Foi em novembro que Jaime Pacheco saiu do Beijing GuoAn, deixando para trás centenas de adeptos do clube chinês emocionados com a sua partida. A manifestação de agradecimento em pleno aeroporto apanhou de surpresa o próprio técnico português.

Em entrevista ao SAPO Desporto, Jaime Pacheco não esquece o carinho recebido na China e pensa regressar em breve ao futebol asiático. «Irei agradecer sempre às pessoas pelo carinho que me deram. Estive lá dois anos e espero voltar à China. Houve sempre interesse de clubes chineses, mas eu resolvi fazer uma pausa. Decididamente, daqui a alguns meses, se tiver oportunidade vou voltar a trabalhar na China», conta o treinador, de 54 anos.

Depois de ter sido um dos pioneiros portugueses no futebol chinês – levando o Beijing GuoAn ao terceiro lugar do campeonato -, Jaime Pacheco assume a sua disponibilidade para aconselhar outros colegas de profissão que não encontram em Portugal um clube para treinar.

«Sou uma pessoa grata. Se não tínhamos um conhecimento seguro do que eram as pessoas na China posso servir de porta-voz às pessoas que possam ter dúvidas… É um povo excecional, hospitaleiro, amigo, afável e devo muito do meu engrandecimento profissional àquelas pessoas», acrescenta.

O único técnico português vivo com um título de campeão nacional alcançado fora dos três grandes (Boavista, 2000/01) já não trabalha em Portugal desde 2008/09, quando passou fugazmente pelo Belenenses. Seguiram-se as passagens pelo Al-Shabab (Arábia Saudita) e Beijing GuoAn. ‘Condenado’ a ser «cidadão do mundo», Jaime Pacheco mostra-se estupefacto pela falta de oportunidades no seu país, mas sem obsessão pelo regresso.

«Não trabalhar em Portugal é uma coisa que me espanta e que me faz ficar perplexo. Não sei os motivos. Tenho alguma esperança que isso possa alterar-se, mas não vivo obcecado com isso», assegura, sem deixar de mostrar a um possível convite, agora ou no final da época: «Posso trabalhar em qualquer altura e se surgir uma oportunidade que me agrade irei trabalhar. Nesta altura, a pausa está a fazer-me bem. Estou a recarregar as baterias».

Para o experiente treinador, o recomeço depois desta «pausa» será mesmo fora de solo português. «Sou um profissional que trabalha em qualquer parte do mundo. Em Portugal vai ser difícil, pelos motivos que todos sabem, mas se tiver oportunidade irei trabalhar cá. No entanto, acredito que o meu recomeço vai ser outra vez na China. O campeonato começa em março e penso que mais lá para diante as coisas possam processar-se e eu voltar».

Um regresso que deverá ser ainda mais celebrado pelos adeptos chineses, que não esquecem o técnico luso.