O movimento independente encabeçado por Miguel Brás da Cunha volta a concorrer exclusivamente ao Conselho Superior do FC Porto nas eleições do clube, no sábado, esperando robustecê-lo em dinamismo e abertura aos associados.

“Uma sessão anual é manifestamente pouco. Duas não são suficientes. Justifica-se, pelo menos, uma reunião trimestral ordinária. O Conselho Superior pode ser aquele órgão de charneira, que permita fazer a ligação entre os sócios e a direção sem quaisquer tipos de constrangimentos. Em termos qualitativos, é o trabalho que falta fazer, tirando a questão estatutária”, indicou o advogado e professor universitário, em entrevista à agência Lusa.

Com 26 homens e quatro mulheres, a lista “Por um FC Porto maior, unido, insubmisso e eclético” está assente numa “visão do portista de paixão”, refletindo um modo de atuação “claramente disruptivo” no último mandato face ao “papel formal” do Conselho Superior.

“Acreditamos que os sócios saberão reconhecer este nosso posicionamento equidistante no que à direção diz respeito e de reforço de uma caminhada iniciada há quatro anos, no sentido de dinamizar um órgão fundamental na vida do clube. Isso traduz-se de maneira muito simples: há quatro anos, a primeira pergunta era: ‘o que é o Conselho Superior?’. Felizmente, hoje já ninguém a faz”, disse Luís Folhadela Rebelo, número dois da lista D.

Em 2020, nas primeiras eleições do FC Porto com mais do que uma candidatura desde 1991, o movimento obteve 1.302 votos (16,12% do total) e atingiu pelo método de Hondt três das 20 vagas efetivas no único órgão não executivo, que reúne ainda 10 suplentes.

“Sem querer quantificar nem entrar nessas previsões, já que a realidade destas eleições será significativamente distinta das de 2020, as nossas expectativas são conseguir fazer valer a força das nossas ideias, de modo que estejamos capazmente representados e se contribua para o bem-estar do clube”, explicou Miguel Brás da Cunha, cuja eleição tinha sido ladeada por Luís Folhadela Rebelo e Avelino Oliveira, ausente da candidatura atual.

Apesar de se sentir “capaz para participar a outro nível na gestão do clube”, o grupo de associados volta a disputar apenas o Conselho Superior por uma “questão de contexto”, encarando a proximidade da concorrência às suas propostas como uma “grande vitória”.

“Há a possibilidade de, intervindo ao nível do Conselho Superior, termos um papel muito relevante naquilo que é fundamental para que o FC Porto se continue a afirmar como um clube liderante e para que possa ser ultrapassado esse clima de polarização que vemos hoje, mas que é absolutamente necessário que desapareça em 28 de abril”, enquadrou.

As candidaturas do atual presidente Pinto da Costa e de André Villas-Boas também vão concorrer ao órgão consultivo, ao contrário da lista de Nuno Lobo, tendo Miguel Brás da Cunha enaltecido como “muito saudável” a pluralidade de visões para o futuro do clube.

“Temos apenas e só um bem comum, que é o FC Porto. Há formas diferentes de pensar, mas não pode haver oposição nem fações. Espero que consigamos afirmar rapidamente aquilo que sempre foi uma força do FC Porto, que é a união dos seus associados, e que esta visão de partido político desapareça. Sinceramente, prejudica muito o clube”, notou.

Desagradado com “ataques pessoais, argumentos demagógicos e acusações a grandes referências do portismo” verificados durante a campanha eleitoral, Luís Folhadela Rebelo confia que o Conselho Superior “pode ser crucial” para explorar o potencial do FC Porto.

“Vamos trabalhar em prol da grandeza e do crescimento deste clube com quem os sócios decidirem. Somos intransigentes quanto a isto. Já bastam os inimigos que temos fora de portas para estarmos agora envolvidos em questiúnculas internas, quando, no fim do dia, todos queremos o mesmo, que são as vitórias e o crescimento deste universo”, finalizou.