A cumprir quarentena, depois de ter acusado positivo num dos testes ao novo coronavírus, o médico realçou que as 10 infeções oficialmente anunciadas pelo clube de Alvalade - oito em jogadores e duas em elementos do ‘staff' - surgiram apesar das várias medidas de segurança adotadas e avisou que a situação se pode repetir ao longo da época, entre as 18 formações do campeonato.
"No Sporting, já testámos duas vezes por semana e, depois, uma vez por semana. Mesmo com medidas de segurança, como lavagem das mãos e uso de máscara, tivemos jogadores infetados. É muito difícil ter uma época inteira livre de COVID-19", disse, por videoconferência, num dos painéis do evento dedicado ao futebol.
Numa discussão sobre o foco e a forma dos jogadores de futebol durante calendários irregulares, como se tem verificado durante a pandemia, João Pedro Araújo acrescentou que as equipas podem "reduzir o risco de contágio", mas nunca o eliminar.
Além do Sporting, também o Gil Vicente, adversário dos ‘leões' em duelo da primeira jornada da I Liga, entretanto adiado, registou casos de infeção neste mês (18, no total), assim como o Moreirense e o Vitória de Guimarães, com um caso positivo cada.
João Pedro Araújo recordou ainda a suspensão das competições decretada pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) em 12 de março, durante a época passada, tendo dito que a preocupação com a saúde física dos atletas, obrigados a treinar em suas casas, foi tão elevada como a preocupação com a saúde mental.
"Sabíamos que eles iriam enfrentar um longo período de isolamento. Falámos sobre os seus medos. Havia muita ansiedade neles (...). Dissemos para formarem pequenos ginásios em casa, para poderem treinarem. Mas não é a mesma coisa de treinar à máxima velocidade, num relvado, com chuteiras", lembrou.
Os jogadores da I Liga portuguesa só puderam regressar aos relvados no início de maio, após quase dois meses de confinamento, mas com um protocolo de segurança que os obrigou a treinar primeiro individualmente e só depois em grupo.
A competição só regressou no início de junho, um mês depois dos plantéis terem voltado aos relvados, algo que, para o médico do Sporting foi correto, por ter permitido o cumprimento do protocolo e evitado "possíveis lesões".
"Tivemos quatro a cinco semanas para preparar os atletas para o regresso à competição. Isso permitiu que seguíssemos o protocolo para a COVID-19 (...). Tínhamos receio de que os jogadores contraíssem lesões com um regresso apressado à competição. O regresso da I Liga correu bem", frisou, num painel que contou ainda com a analista de ‘performance' da seleção feminina dos Estados Unidos, Ellie Maybury.
A pandemia de COVID-19 já provocou pelo menos 971.677 mortos e mais de 31,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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