Atitude de Enzo: “Um jogador que, mesmo assim, não queira ficar no Benfica, não está a mostrar compromisso com o Benfica. Mesmo com a possibilidade de não perder um euro e já com contrato seguro com o Chelsea para a próxima época, pensei ‘este jogador não pode continuar no Benfica’. Aqui, misturou-se o adepto, o presidente e o homem de balneário que sempre fui. A partir daqui, não quis mais este jogador. Estar comprometido com o balneário não é bater no peito, porque bater, qualquer um bate”.
Assédio do Chelsea: “A dois dias do final do mercado, o Chelsea voltou com uma a proposta, mas tudo fizemos para que ele ficasse, inclusive oferecendo um aumento salarial. Foi feita essa proposta. Percebemos que estes clubes poderosos financeiramente tenham capacidade de aliciar os jogadores, enquanto nós, aqui em Portugal, tenhamos dificuldade em acompanhar essas propostas. Fui jogador e sei bem disso. Tudo fizemos para mitigar essa proposta do Chelsea”.
Intransigência de Enzo: “O Enzo é um jogador extraordinário, não iria perder valor no Benfica se ficasse até final da temporada. Fizemos-lhe ver que no final da temporada voltaria a haver o interesse do Chelsea e de mais clubes. Mas nunca conseguimos chegar a ele. Não houve qualquer chance de alterar a cabeça dele, foi muito incisivo a querer deixar o Benfica. Aí, o Enzo foi intransigente. Insistimos para que ficasse cá, mas o jogador nunca mostrou abertura para continuar no Benfica. Fomos insistindo, trabalhando a proposta. Fizemos uma proposta de ficar até final da época sem perder um tostão. À hora de almoço do dia 31 de janeiro, fiz a contraproposta ao Chelsea, de comprarem o jogador já e levarem-no só no verão, reduzindo o valor da venda. O jogador, mesmo assim, mostrou-se negativo a continuar no Benfica”.
Substituto de Enzo: “Só traríamos uma mais-valia. No último dia de mercado, não só os clubes já não os libertavam, como os jogadores passaram a custar 40 ou 50 ME. Os alvos teriam de ser mais-valias. Não conseguindo os alvos que pretendíamos, não traria um jogador só por trazer para o lugar do Enzo. Ou trazia uma mais-valia, ou um jogador só para completar, temos os jovens da equipa B. Tínhamos um par de alvos bem vincados, mas que já não eram possíveis naquele momento. Estávamos prontos para qualquer substituição, mas foi um valor [121 ME] que chegou a dois dias do fecho do mercado e, a duas horas desse mesmo fecho, ainda estava em cima da mesa a possibilidade de ficar no plantel. Todos os alvos que tínhamos em mente, eram muito difíceis de trazer, sendo o último dia do mercado”.
A chegada inesperada de Guedes: “O Guedes não estava na equação inicial, não se pensava nessa possibilidade de ter em casa o nosso Gonçalo Guedes. Naquele momento, tínhamos a possibilidade de entrar na luta pelo empréstimo. Essa transferência foi feita em dia e meio, com muito mérito para o Gonçalo, que estava em negociações com outros clubes, de campeonatos mais valorizados. Era uma carta fora do baralho, mas é uma mais-valia, um jogador da casa, português, que conhece o nosso campeonato e que queria jogar no Benfica, algo muito importante para mim. Não pensámos duas vezes também e trouxemos para casa o nosso Gonçalo Guedes”.
Balanço do mercado: “Se excluirmos o Enzo, porque não estaria contabilizado, não gastámos de forma exagerada no mercado de inverno. Estamos a usar todos os critérios para ter equilíbrio desportivo e financeiro, mas apontando à parte desportiva. Sabemos que linhas temos de percorrer e, acima de tudo, o projeto desportivo sempre à frente do financeiro. Não há qualquer ‘all-in’ do Benfica. Queremos chegar ao final da época e festejar títulos”.
Redução do plantel: “A ideia foi prosseguir o projeto que iniciámos este ano, que era reduzir o número de ativos, nomeadamente os jogadores emprestados a outros clubes. Começámos a época com 65 ativos, um numero totalmente exagerado, e hoje estamos com 37 ativos. Conseguimos uma redução de 28 jogadores, seguindo a linha do projeto que assenta em ter menos quantidade e mais qualidade. Começámos com 30 jogadores, mas a ideia era ter um número entre 24 e 27. E foi esse o caminho que trilhámos desde julho do ano passado e que nos permitiu alcançar em duas ‘janelas’ de mercado o que tínhamos ponderado fazer em três ou quatro".
Rescisão de contrato de André Almeida: “Foram muitos anos ao serviço do Benfica, esteve presente nos últimos 15 títulos do clube e merece enorme respeito de todos nós. Depois da lesão que sofreu, o André teve muito pouca utilização. A melhor solução foi acordarmos a rescisão no ultimo dia de mercado e assim dar-lhe oportunidade de seguir um novo rumo na carreira. Se não o fizéssemos, teria de ficar aqui sem jogar. É um dos nossos e sê-lo-á sempre. Foi daqueles jogadores nem sempre compreendido, mas foi muito importante para o balneário do Benfica”.
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