O defesa central Frederico Venâncio, do Vitória de Guimarães, admitiu hoje que seria "estranho" a I Liga portuguesa de futebol não terminar, depois de interrompida devido à pandemia da covid-19.
O futebolista, de 27 anos, realçou que a "grande prioridade" do momento é a "salvaguarda da saúde pública", tendo apelado aos adeptos vitorianos que "fiquem em casa e respeitem as indicações da Direção-Geral da Saúde (DGS)", mas assumiu que gostaria de terminar o campeonato depois do trabalho realizado em busca de um dos cinco primeiros lugares e consequente apuramento para a Liga Europa.
"Queremos terminar o campeonato, fazer aqueles jogos que faltam para sabermos em que classificação ficamos e que objetivos conseguimos cumprir. Tivemos uma época longa, a lutar por um objetivo comum, de equipa. Não o poder terminar seria um bocado estranho", realçou, numa videoconferência organizada pelo clube minhoto.
Com 17 jogos cumpridos na temporada, Frederico Venâncio salientou, porém, que os clubes, atletas e treinadores têm de "respeitar" quaisquer decisões tomadas pelas entidades que regem o futebol português, até porque a situação é "inédita e anormal", não havendo "exemplos no passado dos quais se possam tirar algumas ideias".
Questionado sobre a possibilidade das 10 jornadas em falta serem disputadas de três em três dias, caso a edição 2019/20 da I Liga seja retomada, o jogador frisou que o Vitória, sexto classificado da prova, com 37 pontos, poderia tirar vantagem da experiência na Liga Europa, entre agosto e dezembro de 2019, mesmo precisando de "uma mini pré-época".
"Se [o campeonato] for retomado, tem de haver pelo menos um pequeno período de adaptação à parte da competição, mesmo que tentemos manter a condição física o melhor possível em casa", explicou o defesa natural de Setúbal, que disse ter cumprido um objetivo pessoal com a sua primeira presença na Liga Europa, nesta época.
Apesar de o clube ter suspendido todas as atividades desportivas nas suas instalações, em 12 de março, os jogadores vitorianos, revelou Frederico Venâncio, têm utilizado uma aplicação de videoconferência para treinarem ao mesmo tempo, "matando saudades uns dos outros" e "continuando o ritmo que tinham no balneário".
Mesmo com a ausência da relva, o "aspeto mais difícil" da paragem em curso, o defesa realçou que a ligação entre os membros do plantel por via digital, bem como o tempo passado com a família, o ajudam a desligar da "situação mentalmente desgastante" associada às infeções e às mortes causadas pela covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 22.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com quase 260.000 infetados, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 7.503 mortos em 74.386 casos registados até quarta-feira.
Em Portugal, registaram-se 60 mortes e 3.544 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 549 novos casos em relação a quarta-feira.
Dos infetados, 191 estão internados, 61 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram. Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.
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