A indústria do futebol é um dos setores afetados pela grave crise económica global, sobretudo nos patrocínios, mas o consultor financeiro britânico Dan Jones acredita no futuro do “desporto-rei”, mas com cada vez mais adeptos de sofá.
«Com a evolução da crise, o impacto está agora a ser sentido pelo consumidor, devido às várias medidas governamentais. Os dias de jogo e as receitas de bilheteira estão agora sob maior pressão. A área que tem estado mais incólume é a das transmissões televisivas e, particularmente, os canais pagos», disse o diretor da divisão de desporto da consultora Deloitte, em entrevista à agência Lusa.
Citando o exemplo da cadeia televisiva britânica Sky, no Reino Unido, Alemanha e Itália, Jones destacou o «imenso sucesso no aumento de subscritores e nas quantias que esses subscritores gastam».
«Mesmo numa recessão, as pessoas querem a sua ‘pay tv’ (tv paga) e não há nada como o futebol para fazer com que as pessoas paguem para ver televisão. As pessoas vão ficar por casa. Há uns quatro anos, podiam sair, comer uma refeição e passar um serão fora. Agora, vão ficar e comer em casa, mas precisam do entretenimento. Em vez de procurar entretenimento, vão levá-lo para dentro de casa», explicou.
Sobre o endividamento crescente dos clubes de futebol, nomeadamente os "três grandes” portugueses – Benfica, Sporting e FC Porto, que só à Banca devem cerca de 350 milhões de euros em conjunto -, o perito financeiro defende um «plano a longo prazo, a 10/15 anos» para recuperar «uma posição sólida».
«A coisa boa no futebol é que não há sinais de que esteja a ficar menos popular. É o maior desporto do Mundo e daqui a 50 anos vai continuar a sê-lo. É possível fazer um plano para ver como vamos chegar onde queremos. É irrealista dizer que vamos pagar as dívidas para o ano. É uma questão de fazer com que os bancos tenham a paciência. Para ser honesto, não sei se os bancos têm alternativa senão continuarem a apoiar os clubes», continuou.
Dan Jones referiu que, até agora, antes das diversas medidas de austeridade começarem a afetar o cidadão comum «o maior golpe na área das receitas aconteceu nos patrocínios e nas parcerias com essas companhias nos estádios (“corporate hospitality”) porque as empresas ficaram mais cuidadosas na forma como gastam o dinheiro e esse investimento até era mal visto».
«O futebol tem tido uma boa recessão até agora. Não tem sido imune, mas tem resistido. A economia do futebol tem crescido, a um ritmo mais lento do que costumava, mas está bem. Muitos outros setores industriais adorariam ter a recessão que o futebol tem estado a ter», concluiu.
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