Noite atípica no Dragão – para não dizer mais. Dois golos anulados, duas expulsões, bolas no ferro e um penálti contra: depois de um arranque fortíssimo, tudo aconteceu ao FC Porto que acabou derrotado pela terceira vez esta temporada na I Liga, diante de um Gil Vicente que nunca havia vencido em casa do campeão nacional. A equipa de Sérgio Conceição volta a ver a liderança a oito pontos e corre o risco de ser ultrapassada pelo SC Braga, que joga esta segunda-feira em Guimarães.
Com base nos primeiros minutos de jogo, quem poderia adivinhar o que estava para vir? Taremi regressou aos golos (e só não festejou mais cedo porque estava em posição irregular) e ainda antes dos 10' Pepê teve nos pés o 2-0 que podia ter levado a partida por outro caminho. Atirou por cima e, com isso, candidatou-se a um dos falhanços do ano. Pouco depois, Namaso rematou à trave.
O Gil Vicente agradeceu o desperdício e começou a explorar as fragilidades do corredor de Wendell. E assim chegou ao empate: servido por Tomás Araújo, Zé Carlos surgiu praticamente sozinho na direita e deu na pequena área para Fran Navarro, que só teve de encostar (27’).
A partir daí, foi o descalabro. João Mário viu o vermelho direto após intervenção do VAR, que ainda denunciou um penálti de Uribe, que Murillo não desperdiçou. A expulsão de Uribe aos 52' limitou ainda mais qualquer esboço de reação do FC Porto. Curiosamente, o Gil Vicente mostrou mais coragem a jogar contra 11 do que contra 9, e os dragões ainda ameaçaram o empate – Eustáquio chegou a introduzir a bola na baliza, mas foi apanhado em fora de jogo. Houve mesmo golpe de teatro no Dragão.
A terminar, uma palavra para Pepe, que chega aos 40 anos apresentando uma vitalidade e uma capacidade de luta invulgares. O jogo deste domingo foi exemplo disso mesmo, pela forma como galvanizou a equipa para responder à adversidade. Acabou por não ter a festa que desejava (ainda arriscou o vermelho numa entrada sobre Marlon), mas não escapou à homenagem dos adeptos, num belo momento de comunhão.
O momento
Expulsão de João Mário: O falhanço de Pepê teve o seu peso, e o FC Porto já tinha sofrido o empate, mas a expulsão de João Mário foi o sinal mais evidente de que esta seria uma noite para esquecer para os dragões. Aos 35 minutos, em nova aproximação do Gil Vicente à grande área, João Mário acabou por tocar com o braço na bola quando era o último homem da linha defensiva. Rui Costa mostrou-lhe um amarelo, mas depois de consultar o VAR mudou de ideias: transformou-o num vermelho direto que deixou o FC Porto a jogar com dez ainda antes do intervalo.
Veja o lance
O melhor
Murilo: O extremo do Gil Vicente foi o maior desequilibrador na primeira parte, com influência direta no resultado. Fez o passe que resultou no cartão vermelho de João Mário e não vacilou no momento de converter o penálti que consumou a reviravolta, apesar da intervenção de Diogo Costa. Pelo meio, ainda atirou à barra após combinação com Fujimoto.
O pior
Wendell: Quase todos os lances de perigo do Gil Vicente surgiram pelo seu lado, um dos quais resultou mesmo no golo de Fran Navarro. Nota negativa também para Uribe pela forma imprudente como deixou o FC Porto reduzido a nove elementos.
Reações
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