O escândalo que abalou a FIFA e o futebol mundial está no centro do novo livro do jornalista Luís Aguilar. "FIFA Nostra", da chancela da Bertrand Editora, foi apresentado esta sexta-feira no restaurante Sommelier, em Lisboa, tendo contado com as presenças dos ex-jogadores Vítor Baía e Jorge Andrade, do presidente do Sindicato de Jogadores, Joaquim Evangelista, e de João Rodrigues, antigo dirigente da FPF e da FIFA.
Quando faltam poucos dias para as eleições de 26 de fevereiro no organismo que rege o futebol mundial, o autor explica o que o conduziu a esta nova obra. "Não é um 'take 2' nem uma continuação. Quando fiz o “Jogada Ilegal” achei que haveria ainda muito por dizer sobre o tema e que algumas novidades surgiriam nos anos seguintes. E aconteceram em maio do ano passado, com todas aquelas detenções e com o princípio do fim da era Blatter como nós a conhecíamos. A partir desse momento, pegando em cada uma daquelas personagens novamente e na forma como toda essa corrupção foi evoluindo, acabei por explicar como foi esse movimento, quem são os culpados, quem foram aqueles que o permitiram e de que forma se deve evitar esse caminho para que o mesmo não aconteça daqui por uma semana, nas eleições", declarou.
Recusando a sua expectativa numa "mudança imediata" na FIFA, Luís Aguilar antecipa essencialmente um duelo entre dois dos cinco candidatos à presidência. "Há cinco candidatos, mas na prática existem dois: o príncipe Ali bin Al Hussein e Gianni Infantino. As outras três candidaturas existem por uma questão política e para fazerem alguns acordos; acredito até que até sexta-feira algumas possam ir caindo", referiu.
Igualmente presente no evento, Vítor Baía expressou a sua solidariedade com a denúncia exposta em "FIFA Nostra" de todos os casos e polémicas que denegriram a reputação da instituição maior do futebol mundial nas últimas décadas. "Quero e acho que é importante outro tipo de governação que não aquele que tivemos na FIFA quase desde sempre. Que as próximas eleições sejam realmente um virar de página para uma governação de gente séria e honesta, com pilares bem específicos, de valores e princípios bem presentes, e que se consiga um exemplo. Esse exemplo tem de vir de cima e nada melhor do que a principal instituição mundial do futebol ser o exemplo para todas as federações e o mundo do futebol", vincou.
Voz autorizada sobre o tema, João Rodrigues recordou a sua passagem pela FIFA e não poupou críticas a Joseph Blatter pelo despesismo e ostentação que impôs no organismo, dando como exemplo a construção da sede. "Quando João Havelange chegou à FIFA, esta tinha a sede num andar em Zurique, e a primeira coisa que ele fez foi arranjar dinheiro para a construção de uma nova sede, que se revelou extremamente pequena algum tempo depois, pelo que houve necessidade de comprar um terreno para a construção de uma sede. Três anos depois o Joseph Blatter, aproveitando uns hectares que João Havelange tinha comprado nessa zona, fez este monumento que você vê, sem nexo e sem outra justificação que não fosse o fausto", frisou.
Por fim, Joaquim Evangelista destacou o trabalho de Luís Aguilar na exposição de vários temas polémicos, nomeadamente o escândalo da FIFA. "Este livro, do meu ponto de vista, deve obrigar a refletir sobre as consequências para o futebol português. Há pequenas 'FIFAS' em cada federação e em cada país. Felizmente, em Portugal também estão a ser erradicados, mas merecem uma discussão séria e intervenção efetiva", reiterou o líder do Sindicato de Jogadores.
Recorde aqui a entrevista ao autor Luís Aguilar a propósito do lançamento do seu novo livro.
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