Depois de quatro épocas sem conhecer o peso de um taça, com a passagem de treinadores como Paulo Fonseca, Lopetegui e Nuno Espírito Santo, eis que a aposta em Sérgio Conceição revelou-se mais do que acertada. À primeira tentativa, o antigo jogador portista conseguiu fazer o que os outros não conseguiram: levar o clube azul e branco até à conquista de um campeonato nacional.
No passado dia 05 de maio, os jogadores e equipa técnica estavam reunidos no Hotel Solverde, em Vila Nova de Gaia, para assistir ao dérbi lisboeta entre o Benfica e o Sporting. O jogo tinha razões de interesse de sobra, mas o que todos esperavam era um empate, desta forma o FC Porto seria automaticamente campeão nacional, uma vez que ficaria com quatro pontos de avanço e os clubes lisboetas teriam apenas uma oportunidade de conquistar três pontos. E assim foi. Com o apito final no Estádio de Alvalade, e o 0-0 como resultado final, os jogadores começaram a festejar...
Horas depois, um pequeno incêndio deflagrou na casa das máquinas da unidade hoteleira, onde estava instalada a equipa. Com uma nuvem de fumo a sair da garagem e de um canteiro, a GNR decidiu afastar os milhares de adeptos que festejavam o título junto ao hotel. Por precaução foi cortada a eletricidade na unidade hoteleira e o autocarro dos 'dragões' foi retirado da frente do hotel.
Entre capas de estudantes, turistas e cachecóis ‘azuis e brancos', milhares de pessoas festejaram o 28.º título de campeão português na Avenida dos Aliados, no Porto. Nas redes sociais, vários jogadores partilharam imagens da festa, que se estendeu a várias cidades portuguesas (e pelo mundo), com milhares de adeptos a saírem à rua.
Mas não foi só no centro nevrálgico da Cidade Invicta que se sentiu a alegria portista. A 300 quilómetros mais a sul, na capital Lisboa, os adeptos portistas também saíram à rua para festejar o título, mesmo sabendo que se encontravam em território inimigo.
No dia seguinte, 06 de maio, dia do FC Porto receber o Feirense na penúltima jornada, na chegada ao Dragão, a euforia instalou-se, com o autocarro que transportava a equipa conseguir ‘furar', com alguma dificuldade, pela multidão, que desde o início da tarde se começou a concentrar junto ao recinto. Além dos cânticos alusivos à conquista do título nacional, houve também as habituais provocações ao rival Benfica, assim como palavras especiais para o técnico Sérgio Conceição e o presidente Pinto da Costa.
Em clima de grande festa, o Estádio do Dragão, com lotação esgotada, vestiu-se a preceito para receber a equipa. Os jogadores entraram no relvado todos juntos para o aquecimento, tendo ido ao centro do relvado agradecer o apoio dos adeptos, ao som dos cânticos "o campeão voltou". Ao contrário do que é habitual quando os Dragões vencem o título nacional, os atletas não entraram em campo com os cabelos pintados de azul e branco. Os jogadores do FC Porto entraram em campo já com as camisolas de campeões nacionais de 2017/18.
Depois do apito final na vitória diante do Feirense, por 2-1, os jogadores recolheram ao balneário, e a cerimónia de entrega do troféu e das medalhas começou com a entrada no relvado de Pedro Proença, muito assobiado, seguindo-se logo a seguir, uma ‘chuva’ de aplausos e uma ovação de pé quando foi anunciado o nome do presidente dos Dragões, Pinto da Costa.
Durante a chamada individual dos futebolistas, destaque para os mais ovacionados Brahimi, Marega, Alex Telles, Herrera, Danilo Pereira, ainda a recuperar de lesão, tal como Diogo Dalot, que entrou de muletas, com o maior grito de apoio a ser ouvido quando surgiu Sérgio Conceição.
Antes disso, quando terminou o encontro, a equipa técnica de Sérgio Conceição abraçou-se em grupo e comemorou a conquista, antes de se juntar aos futebolistas, que já iam marcando o ritmo junto à claque. Iam sendo travados alguns adeptos que tentavam invadir o campo, sendo que dois conseguiram mesmo chegar perto do técnico portista e abraçar o ‘timoneiro’, ainda antes de todo o corpo técnico e jogadores se reunirem em círculo para o discurso habitual de Sérgio Conceição.
Ainda antes de a equipa recolher aos balneários, Gonçalo Paciência pegou numa bandeirola de canto e ‘espancou’ um polvo de borracha colocado no relvado, Sérgio Oliveira chutou-o para longe e Marega completou o ‘alívio’ ao atirá-lo para a claque portista.
A noite ia fazendo-se tarde, já depois da meia noite, mas os milhares de adeptos não arredavam pé do Estádio do Dragão, até porque, cá fora, estava montado um palco improvisado, de forma a que os que não puderam assistir ao jogo, tivessem a oportunidade de ver a taça e os protagonistas.
Milhares de adeptos enchiam a Alameda, o viaduto que se situa por cima, as barracas de comida e até mesmo os camiões estacionados na rua e esperavam pelos novos detentores do troféu, ao som de cânticos, petardos, foguetes e milhares de bandeiras e cachecóis que coloriam o ar da cidade nortenha.
O primeiro a pisar a rampa foi o ‘guardião’ espanhol Iker Casillas, numa altura em que se acendiam tochas no meio dos adeptos, seguido de Maxi Pereira que festejava efusivamente a primeira conquista com os ‘dragões’ depois de ter saído do Benfica.
O capitão Herrera e o treinador Sérgio Conceição ficaram para último lugar, erguendo o troféu no ar, enquanto todo o público gritava “nós somos campeões” e os jogadores, já no palco, abriam as garrafas de champanhe, e os adeptos no viaduto, lançavam foguetes e acendiam tochas.
Falta uma jornada para o campeonato terminar, mas o título de campeão nacional já foi atribuído ao FC Porto, que assim terminou com uma série de quase cinco anos sem vencer qualquer título. A equipa de Sérgio Conceição justificou a conquista do 28.º título também com base nos números. Os Dragões chegam à 34.ª e última jornada com a melhor defesa e o melhor ataque da prova: um total de 81 golos marcados e 17 sofridos, o primeiro apenas à 5.ª jornada, na visita ao reduto do Rio Ave. De realçar que a última vez que os portistas haviam apontado pelo menos 80 golos numa edição do campeonato foi na época 1998/99. Para saber mais sobre os números do FC Porto nesta época, carregue nesta ligação.
Quase uma semana depois, a festa portista ainda terá outro ponto alto. A Avenida dos Aliados recebe, no sábado, após o jogo em Guimarães, a festa do campeão FC Porto, que irá desfilar em autocarro panorâmico cerca das 21:30, e a ser depois recebido nos Paços do Concelho. Desde 1999 que o FC Porto não se deslocava à Câmara do Porto para festejar as vitórias no campeonato nacional, designadamente nas nove vezes em que o clube foi campeão durante os 13 anos de mandato do social-democrata Rui Rio (entre 2002 e 2013).
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