempre, mas sempre, Viva o Sporting Clube de Portugal!