A SAD do Benfica foi constituída como arguida no processo 'e-toupeira', de acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR). Os 'encarnados' discordam e falam num processo "ilegal e inconstitucional", pelo que vão avançar para a sua impugnação. Mesmo que venha a ser condenado, o Benfica não deverá sofrer sanções desportivas.
Mas, para já, é o impacto desta situação sobre a marca Benfica que poderá preocupar os responsáveis 'encarnados'. Caso a SAD do clube venha a ser condenada, o clube pode vir a ter dificuldades juntos dos patrocinadores. Esta é a convicção de Pedro Dionísio, diretor da Pós-Graduação em Gestão e Marketing do Desporto do INDEG-ISCTE, em declarações ao jornal Record.
"Estas situações não são boas para nenhuma instituição ou marca. Mas ser arguido não significa que existe uma condenação e dado o elevado número de processos, nesta área, com arguidos em Portugal entrou-se em alguma ‘banalização’, o que, aliado à demora da Justiça, faz com que investidores e patrocinadores possam ficar numa posição expectante sobre o desenrolar dos acontecimentos", explicou o especialista.
Pedro Dionísio adianta ainda que "se houver condenação é natural que exista afastamento de empresas". O especialista aconselha os dirigentes 'encarnados' a colaborarem com a justiça.
"Neste momento, a posição que deve ser tomada é de colaboração com a Justiça e procurar que os processos sejam mais céleres, porque o ambiente de suspeição não é favorável, sobretudo para atrair novas empresas, o que é lamentável, dado o sucesso do futebol português a nível internacional com expoente máximo na vitória no Euro’2016 e o grande interesse e paixão que desperta junto dos consumidores", disse ao Record.
Para já, os principais patrocinadores das 'águias' optam por não por não comentar o caso.
Até doa 6 de setembro o Ministério Público deverá formalizar a acusação a Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD, e a José António Nogueira da Silva, funcionário judicial, suspeito de ter tido acesso a informações em segredo de justiça. Será nesta data que se cumprem os seis meses da detenção dos primeiros arguidos do processo E-Toupeira.
A defesa do Benfica neste caso está nas mãos do advogado João Correia.
O 'e-toupeira' investiga a utilização abusiva de credenciais informáticas na plataforma Citius de uma magistrada do Ministério Público (MP), que se encontra colocada na coadjuvação da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), e, desta forma, recolher informação relacionada com processos, designadamente envolvendo o Benfica.
O inquérito, dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, tem por objeto factos suscetíveis de integrarem crimes de corrupção, peculato, violação do segredo de justiça, favorecimento pessoal, falsidade informática, acesso ilegítimo e burla informática.
Entre os arguidos cuja identidade é conhecida constam o assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves, três funcionários judiciais e o agente de futebolistas Óscar Cruz, juntando-se hoje a SAD do Benfica.
Após um primeiro interrogatório judicial, a juíza de Instrução Criminal decidiu aplicar a medida de coação de prisão preventiva ao técnico de informática do Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça (IGFEJ) e a proibição de contacto com os restantes arguidos a Paulo Gonçalves.
Este não é o único caso a envolver o Benfica. O clube está implicado no 'caso dos Vouchers', o que levou a Polícia Judiciária a recolher provas na Luz por alegada corrupção a equipas de arbitragem, observadores e delegados, a 11 de outubro de 2016. O caso foi arquivado pela UEFA.
O 'caso dos e-mails' também é outro em que está implicado o Benfica. A PJ fez buscas na Luz após denúncia do FC Porto, a 19 de oututro de 2017.
Na 'Operação Lex' o nome de Luís Filipe Vieira é um dos mencionados. O presidente do Benfica foi constituído arguido nesta operação que investiga suspeitas de corrupção, , tráfico de influências, recebimento indevido de vantagens, branqueamento e fraude fiscal. A 30 de janeiro de 2018 a PJ esteve mais uma vez no Estádio da Luz a recolher provas.
O Benfica também está implicado no caso 'Mala Ciao', relacionado com uma investigação por corrupção desportiva. O caso remonta a 25 de junho de 2018 onde o Benfica é suspeito de ter subornado jogadores de outros clubes para vencerem o FC Porto.
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