14 minutos. Foi quanto bastou ao FC Porto para inverter um resultado que há mais de um mês lhe era desfavorável. Os 'dragões' iniciaram a segunda parte da visita ao Estoril a perder por 1-0, mas Alex Telles e Tiquinho Soares, por duas vezes, consumaram a cambalhota no marcador. Um resultado que, de resto, deixa a equipa de Sérgio Conceição a cinco pontos dos adversários diretos na luta pelo título. Pode dizer-se que valeu a pena esperar.

Ponto prévio: para ler esta crónica é preciso perceber que houve mais de um mês a separar a segunda parte deste Estoril-FC Porto da primeira. Ora muita coisa pode acontecer (e a verdade é que aconteceu) em 37 dias. Ainda mais com um fecho de mercado pelo meio, que, desde logo, impediu a utilização de alguns reforços.

Tanto Sérgio Conceição como Ivo Vieira tiveram de puxar pela cabeça para esta segunda metade. No caso do treinador do FC Porto, para além de só ter 45 minutos para dar a volta ao resultado - os ‘dragões’ perdiam por 1-0 quando o jogo foi interrompido -, havia oito baixas certas no plantel. Quanto ao Estoril, que procurava defender a vantagem que tinha ao intervalo, o lote de indisponíveis era ainda mais gritante: 10.

Assim sendo, o FC Porto apresentou-se nesta segunda parte com seis mexidas na equipa. Casillas, Marcano, Sérgio Oliveira, Corona, Brahimi e Soares foram apostas de Sérgio Conceição, que assim repetia o onze que fez alinhar no passado fim de semana, na goleada sobre o Rio Ave por 5-0.

No lado do Estoril, três alterações a registar: Halliche, Mano e Allano entraram para os lugares de Wesley, Joel e Bruno Gomes. Por tudo isto, o retomar de um jogo que começou há mais de um mês e só agora acaba tem tudo para ser encarado como um jogo novo.

Mas façamos primeiro uma curta viagem no tempo. Até 15 de janeiro. O Estoril, que, convém não esquecer, luta para fugir à despromoção, entrou na partida tal e qual como Ivo Vieira havia prometido na antevisão do jogo com o FC Porto: atrevido, sem ‘autocarros’ e a jogar de igual para igual com um dos candidatos ao título.

Foi assim que Eduardo, de livre direto, surpreendeu um impotente José Sá, aos 17 minutos. Vendo-se em desvantagem, algo a que o dragão não está habituado, Sérgio Conceição não perdeu tempo e deu ordem a três homens para aquecerem. Até ao intervalo houve ainda uma bola enviada ao poste por Diego Reyes e um remate fortíssimo de Kyriakou que quase resultou no 2-0. Estava tudo em aberto para a segunda parte quando surgiram os problemas na bancada norte, que levaram ao adiamento do que faltava jogar. Até agora.

A partida na Amoreira retomou da forma que se esperava: com o FC Porto num ritmo avassalador, sufocante, a encostar o Estoril à sua área. Ao minuto 50’, Renan foi obrigado a intervir, com uma excelente defesa a remate de primeira de Herrera, após cruzamento de Soares. Estava dado o primeiro sinal de perigo.

Três minutos depois, Alex Telles desfez uma vantagem que durava há mais de um mês: livre do lateral-esquerdo, a atirar diretamente à baliza; Soares fez-se ao lance, mas nem era preciso, porque a bola foi mesmo parar no fundo das redes estorilistas. Vasco Santos ainda recorreu ao VAR, que analisava um possível fora de jogo do avançado brasileiro, mas acabou por validar o tento do empate.

Pouco depois, o brasileiro teve de ser substituído por Diogo Dalot (57'), na sequência de um lance com Victor Andrade, que deixou o brasileiro bastante queixoso. As lágrimas do jogador, sentado no banco de suplentes, não deixaram ninguém indiferente, mas nem isso demoveu o FC Porto de dar a volta ao marcador.

A reviravolta chegou naturalmente através de Tiquinho Soares (59’), uma vez mais a fazer esquecer Aboubakar e a fazer o 2-1 para os ‘dragões’. O remate inicial é de Marega, mas Renan defende para a frente; Herrera tenta a recarga, mas o tiro sai enrolado e chega até Soares, que, sozinho no segundo poste, só teve de encostar.

O avançado brasileiro voltaria a fazer das suas, com mais um golo para sua conta pessoal e o terceiro da noite: Corona remata para a defesa incompleta de Renan, a bola sobra para Soares, que não hesita e atira para o fundo da baliza adversária. Cheirava a goleada na Amoreira.

Impotente para travar o caudal ofensivo do FC Porto, Ivo Vieira, que já tinha feito uma substituição na primeira metade de 15 de janeiro, lançou Matheus Índio para o lugar de Kyriakou. Já Sérgio Conceição foi obrigado a trocar Corona - também ele a sair lesionado - por Hernâni. E o jogo foi perdendo alguma intensidade, o que não surpreende, dado o arranque supersónico dos 'dragões'.

Aos 79', Marega tentou a sorte, mas Renan estava atento. Já perto do minuto 90, foi a vez de Hernâni falhar o alvo, atirando às malhas laterais. A primeira (e única) jogada de perigo da equipa estorilista chegou apenas ao minuto 88, com Victor Andrade a rematar já quase sem ângulo, e Casillas (novamente titular depois da receção ao Rio Ave) a segurar o 3-1 final.