O Sporting arrecadou 21 milhões de euros pela transferência do extremo brasileiro Raphinha para o Rennes, mas Deco, antigo internacional português e empresário do futebolista, assume que a venda foi precipitada pelas dificuldades financeiras do clube.
“Tenho respeito pelo Sporting, mas acredito que, noutras circunstâncias, talvez o Sporting não o vendesse neste ano, porque era um jogador em fase de crescimento. Mas, infelizmente, são situações que os clubes não podem controlar. Portugal sempre foi assim, por mais que os clubes portugueses consigam aguentar os jogadores por um período, sempre fomos um mercado onde os grandes jogadores acabam por sair”, afirmou.
Em declarações à margem da Soccerex, o evento que junta ex-jogadores, dirigentes e outros agentes para debater a indústria do futebol esta quinta e sexta-feira, o ex-jogador, que intermediou o negócio entre os ‘leões’ e o clube francês, assumiu não ter falado com o presidente do Sporting, Frederico Varandas, tendo lidado apenas com o diretor desportivo do clube, Hugo Viana.
“As coisas foram sempre muito claras: eles sabiam que havia dois clubes interessados, era uma decisão única e exclusivamente do Sporting, pois íamos respeitar tanto uma como outra. Se ficasse, o Raphinha estaria completamente feliz, como já estava. Se saísse, é óbvio que tinha de ser um bom projeto. O Sporting teve de tomar uma decisão. e temos de estar preparados para essas situações. Foi uma decisão do clube em função das questões que conhecemos”, explicou o ex-jogador do FC Porto.
No entanto, Deco admitiu que o negócio pode desagradar aos adeptos, sobretudo depois das atuações de Raphinha neste início de temporada, em que era um titular indiscutível na equipa até esta semana comandada pelo holandês Marcel Keizer.
“O Raphinha é um jogador em crescimento, tem 22 anos, é um jovem, com qualidade e ambição. Ele estava já a consolidar um espaço grande na equipa do Sporting. Entendo que para os adeptos é sempre difícil perder jogadores importantes, mas às vezes os clubes têm de tomar decisões que não são fáceis”, frisou.
Questionado sobre o início da época em Portugal, o antigo jogador da seleção das ‘quinas’ recusou ver um campeonato disputado apenas entre os ‘dragões’ e o Benfica, incluindo também o Sporting e o Sporting de Braga na corrida ao título.
“Não vejo que vá ser só um campeonato a dois”, referiu, acrescentando: “Vejo um FC Porto a retomar o que vimos nos últimos dois anos, o Benfica perdeu um grande jogador jovem, o João Félix, e isso cria dinâmicas diferentes, o Sporting está a tentar encontrar-se, tendo de fazer gestão financeira e o equilíbrio de ter uma grande equipa, e o Braga tem boas soluções. Espero um bom campeonato”.
*artigo atualizado às 15h44.
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