Duarte Gomes não tem dúvidas: o videoárbitro vai ajudar os árbitros e vai repor alguma verdade desportiva nos jogos de futebol. À margem da apresentação do seu livro ´Kick Off`, na Cidade do Futebol em Oeiras, o antigo árbitro internacional saudou a introdução da nova tecnologia nos jogos da Primeira Liga esta época. No entanto, Duarte Gomes relembra que o VAR não "destruir o erro todo".
"O videoárbitro vai melhorar as arbitragens no que diz respeito aos erros claríssimos. Estou convencido que, golos claramente marcados com a mão, golos em fora-de-jogo, agressões nas costas dos árbitros que tanto despertam sumaríssimos e tanta indignação geram porque o árbitro não vê, vão deixar de existir porque alguém da arbitragem vai ver. O videoárbitro não vai destruir o erro todo, não vai estar presente em tudo o que são situações de jogos nem podem nem deve porque esta não é a sua essência, mas vai terminar com um conjunto de erros fundamentais grosseiros na definição de resultados", disse aos jornalistas.
O antigo árbitro internacional deu o exemplo de jogos de pré-época em que o videoárbitro foi decisivo para repor a verdade desportiva. Nos dois jogos do Sporting realizados em casa frente ao Mónaco (apresentação aos sócios) e frente a Fiorentina (Troféu Cinco Violinos), essa tecnologia foi importante em dois lances: a anular um golo dos franceses por fora-de-jogo e a dar um golo ao Sporting que tinha sido mal anulado por fora-de-jogo mal marcado a Bas Dost.
"Nesta pré-época, nalguns jogos que já tivemos, num conjunto de erros de árbitros e assistentes que foram retificados pelo VAR, falou-se um bocadito da perda da dinâmica do jogo e da celebração e emoção do golo, não se falou do erro do árbitro. Estamos a conseguir canalizar a conversa para outro lugar, afastada da suspeição daquele que falhou. Isto parece premonitório de que as coisas podem correr bem", vaticinou.
Sobre quem critica a tecnologia, com o argumento de que se perde muito na emoção, Duarte Gomes deixa a pergunta: "Preferimos um golo celebrado com menos emoção que seja justo ou um golo batoteiro celebrado com grande emoção?"
"As pessoas nalguns lances de golo em que os jogadores festejam podem ver defraudadas as expetativas e fazerem festejos a dois tempos. Mas a pergunta a fazer é: preferimos um golo celebrado com menos emoção que seja justo ou um golo batoteiro celebrado com grande emoção? É essa a escolha que as pessoas têm de fazer. Ou se introduz um instrumento que termine com isto ou vamos voltar ao futebol que tínhamos, com enorme limitação que os árbitros têm em campo", atirou.
Lamentando não ter tido apoio desta tecnologia quando era árbitro, Duarte Gomes espera que o VAR possa ajudar os jovens árbitros nas suas carreiras, já que vai permitir que errem menos.
"O VAR vai ser uma referência para os jovens árbitros. Gostaria de ter tido VAR em muitos jogos que arbitrei, em muitos erros que cometi, que seguramente que se tivesse um colega bem colocado, não teria cometido. Os jovens vão sentir-se mais seguros sabendo que evolução nas suas carreiras, vão contar com uma ferramenta que vai diluir as situações de lances complicados e vai ajuda a repor a verdade para o bem do futebol que todos nós gostamos", concluiu.
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