O guarda-redes Gabriel Batista, homem do jogo frente ao FC Porto (1-1), afirmou hoje que a “força coletiva” do Santa Clara ficou demonstrada no Dragão e apelou à luta contra o racismo após ser alvo de insultos.

“[Ser homem do jogo] significa o coroar do trabalho individual e prova que o nosso coletivo é muito forte. Ao longo do jogo, a equipa foi muito forte e demonstrou estar preparada para fazer o que deveria ser feito e pontuar num estádio muito difícil. Fizemos história”, afirmou o guardião em declarações à agência Lusa.

No domingo, o Santa Clara empatou a uma bola com o FC Porto no estádio do Dragão, com Gabriel Batista a ser o ‘herói’ da partida ao defender um penálti de Galeno (que já tinha falhado outra grande penalidade) nos momentos finais da partida da 19.ª jornada da I Liga de futebol.

Foi a primeira vez que os açorianos não saíram derrotados do terreno dos ‘azuis e brancos’ num total de 12 jogos.

Para Gabriel Batista, a partida deixou patente a “força coletiva” e a “resiliência defensiva” do Santa Clara.

“Já demonstramos que quando estamos 100% focados e concentrados somos uma equipa muito forte e uma equipa muito difícil de ser batida”, vincou.

Após o jogo, o atleta de 26 anos denunciou nas redes sociais uma ameaça de morte, acompanhada de expressões racistas, situação que levou o Santa Clara a repudiar os “comentários racistas e xenófobos” dirigidos ao guarda-redes e ao portista Galeno.

Na primeira vez que se pronuncia publicamente sobre o assunto, Gabriel Batista lembra que o desporto deveria ser um momento de inclusão e que o racismo é crime.

“Deixa-me muito triste que essas coisas ainda aconteçam. Infelizmente, na vida, isso não deveria acontecer. O desporto é um momento de inclusão. Todos tentam participar. Entendemos a frustração do torcedor [adepto] e ela pode ir até certo ponto. Quando passa disso, racismo é crime”, salienta.

O guardião expressou, também, solidariedade com Galeno, que foi alvo de insultos racistas após o encontro.

“Queria expressar a minha solidariedade com o Galeno e com todos outros atletas que sofrem isso. Não só aqui em Portugal, isso acontece em qualquer lugar do mundo. Essa é uma luta que temos de continuar a travar. É inadmissível”, reforça.

Apesar de ter defendido o penálti e assegurado o empate para os açorianos, Gabriel Batista não se considera especialista naquele tipo de lances, mas lembra que já partilhou o balneário com Diego Alves, antigo guardião do Flamengo conhecido por defender penáltis.

“Para nós, guarda-redes, é preciso tentar manter ao máximo a tranquilidade e a frieza, porque o penálti é um momento de guerra psicológica entre o avançado e o guarda-redes. Quem conseguir induzir o outro e fazer o que quer vai sair com vantagem”, explica.

Recordando o momento decisivo da partida, Gabriel Batista destaca que procurou afastar-se da discussão motivada pela marcação da grande penalidade de forma a “concentrar-se somente em defender o penálti”.

“O segredo é estar concentrado e esquecer ao máximo o que está a vir de fora. Concentrar a 100% no que tem de ser feito. Concentrar dentro do campo. A nossa equipa consegue fazer isso muito bem”, enaltece.

Gabriel Batista chegou ao Santa Clara na época 2022/23 e tem sido uma das figuras da temporada do conjunto comandado por Vasco Matos, que está em quinto lugar no campeonato.