Duarte Gomes considera que os responsáveis pelo atual clima de pressão sobre o sector da arbitragem têm de ser punidos, e que situações como as que sucederam recentemente a Artur Soares Dias na Maia não deveriam ser permitidas pelas autoridades.
Em declarações à margem da conferência 'Football Talks', o ex-árbitro de futebol Duarte Gomes mostrou-se surpreendido com a falta de ação por parte das autoridades competentes para determinar os responsáveis pelas ameaças a Artur Soares Dias durante um treino de árbitros a 5 de janeiro na Maia, e fez questão de frisar que este tipo de ações levadas a cabo por adeptos dos clubes não podem passar incólumes porque, "são crimes que devem ser denunciados porque podem toldar a sua lucidez em campo".
"Espero que se saiba o que realmente aconteceu a Soares Dias na Maia. Este tipo de ameaças ferem a idoneidade e integridade dos árbitros", afirmou Duarte Gomes.
Recorde-se que na altura foi veiculada a informação de que Artur Soares Dias tinha sido ameaçado de morte por elementos da claque do FC Porto SuperDragões quando se preparava para treinar na Maia.
Para Duarte Gomes, este tipo de situações são lamentáveis e podiam ser evitadas caso houvesse 'mais policiamente'.
"Havendo policiamento nos campos e aumentando as condições de segurança, principalmente a nível de distritais, pode diminuir o número de casos", disse o ex-árbitro.
Já em relação aos números apresentados recentemente e que apontam para uma média de duas agressões a árbitros por fim-de-semana, Duarte Gomes frisa que tal são 'números aterrorizadores' e que deveria haver 'uma punição exemplar' como forma de dissuadir os agressores.
"Houve 41 agressões em cinco ou seis meses de época, o que dá uma média de duas agressões por fim-de-semana. São números aterrorizadores. Isto não pode acontecer! Algo está muito mal e o estado não se pode demitir da sua função de defender os árbitros, que também são cidadãos e agentes principais do jogo", disse.
"Penso que ninguém tem dúvidas de que a presença de um polícia em campo é dissuasora de um potencial ilícito. Portanto, as associações, em conjunto com os clubes, com a Federação Portuguesa de Futebol e com as altas instâncias do governo, devem, de uma forma ponderada e sensata, olhar para este problema como muito grave", acrescentou Duarte Gomes.
"Quando procuramos ter árbitros em Europeus e Mundiais no futuro, temos de nos lembrar que são estes árbitros que vão estar lá. Com este tipo de atitudes, eles abandonam, têm receio das suas vidas e, assim, não haverá árbitros que garantam futebol português", sentenciou Duarte Gomes.
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