Rui Gomes da Silva não teria escolhido Jorge Jesus, mas quer oferecer todas as condições ao atual treinador da equipa de futebol para conquistar o ambicionado título de campeão europeu, se for eleito presidente do clube lisboeta.

Em entrevista à Lusa, o candidato da lista D à presidência do Benfica nas eleições de quarta-feira apontou a construção de uma equipa capaz de vencer a Liga dos Campeões como um dos pilares do seu programa, alicerçada na formação – mas não resumida a ela -, sem retirar espaço ao ecletismo.

“Não seria o meu treinador, mas a partir do momento em que está escolhido, e porque o Benfica nos próximos anos vai ter gravíssimas dificuldades financeiras, seria uma coisa perfeitamente sem justificação substituir o treinador. A partir do momento em que eu seja presidente do Benfica será o meu treinador”, sustentou.

Resignado à escolha “legítima” de Luís Filipe Vieira, que preside o Benfica desde 2003, numa direção da qual Gomes da Silva foi vice-presidente entre 2009 e 2016, o líder da lista D espera proporcionar a Jorge Jesus “todas as hipóteses (...) para que seja candidato a um título europeu”, que escapa aos ‘encarnados’ há quase 60 anos.

“E não é um título menor”, advertiu, observando que, para o conseguir, o Benfica necessita de “um plantel adaptado às suas realidades e necessidades”, com “níveis de vencimentos naqueles que são o núcleo duro da equipa principal iguais às equipas europeias”: “Partindo desse pressuposto é possível construir uma equipa campeã europeia”.

O Benfica conquistou duas Taças dos Campeões Europeus, antecessora da Liga dos Campeões, em 1961 e 1962, tendo depois sido finalista vencido por cinco vezes, a última das quais há 30 anos (1963, 1965, 1968, 1988 e 1990).

Um ciclo que Gomes da Silva pretende quebrar, apoiado na formação do clube – “mas que não chega” –, e em uma política de contratações articulada com o treinador. “[Jorge Jesus] Queria Rúben Semedo ou Lucas Veríssimo, que, em conjunto, custavam o mesmo valor que custou Otamendi. O que é que presidente do Benfica fez: comprou o central que ele não queria”, argumentou.

A “obrigatoriedade” da candidatura ao principal título europeu passa ainda pela manutenção dos futebolistas mais influentes - “tendo menos jogadores, posso aumentar os vencimentos daqueles jogadores que considero fundamentais” -, o que significa o fim da parceria estratégica com o empresário Jorge Mendes.

“O Benfica não tem nenhuma razão para ter uma parceria estratégica, porque o Benfica não é um clube de venda. O Benfica não pode estar permanentemente a vencer os seus melhores ativos”, defendeu Gomes da Silva, criticando o empréstimo de Tiago Dantas ao Bayern Munique: “Qualquer pessoa que seja do Benfica se indigna e se questiona como é que o Benfica se prestou a esta vassalagem, a este negócio, que é vergonhoso, com Jorge Mendes”.

Também em duas das principais modalidades, o futsal e o hóquei em patins, o clube da Luz “tem de ser sempre candidato a ser campeão europeu”, e “em relação ao basquetebol, andebol e voleibol o Benfica tem de dar passos no desenvolvimento desses planteis no sentido de se aproximar da realidade destes desportos a nível europeu”.

“Retorno do ciclismo. Fundamental. Com meios próprios, sem onerar, como penso que deve ser esse o princípio, as modalidades não podem onerar o futebol. Não pode haver dinheiro do futebol para as modalidades, tem de haver é dinheiro do negócio a ser canalizado para o futebol”, assinalou.

Gomes da Silva reclama um “reinvestimento” no futebol feminino, que não pode ser tratado “como um parceiro pobre” e deve ter presença mais assídua na grande sala de visitas do clube, o Estádio da Luz, considerando que o setor “vai ser um vetor fundamental do desenvolvimento do Benfica”.

“A diferença entre o futebol feminino português e o futebol europeu é muito menor do que o futebol de homens, o que significa que com um pequeno investimento o Benfica poderá ter uma grande equipa de futebol feminino, candidata a ser campeã europeia”, notou.

Rui Gomes da Silva, de 62 anos, líder da lista D, é um dos quatro candidatos à presidência do Benfica, nas eleições para os órgãos sociais marcadas para quarta-feira, nas quais terá como adversários Luís Filipe Vieira (lista A), João Noronha Lopes (lista B) e Luís Miguel David (lista C), em substituição de Bruno Costa Carvalho.

O ato eleitoral vai decorrer entre as 08:00 às 22:00 horas, no Pavilhão n.º 2 do Estádio da Luz, em Lisboa, e em 24 casas do clube.

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