O ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho considerou hoje que o resultado do trabalho de Rui Pinto, divulgando documentos confidenciais do mundo do futebol e alegados esquemas de evasão fiscal através da plataforma ‘Football Leaks’, foi “espantosamente bom”.
“Temos de compreender que se o que fez não foi muito bom, o resultado foi espantosamente bom”, disse Bruno de Carvalho à saída do Tribunal Criminal de Lisboa, admitindo que o tribunal terá “um trabalho complexo” em relação à forma como foi recolhida a informação,
Bruno de Carvalho, que foi ouvido como testemunha na 13.ª sessão do julgamento do caso ‘Football Leaks’ considerou que “o que Rui Pinto apurou foi muitíssimo importante para Portugal e para outros países”.
“Acho que devido à relevância das provas [a justiça] devia olhar para o caso e chegar a um acordo”, disse o antigo presidente leonino, acrescentando: “Espero não ver que estas provas não tenham legalidade pela forma como foram obtidas”.
Bruno de Carvalho, que em tribunal anunciou ter desistido de uma queixa-crime que apresentou contra Rui Pinto por violação de correspondência, deu os parabéns ao arguido por ter tido “uma iniciativa que mexeu com o mundo”.
“Em termos de filosófica orientação e estratégia fico contente que um miúdo de 30 anos tenha tido uma iniciativa que pôs o mundo a olhar para sistema bancário, político e desportivo”, afirmou, após ter terminado o seu testemunho no tribunal.
O antigo dirigente referiu que as denúncias de Rui Pinto “sedimentaram” uma série de informação que ele próprio ajudou a denunciar, e considerou que “houve uma série de processos cujas investigações andaram mais depressa a partir do momento em que um miúdo de 30 anos fez o que fez”.
“Espero que haja muita gente e muita instituição que, perante o que ele descobriu, se sente no banco dos réus”, referiu Bruno de Carvalho, voltando a defender a ideia de que a “sociedade mundial vive com duas pandemias: a covid-19 e a corrupção”.
Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.
Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
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