Marco Bicho foi treinado por Rúben Amorim no Casa Pia, em 2018/19 antes de se mudar para o Pinhalnovense.

Em declarações ao SAPO Desporto, o antigo médio, agora com 39 anos, recorda a forma de trabalhar do técnico e o trato que tinha com o jogadores, ao dizer que se trata de uma pessoa "humilde e tranquila " e sem laivos de superioridade apesar do estatuto que carregava enquanto jogador.

"O trato é uma das melhores armas do Rúben Amorim, apesar do estatuto que trazia. Mostrou-se uma pessoa bastante humilde e tranquila, os jogadores ficaram contentes por ser treinados por um ex-grande jogador e perceber que era igual a nós. Ele falava connosco normalmente, sem nos olhar com superioridade. Era aberto, exigente no treino mas tranquilo, não tinha problemas como ninguém até porque o grupo era fantástico", começou por dizer.

Logo na sua entrada no Sporting de Braga, Rúben Amorim trouxe inovações a nível tático e novas dinâmicas implementando com sucesso no emblema minhoto o 3-5-2. Marco Bicho recorda que no Casa Pia começou a jogar em 4-4-2, mas que rapidamente mudou de ideias.

"Ele começou com o 4-4-2 connosco, depois tentou o 3-5-2 e não resultou tão bem como está a resultar agora. Posteriormente depois da minha saída [para o Pinhalnovense], ele voltou a utilizar o 3-5-2 e aí já começou a produzir efeito. Os meus colegas dizem que era idêntico à forma como joga o SC Braga e eu joguei com o Casa Pia em alguns jogos, depois de ter saído e as dinâmicas eram praticamente idênticas às do Braga."

Sobre a ascenção meteórica do jovem técnico de 35 anos, que em um ano passou do Campeonato de Portugal para um 'Grande', o agora treinador dos juniores do Olímpico do Montijo já reconhecia valor ao antigo médio, mas acredita que nem o próprio Amorim esperava tanto sucesso em tão pouco tempo.

"Previmos que ele tinha valor, mas não prevíamos que ele ascendesse assim tão rapidamente, nem ele. Se tem valor para estar ou não no Sporting, isso é uma questão de oportunidade."

A iniciar a sua carreira de treinador, vê em Rúben Amorim, mas não só um exemplo para que os clubes possam apostar cada vez mais nos jovens timoneiros.

"Não é só o Rúben Amorim, mas o Custódio e o Silas, que fez uma excelente época no Belenenses, demonstram que se deve apostar nos jovens treinadores. Não digo que os treinadores sejam maus, mas tudo tem a ver com competência, e por vezes há um certo medo e certo receio em apostar nos mais jovens."

Em relação ao desafio Sporting, Marco Bicho considera que é um risco e uma pressão enorme dado o momento do clube de Alvalade.

"Só quem está lá é que pode saber, pelo que nós vamos vendo logicamente é um risco. Ele deve ter a noção disso. Ele estava numa estrutura mais estável e não deixa de ser um risco enorme para ele. Ele estava num clube mais cómodo, onde a pressão é menor. Para onde ele vai, a pressão é enorme, tanto para os jogadores, como para os treinadores", finalizou.

Enquanto jogador, Rúben Amorim teve passagens pelo Benfica, Belenenses e SC Braga. Ao serviço dos bracarenses, o técnico somou 10 vitórias em 13 jogos, tendo conquistado a Taça da Liga frente ao FC Porto, deixando a equipa no 3.º lugar da classificação.