Os treinadores portugueses José Peseiro e Pedro Martins e o espanhol Júlio Velásquez consideram que o maior desafio no regresso ao trabalho em plena pandemia de COVID-19 é trabalhar os diferentes medos dos futebolistas.
Em declarações à EFE, o selecionador da Venezuela e os técnicos do Olympiacos e do Vitória de Setúbal são unânimes em avaliar que cada jogador tem preocupações distintas e podem encarar a situação de forma diferente, num cenário que é preciso ‘normalizar’.
“Normalizar o dia a dia, para que o jogador possa ‘escapar’. Cada um tem circunstâncias diferentes, é preciso saber o que rodeia cada desportista”, defendeu Velásquez, técnico do Vitória de Setúbal.
O treinador espanhol entende que para alguns é importante falar e para outros não, e deu o exemplo de alguns brasileiros do plantel do Setúbal, que vivem preocupados com as famílias no Brasil, numa fase em que os sadinos regressaram ao trabalho e em que todos testaram negativo.
Também Pedro Martins, treinador do Olympiacos, entende o facto de uns precisarem mais de falar do que outros, mas disse que uma das chaves para um regresso é a confiança transmitida, as garantias dadas aos jogadores: “Têm a confiança necessária para encararem a nova realidade”.
“Cada jogador tem uma força mental diferente, sabem que em casa têm família, têm pais…”, explicou Peseiro, selecionador da Venezuela, em relação ao período que se vive com a pandemia, no qual haverá a novidade de se jogar sem público.
Desde o isolamento de quase dois meses, num período superior ao das habituais férias dos futebolistas, ao regresso aos treinos, Velásquez e Pedro Martins explicam que é uma fase de reconquista de confiança.
Para Peseiro, o futebol tem de assumir o combate à pandemia, assumindo um papel de serviço público.
“É tão importante – perdoem-me a loucura -, como os médicos ou enfermeiros. O futebol é tão necessário para a saúde das pessoas como os médicos ou enfermeiros”, no sentido de poder ajudar a saúde mental dos adeptos, disse o treinador.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 283 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Quase 1,4 milhões de doentes foram considerados curados.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, vários países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.
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