Foi com Sérgio Conceição que Alex Telles conseguiu realizar as melhores temporadas da carreira, a nível individual. O lateral esquerdo brasileiro esteve quatro épocas e alguns jogos da 5.ª no FC Porto, três delas sob o comando do atual técnico azul e branco.
Logo no primeiro ano, em 2017/2018, Alex Telles realizou 45 jogos, os mesmos da época anterior, mas com quatro golos marcados e umas fantásticas 18 assistências, num ano em que o FC Porto venceu a I Liga. Números assombrosos de passes para golo para um lateral esquerdo.
Na temporada seguinte (2018/19), ano em que título fugiu para o Benfica, o internacional brasileiro fez mais jogos (53), mais golos (seis) mas menos assistências. Ainda assim, deu 13 passes para golos dos colegas.
Mas o melhor de Alex Telles ainda estava para vir. Na época 2019/2020, de reconquista do título, o lateral esquerdo realizou a melhor temporada a nível individual, com 11 tentos e oito assistências na Primeira Liga, num ano em que, no total, marcou 13 golos e assistiu os colegas em 13 ocasiões. A influência do craque na equipa era inegável, em ano de 49 jogos de Dragão ao peito.
"Compartilho isso com os jogadores que ali estavam e também com o Mister Conceição que sempre tirava o melhor de todos. Foram anos e épocas muito marcantes. Normalmente um lateral não faz tantos golos e assistências mas tive um ano atípico, marcante. Fico muito feliz porque também consegui ir para a Seleção [brasileira] nessa época. O FC Porto traz-me muitas boas lembranças", recordou Alex Telles, em entrevista exclusiva ao SAPO Desporto, no Centro de Treinos do Al Nassr, em Riade, Arábia Saudita.
Na memória de muitos portistas e do próprio Alex Telles, ficaram golos marcantes e decisivos, como o que deu a vitória ao Boavista no dérbi da Invicta, os dois golos ao Portimonense, ambos a darem os três pontos (neste caso, seis) ao FC Porto nos dois confrontos, e ainda o golo que evitou a derrota diante do Belenenses, no Restelo.
Era história a ser escrita até porque, quando deixou os azuis e brancos para ingressar no Manchester United já depois do arranque da época 2020/21, Alex Telles já era o defesa mais goleador do FC Porto, com 26 golos marcados. O recorde seria batido já esta época, por pelo defesa espanhol Marcano, antigo companheiro de Alex Telles.
O internacional brasileiro tinha prometido entrar na história do FC Porto e assim fez. Quando chegou ao FC Porto em julho de 2016, disse, "Não quero vir de passagem, quero deixar um legado". Palavras que Alex Telles recordou ao SAPO Desporto, sete anos e meio depois.
"Procuro sempre os meus limites, gosto de passar esses limites e procurar o próximo degrau. Quando disse isso, na época, não imaginava chegar onde cheguei no FC Porto. Mas falei totalmente convicto das minhas vontades porque onde chego, dou sempre o meu melhor, quero sempre deixar um bom legado, por isso mostro sempre o meu melhor", garantiu ao SAPO Desporto.
O objetivo passa agora por ter os mesmos números no Al Nassr, ao lado de Otávio, seu antigo colega nos Dragões, e ainda Cristiano Ronaldo, Talisca, Sadio Mané, entre outros craques.
"Aqui no Al Nassr não será diferente. Quero fazer o mesmo caminho. Tenho uma gratidão eterna pelo FC Porto, tenho muitas boas lembranças de lá. As pessoas sabem do carinho que tenho pelo clube, pela cidade, e quero o mesmo no Al Nassr, vim para deixar o meu legado e mostrar as minhas qualidades", afiançou.
A fantástica última época de Dragão ao peito não podia ser mais ignorada pela Seleção Brasileira e, a 29 de março de 2019, Tite anunciava a chamada do lateral esquerdo, na altura no FC Porto.
Quis o destino que a primeira internacionalização com a 'amarelinha' ao peito fosse... no Estádio do Dragão, onde estava a viver a melhor fase da carreira.
"Não esperava que fosse daquela forma mas foi praticamente perfeito, só não foi melhor porque não vencemos, empatámos com o Panamá. Mas estrear-me pela seleção brasileira no Estádio do Dragão, casa da equipa onde eu jogava, foi muito especial, tinha lá praticamente toda a minha família. Foi um momento marcante para mim e a partir daí tive uma boa sequência na Seleção, praticamente três, quatro anos até ao último Mundial [2022 no Qatar]. Fico muito contente por poder fazer parte dessa história", disse, ao SAPO Desporto.
Depois de brilhar no Dragão e ver o nome inscrito nos eleitos de Tite, chegou a transferência para Manchester United. O jogador natural de de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, já podia riscar mais uma da lista dos objetivos de vida.
"A minha ida para Inglaterra foi também [o cumprir de] um desejo, tinha o sonho de jogar na Premier League, o campeonato mais disputado do Mundo, na minha opinião, com uma qualidade muito alta, com grandes jogadores e grandes equipas. Era um dos objetivos de carreira e graças a Deus consegui atingir. Sabia que estando lá teria mais possibilidade de ser chamado à seleção brasileira. Foi algo muito estratégico para mim. E deu tudo certo, tive uma sequência muito grande [de jogos] na Seleção [brasileira] e consegui jogar um Mundial que era o meu maior sonho", recorda.
Nos dois anos no Manchester United, Alex Telles dividiu a lateral esquerda com Luke Shaw. Foram 50 jogos, um golo e sete assistências. Nada mau para quem nem sempre era titular. O brasileiro queria fazer mais, mas recordou que a concorrência era de peso.
"[Não ter feito mais jogos, golos e assistências] foi uma mistura de adaptação com o [o facto de] eles também terem um grande jogador que é o Luke Shaw, o melhor lateral esquerdo da Premier League naquele ano. No meu primeiro ano, dividimos os jogos e a vaga no onze titular. Mas dávamo-nos super bem, é um amigo que tenho, tem muita qualidade. Dentro destas circunstâncias, ele com muito tempo no clube, consegui fazer 25 jogos por época. 50 jogos num clube com o United [em dois anos] é positivo. Para a minha carreira foi muito bom", garante Alex Telles.
Nos 195 jogos com a camisola do FC Porto, Alex Telles marcou 26 golos e fez 54 assistências. Com Sérgio Conceição como treinador, foram 25 golos e 44 passes para golos dos colegas, em 150 partidas.
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