Fernando Gomes anunciou "negociações com um grande grupo internacional que lida com os gigantes espanhóis Real Madrid e Barcelona" para um acordo que irá permitir modernizar o Estádio do Dragão e gerar entre 60 e 70 milhões de euros. Com essa verba, a SAD azul e branca prevê ter capitais próprios positivos de 50 milhões de euros no final de 2023/24.
O responsável financeiro da SAD portista detalhou que este novo parceiro "não irá comprar participações financeiras, mas sim formar uma sociedade para a exploração da área comercial do estádio. Cria-se uma nova empresa, 70% propriedade do FC Porto e 30% do parceiro mediante o pagamento de uma importância entre os 60 e os 70 milhões de euros", detalhou, na divulgação nas contas intercalares.
"A SAD acordou com uma reputada empresa internacional, com reconhecida experiência na otimização das receitas comerciais relacionadas com grandes equipamentos desportivos, uma parceria que será consubstanciada na participação minoritária numa das empresas com os direitos comerciais do Grupo FC Porto e num investimento inicial com vista a modernizar o Estádio do Dragão, potenciando assim as receitas com ele relacionadas. Do acordo estabelecido, resultará ainda a participação financeira de um montante estimado entre os 60 e 70 milhões de euros, a realizar no 4.º trimestre deste exercício, que impactará diretamente nos capitais próprios da Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD", explicam os portistas.
Depois, Fernando Gomes explicou em que consiste a parceria.
"Se não fosse interessante para os investidores, o FC Porto não era procurado. Estes parceiros juntaram-se como sócios num negócio. Não compram participações financeiras no FC Porto, formam uma sociedade para explorar toda a área comercial do Dragão. Surgiu um incremento de receitas grande que os levou a investir no FC Porto. Temos a Porto Comercial que é a responsável pelas vendas de merchadising, as lojas, a bilhética, catering, naming, camarotes, sponsors, publicidade", começou por detalhar.
"A Porto Comercial vai ser retirada das lojas. Cria-se uma nova empresa, ainda sem nome, que é constituída por 70% do FCP e 30% do parceiro. Para entrar nesta sociedade, o FC Porto entra com o marketing, o catering, naming e bilhética e os nossos parceiros com uma importância entre 60 e 70 milhões de euros. Está a ser feita uma avaliação do valor real ainda. Estes valores serão entregues ao FC Porto em junho. O que é que isto quer dizer? Aos que nos acusaram e andaram a delapidar... Este exercício vai ainda receber no segundo semestre e pago em junho 60 a 70 milhões de euros que vão diretamente para capitais próprios. É a constituição de uma sociedade. Não antecipamos nem vendemos, estamos a criar e a acrescentar valor. Qualquer das projeções feitas demonstram que, logo no primeiro ano desta nova sociedade, os resultados garantem que 70% dos nossos valores são mais do que os 100% de hoje devido ao crescimento do negócio. No final deste exercício, teremos mais de 60 milhões de euros de capitais próprios positivos. Já aconteceu e é apenas um problema de registo contabilístico. O grande objetivo, que era passar de resultados negativos pontuais da época passada para positivos e alterar os capitais próprios está atingido. Não vai ser, está", completou.
Questionado sobre a antecipação das receitas de TV, Fernando Gomes sublinhou que "é mais um dos enormes disparates que tem sido ditos [...] por falta de informação" e detalhou que o FC Porto ainda tem "um ano liberto do contrato de direitos televisivos". "O FC Porto marcará presença no Mundial de Clubes e o prémio de participação será de 50 milhões de euros", relembrou Fernando Gomes.
Na conversa com os jornalistas, Fernando Gomes aproveitou para atacar André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto, a respeito da antecipação das receitas de televisão.
"Tínhamos o objetivo de atingir capitais próprios positivos esta época e temo-los reduzido substancialmente já neste semestre. Foi logo dito que representava uma perigosa antecipação de receitas. Até foi dito pelo candidato André Villas-Boas que antecipávamos 15 anos de receitas e que já estávamos a transacionar os direitos televisivos para lá de 2028, o que nem existe. Que tínhamos comprometido todos até 2028 e estávamos a negociar para lá. Não é verdade que estejamos a comprometer receitas dos próximos 15 anos, pelo contrário. O FC Porto acaba de fazer um financiamento para antecipar direitos televisivos por mais dois anos, é verdade. Se todos diziam que já tínhamos antecipado as receitas todas, como foi possível ir buscar dois anos? Não é verdade que estejam esgotados, ainda temos um ano de direitos televisivos livres. Por que antecipámos? Por causa da venda do Otávio, que permitiria agora descontar, contrariando as expectativas, não foi possível descontar nos bancos", detalhou.
A FC Porto SAD registou um resultado líquido positivo de 35 milhões de euros (ME) no primeiro semestre de 2023/24, contra um prejuízo de 9,891 ME em igual período de 2022/23, comunicaram hoje os vice-campeões nacionais de futebol, no Relatório e Contas Consolidado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)
Os proveitos operacionais, excluindo passes de jogadores, foram de 108 ME, numa subida de quase cinco ME, que teve incidência das receitas das provas da UEFA, apesar de ainda não refletir a progressão na atual edição da Liga dos Campeões.
Já os custos operacionais, excetuando com passes, ‘caíram’ aproximadamente seis ME, devido ao decréscimo das despesas com pessoal, que, há um ano, tinham incluído um prémio de qualificação para a Liga dos Campeões na qualidade de campeões nacionais.
Os resultados operacionais cifraram-se em 52 ME, bem acima dos 1,430 ME obtidos na primeira metade de 2022/23.
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