O presidente da Assembleia da República (AR), Ferro Rodrigues, disse hoje que nada tem a dizer sobre as acusações feitas pelo presidente do Sporting, que numa nota enviada à Lusa o considera belicista e anuncia que lhe irá mover um processo cível.
Contactada pela Lusa, a assessoria de Ferro Rodrigues respondeu que o presidente da AR "não tem nada a dizer" sobre as declarações de hoje de Bruno de Carvalho.
O presidente do Sporting, numa nota enviada à agência Lusa, anunciou hoje que vai mover um processo contra o presidente da Assembleia da República, comentadores e jornalistas por o terem “difamado e caluniado”, após os atos de violência em Alcochete.
“Não posso aceitar que a segunda figura do Estado tenha sido mais taxativo e belicista, fazendo-me uma crítica violentíssima, não tendo a mínima noção do cargo que ocupa e da sua condição de sócio do Sporting Clube de Portugal. Será por isso um dos primeiros visados nas ações cíveis que vou mover, até pela posição relevante que ocupa na sociedade”, refere Bruno de Carvalho.
Bruno de Carvalho referia-se às declarações de Ferro Rodrigues a propósito das agressões aos jogadores da equipa principal de futebol do Sporting e elementos da equipa técnica na Academia de Alcochete.
Na quarta-feira, o presidente da Assembleia da República condenou a "situação gravíssima" de violência no treino do Sporting e apelou a "medidas sérias" da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e do Governo.
Ferro Rodrigues, em declarações no parlamento, afirmou também que "não pode ficar impune quem deu passos" no sentido da existência de "ódio, fanatismo e corrupção" no desporto, acrescentando que o ocorrido "ofende o país", referindo-se à "perversidade autoritária e totalitária" de dirigentes desportivos e de "alguma comunicação social fanática".
Na nota enviada à Lusa, Bruno de Carvalho diz ainda que irá mover ações cíveis contra todos os que considera que o têm difamado - políticos, jornalistas e comentadores.
As ações estender-se-ão a figuras públicas como Daniel Sampaio, José Maria Ricciardi ou Rogério Alves, os quais afirmaram que Bruno de Carvalho "não tinha condições de continuar a exercer o cargo", acrescentou.
O presidente do clube de Alvalade classificou como “terroristas” os atos cometidos na terça-feira e queixou-se do linchamento público de que tem sido alvo.
“Não passa pela cabeça de ninguém que o Clube ou a SAD tivessem interesse neste tipo de atos de terrorismo contra os seus, ou outros”, disse Bruno de Carvalho, sublinhando que tem "lutado com todas as forças contra a violência".
Na terça-feira, cerca de 50 pessoas, de cara tapada, alegadamente adeptos ‘leoninos’, invadiram a Academia de Alcochete e, depois de terem percorrido os relvados, chegaram ao balneário da equipa principal, agredindo vários jogadores, entre os quais Bas Dost, Acuña, Rui Patrício, William Carvalho, Battaglia e Misic, o treinador Jorge Jesus e outros membros da equipa técnica.
Na sequência da invasão à Academia ‘leonina’, a GNR deteve 23 suspeitos, apreendeu cinco viaturas ligeiras, vários artigos relacionados com os crimes e recolheu depoimentos de 36 pessoas, entre jogadores, equipa técnica, funcionários e vigilantes ao serviço do clube.
Os detidos foram já identificados, ficaram a conhecer os factos que lhe são imputados e vão começar hoje a ser ouvidos por um juiz de instrução criminal no Tribunal do Barreiro.
O Ministério Público disse na quarta-feira que os detidos pelas agressões a futebolistas do Sporting são suspeitos de práticas que podem configurar crimes de sequestro, ameaça agravada, ofensa à integridade física qualificada, e terrorismo, entre outros.
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