Isabel Trigo Mira, ex-dirigente e figura emblemática do Sporting, considerou hoje o cenário de eleições antecipadas como uma «solução de bom senso» e defendeu como essencial o futuro presidente «ter mão» e «perceber de futebol».
«Porque termos um presidente que é uma joia, que é ótimo, tem tudo, mas que depois não percebe nada de futebol e tem que o entregar a outra pessoa, automaticamente aquilo que é o motor do clube não fica com ele», defendeu Isabel Trigo Mira à agência Lusa.
A ex-dirigente leonina considerou que, nesta altura, está-se mais a jogar com o coração do que com a cabeça e mostrou-se receosa que esta situação cegue a família sportinguista na altura de optar pelo sucessor de Godinho Lopes.
«Tem que ser uma pessoa que ame muito o clube, que ligue aos sócios, com lucidez, porque muitas vezes nós, sócios, queremos coisas que não podem ser feitas, mas ao mesmo tempo que tenha mão e que perceba de futebol», defendeu.
O cenário de eleições antecipadas é bem visto por Isabel Trigo Mira, dada a situação insustentável a que o clube chegou, com uma situação financeira complicada e muito difícil de governar.
«Isto não podia continuar assim. Felizmente os órgãos sociais do clube tiveram o bom senso de arranjar esta solução que, para mim, foi a melhor de todas, dado que não havia ambiente para fazer uma Assembleia Geral no sábado», sustentou.
Para Isabel Trigo Mira, o Sporting é um clube muito especial, «em que as pessoas gostam muito de falar para fora», algo que não vê acontecer nos outros clubes.
«É um clube difícil de governar. Está mal, deve muito dinheiro, toda a gente diz que está difícil, mas felizmente que já apareceram muitas pessoas a ser candidatas à presidência», admitiu.
Quanto ao futuro presidente do Sporting, e fazendo já um levantamento dos putativos candidatos, Isabel Trigo Mira defende que a quantidade de nomes avançados nos últimos dias pode ser prejudicial.
«É mau haver muitos candidatos, porque vai gerar dispersão de votos e um presidente do Sporting, e já se viu por este último, tem que ter o apoio dos seus associados. O presidente que for eleito vai ser o que somar mais votos, mas não o que toda a gente quer», disse.
Quantos aos potenciais candidatos que se perfilam para suceder a Godinho Lopes, Isabel Trigo Mira admitiu que é amiga de praticamente todos, mas que ainda nenhum lhe encheu as medidas.
«Para mim é muito difícil optar por A, B ou C. Cada um tem a sua especificidade e cada um conhece o clube à sua maneira e o futebol nacional de forma diferente», defendeu a ex-dirigente leonina.
Isabel Trigo Mira sustentou que há candidatos bons numas áreas, outros noutras, quer sejam desportivas, administrativas ou financeiras, mas que, infelizmente, não há nenhum que se afigure como completo e reúna as suas preferências.
«Ainda não vi nenhum que diga benza Deus é neste que vou votar», desabafou Isabel Trigo Mira, que apesar de amar incondicionalmente o clube afirmou não estar disponível, caso fosse convidada, para desempenhar qualquer cargo ou função.
Figura incontornável do Sporting, Isabel Trigo Mira, sócia número 6508, iniciou funções a 2 de junho de 1995 como vice-secretária da Mesa de Assembleia Geral, presidida por Miguel Galvão Teles.
Posteriormente, entre 25 de outubro de 1996 e 12 de julho de 2002, foi vogal dos Conselhos Diretivos presididos por José Roquete e Dias da Cunha, e de 2002 a 2006 foi membro do Conselho Leonino, tendo acumulado ainda o cargo de presidente dos Leões de Portugal, de 2005 a 2006.
Prémio Stromp em 1997 (Dedicação do Ano) e Leão de Ouro em 2006, desenvolveu um trabalho reconhecido no aproximar e estreitar de relações entre o Sporting e os seus núcleos e sócios, tendo inclusivamente iniciado os Encontros Nacionais de Núcleos.
«Já dei o que tinha a dar ao meu Sporting, com muito amor, dedicação, paixão e estou cá para ir para o estádio, berrar, acompanhar as modalidades e visitar os núcleos, que é a parte mais pura do clube, mas integrar uma lista não», confidenciou.
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