O FC Porto falhou a conquista do bicampeonato ao terminar a edição 2022/23 da I Liga a dois pontos do Benfica. Com uma ponta final de grande nível, os dragões foram recuperando terreno com o passar das últimas jornadas e entraram para a derradeira ronda ainda com hipóteses matemáticas de revalidarem o título. Porém, o mal já estava feito e o sonho acabou por não se concretizar.
Os azuis e brancos terminaram o campeonato com 85 pontos, fruto de 27 vitórias, quatro empates e três derrotas. Menos seis pontos do que os 91 com que se sagraram campeões há um ano e que teriam chegado e sobrado para voltarem a fazer a festa. De nada valeram as nove vitórias nas nove últimas jornadas e os 12 jogos sem perder desde a 23.ª jornada.
Os dragões, efetivamente, até foram a equipa que mais pontos somou na segunda volta. O que de pouco lhes valeu e que mostra que o problema esteve, sobretudo, nos primeiros tempos da temporada.
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Primeira escorregadela chegou logo à 4.ª jornada
Acabado de recuperar o ceptro que havia perdido para o Sporting em 2020/21, o FC Porto iniciou a temporada com um triunfo tranquilo na Supertaça, frente ao Tondela, antes de começar a defesa do título de campeão nacional com três vitórias nas três primeiras jornadas.
Uma goleada caseira ao Marítimo (5-0) na 1.ª jornada deu o mote, seguindo-se um triunfo muito suado em Vizela (1-0 com golo de Marcano ao minuto 90) na 2.ª jornada e vitória no primeiro Clássico da temporada (3-0 na receção ao Sporting), na 3.ª jornada.
Só que, à 4.ª jornada, veio a primeira derrota. O FC Porto deslocava-se a Vila do Conde e, com uma exibição verdadeiramente para esquecer, a equipa de Sérgio Conceição chegou a estar a perder por 3-0, antes de Toni Martínez reduzir já perto do fim. Estava consumado o primeiro desaire da temporada e o FC Porto deixava fugir o Benfica (na altura embalado e a empolgar tudo e todos) para não mais o alcançar.
Derrota amarga na receção ao Benfica e à 11.ª jornada já eram dez pontos perdidos
A reação foi positiva. Na visita a um sempre incómodo Gil Vicente, na jornada seguinte, o FC Porto venceu por 2-0. Nova vitória na Jornada 6 (3-0 em casa ao Chaves), mas logo depois nova escorregadela. Na visita ao Estoril, os azuis e brancos estiveram a perder quase até ao fim, ainda evitaram a derrota (com um penálti de Taremi mesmo ao cair do pano), mas deixaram fugir mais dois pontos. Quase ao mesmo tempo, o Benfica ganhava (também com um penálti à beira do fim) ao Vizela, seguia 100 por cento vitorioso e dilatava ainda mais a vantagem no topo.
Seguiram-se triunfos sobre Braga e Portimonense, mas o pior estava para vir, à 10.ª jornada, na receção às águias. Os dragões até entraram bem no jogo, mas viram-se reduzidos a dez jogadores (por expulsão de Eustáquio) perto da meia hora de jogo e acabaram derrotados por 1-0. Há 46 anos que o FC Porto não tinha seis pontos de atraso para o 1.º classificado ao fim de dez jornadas.
O momento não era o melhor para os lados do dragão, que logo na jornada seguinte empataram nos Açores, na visita ao Santa Clara. A equipa de Sérgio Conceição até marcou cedo, mas deixou-se empatar perto do fim e ao fim de 11 jornadas eram já dez os pontos perdidos, em virtude de dois empates e duas derrotas. Na temporada transata, em 34 jornadas, tinha perdido 11...
A zeros no Jamor e o título como uma miragem
Antes da paragem para o Mundial, o FC Porto reencontrou-se, com duas vitórias (sobre Paços de Ferreira, em casa, e Boavistsa, fora). O regresso à competição também trouxe três pontos: goleada (5-1) ao Arouca.
O FC Porto somava, pela segunda vez na época, três vitórias seguidas na I Liga, mas uma vez mais não conseguiria chegar às quatro. Em vésperas de final do ano, numa noite cinzenta e chuvosa no Estádio Nacional, no Jamor, os azuis e brancos ficavam-se pelo nulo na visita a um Casa Pia que jogou toda a segunda parte reduzido a dez elementos.
Primeira tentativa de reação travada...galo
O FC Porto caía, aí, para o 3.º lugar da tabela (ultrapassado pelo Braga) e via-se a sete pontos do Benfica. Mas nos jogos que ia dar um esboço de reação.
Entre a 16.ª e a 21.ª jornadas os dragões iriam somar seis vitórias consecutivas (incluindo entre elas um triunfo em Alvalade sobre o Sporting). Era a melhor sequência de resultados na presente edição da prova até então, que permitiu reduzir a desvantagem para o Benfica para cinco pontos.
Só que, quando a campanha parecia, enfim, bem encaminhada, uma inesperada derrota caseira travou a recuperação. O FC Porto recebeu o Gil Vicente à 22.ª jornada e até marcou cedo. Só que, com uma exibição verdadeiramente para esquecer a partir daí, permitiu a reviravolta no marcador. Os gilistas empataram, João Mário foi expulso e uma grande penalidade deixou os de Barcelos em vantagem ao intervalo. O FC Porto terminaria esse encontro reduzido a nove jogadores (Uribe também foi expulso) e a oito pontos do Benfica no topo da tabela.
Série de 9 vitórias seguidas (incluindo uma na Luz) alimentou esperança, mas não chegou
Tudo parecia perdido para os azuis e brancos no que à luta pelo título dizia respeito e nem o 2.º lugar era certo, com o Braga a entrar na discussão. Depois da derrota com o Gil Vicente, o FC Porto bateu Chaves e Estoril, antes de perder pontos pela última vez nesta I Liga.
Foi na deslocação a Braga, num jogo que terminou sem golos. Os dragões ficavam a 10 pontos da liderança, a maior distância pontual entre os dois primeiros classificados nesta edição da I Liga. Isto a nove jornadas do fim.
Mas, de orgulho ferido, o FC Porto partiu então para a sua melhor sequência de resultados, com uma impressionante série de vitórias consecutivas. Uma delas - a mais saborosa e a mais importante - em pleno Estádio da Luz, à 27.ª jornada. Logo a seguir o Benfica voltava a perder, em Chaves, e os dragões viam-se a quatro pontos de distância.
A turma de Sérgio Conceição não baixou os braços, pressionou o Benfica até ao fim e, sem voltar a escorregar, obrigou a que fossem as águias a fechar as contas. Estas não o conseguiram fazer em Alvalade e a questão ficou em aberto até à 34.ª e última jornada, para a qual os azuis e brancos entraram com dois pontos de desvantagem. Uma vez mais, o FC Porto não escorregou, batendo o V.Guimarães, mas o Benfica também não e confirmou uma conquista que acabou por ser mais complicada do que se esperava.
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