Ter um candidato ao título como o FC Porto a não fazer qualquer remate enquadrado com a baliza adversária nas primeiras partes de três dos quatro primeiros jogos do campeonato é algo que terá de inquietar qualquer portista. A falta de criatividade da equipa, acentuada a após a saída de Otávio, é algo que Sérgio Conceição terá de corrigir urgentemente, a começar já nesta pausa para os compromissos das seleções.
A derrota diante do Arouca na noite de domingo, na quarta jornada da Primeira Liga, só foi evitada aos 90+19, depois de o árbitro Miguel Nogueira ter dado 17 minutos de desconto no segundo tempo. Aliás, esta época parece tendência nos dragões: deixar tudo para a última da hora. O triunfo em casa com o Farense chegou com um golo de Marcano, aos 90+10, diante do Rio Ave, os três pontos só foram garantidos, novamente por Marcano, com o golo aos 90+4.
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Nos quatro jogos, há um denominador: falta de ideias. Os extremos, Galeno e Pepê, pouco tem contribuído para o jogo ofensivo da equipa, não porque não têm capacidade, mas porque definam sempre mal. Eustáquio pouco ou nada acrescenta na construção e Nico González parece preso, raramente tenta um passe vertical, parece ter mais receio de perder a bola do que arriscar encontrar um colega entre-linhas.
Com equipas que jogam com cinco defesas e uma linha de quatro a frente, será preciso muito mais do lado azul e branco em termos de criatividade para arranjar espaço. E quando a equipa cria, será preciso meter a bola no fundo das redes. Porque oportunidades flagrantes não faltaram aos dragões nas primeiras quatro rondas da Primeira Liga.
A juntar-se a isso tudo, a defesa parece mais permeável, os adversários fazem golo com poucas oportunidades. Em cinco jogos oficiais, Diogo Costa foi buscar à bola no fundo das redes em seis ocasiões.
A crença da equipa, que nunca desiste, mesmo acabando os jogos a meter bolas na área contrária onde se vão acumulando avançados, vai amenizando as coisas e mantendo a equipa nos lugares da frente (lidera, a par do Boavista e do Sporting).
Nos próximos dias será preciso um enorme 'upgrade' porque depois das pausas para as seleções volta o campeonato, começa a Champions e será preciso muito mais para vencer jogos. O primeiro passo é ter primeiras partes condizentes com a grandeza do FC Porto e com a qualidade dos jogadores.
Caso contrário, esta época poderá ser penosa para os adeptos portistas.
Momento do jogo: golo salvador novamente para lá da hora
Desta vez foi Evanilson a salvar o FC Porto para lá da hora, marcando o golo do empate aos 90+19, num jogo onde o árbitro tinha dado 17 minutos de desconto. Acrescentou mais tempo devido aos minutos perdidos nas substituições para lá dos 90, e também na análise da grande penalidade desperdiçada por Galeno.
Polémicas: Miguel Nogueira a comunicar com o VAR... via telefone
O jovem árbitro Miguel Nogueira não teve uma noite fácil no Dragão. Anulou o primeiro penálti assinaldo para o FC Porto aos 90 minutos, depois de comunicar com o VAR... via telefone, quando perdeu as comunicações de audio e vídeo.
Depois marcou novo penálti para os dragões, novamente sobre Taremi, que Galeno viria a desperdiçar (ou que Arruabarrena viria a defender, tal a beleza e dificuldade da defesa).
No final, não marcou fora de jogo no golo do empate do FC Porto, apesar de Fran Navarro estar adiantado (o espanhol não toca na bola e parece não interferir com a jogada que Evanilson finalizou).
No golo do Arouca, os dragões pediram mão de Cristo no início da jogada, mas espanhol tem o braço colado ao corpo quando a bola, cabeceada por Pepê, bateu nas suas mãos.
Os Melhores: Cristo ia operando um milagre com ajuda de Arruabarrena
Ainda só vamos em quatro rondas mas Cristo González já está a ser uma das figuras desta Primeira Liga. Tem pinta de craque, como mostram os três golos já marcados (é formado no Real Madrid) e no Dragão voltou a deixar a sua marca: quase todos os lances de perigo do Arouca saíram dos seus pés, tal como o golo, com alguma sorte nos ressaltos, mas com uma bela definição na área.
O ponto ganho também tem muito dedo de Arruabarrena. Apesar de ter tido uma noite mais descansada do que esperava no Dragão, o guardião uruguaio defendeu o penálti de Galeno com uma defesa fantástica e negou o golo a Wendell quando este lhe apareceu isolado no segundo tempo.
Em noite 'não': Criatividade precisa-se no Dragão
As chegadas de Iván Jaime e Francisco Conceição e uma melhor integração de Alan Varela (entrou bem com o Arouca, deixando pormenores interessantes, tanto na recuperação da bola como a nível ofensivo, com passes simples a encontrar espaços na defesa contrária) levarão seguramente o FC Porto a aumentar a sua qualidade ofensiva, já que passa a ter em campo jogadores mais esclarecidos, capazes de desequilibrar perante equipas que se fecham bem.
E serão importantes também dar sangue novo à equipa e colocar no banco jogadores como Galeno e Pepê que têm sido um desastre neste início de época, com um acumular de más decisões que vão comprometendo a equipa em campo.
Reações: todos contra o árbitro
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