O avançado brasileiro Luiz Phellype é o único futebolista que está a utilizar a Academia do Sporting, durante o estado de emergência provocado pela pandemia de covid-19, segundo o diretor clínico do clube, João Pedro Araújo.
"Nós, no futebol e nas modalidades, escolhemos os casos de maior gravidade em que a falta de tratamento poderia deixar sequelas e, nessa triagem, o Luiz Phellype está a ser tratado nas instalações do clube", afirmou João Pedro Araújo, numa videoconferência de imprensa.
O clínico explicou que os restantes desportistas das várias modalidades que iniciaram esta fase com "lesões menores ou numa fase adiantada continuaram a recuperação em casa", apontando como exceção o guarda-redes Renan, que, pontualmente, é tratado na Academia, pelo próprio responsável clínico dos 'leões'.
João Pedro Araújo assinalou a realização de dois testes entre atletas e funcionários do clube ao novo coronavírus, tendo ambos resultados negativos, aproveitando para agradecer o empenho do "mundo Sporting" nesta "tarefa complicada de converter treinos para um ambiente doméstico".
"Estamos todos a enfrentar uma paragem certamente muito prolongada e, se calhar, mesmo em casa, todos temos trabalhado mais do que nunca", frisou.
O clínico aconselhou a organização de uma "mini-pré-época" caso sejam reatadas as competições, uma vez que será realizado um campeonato de forma muito condensada, sem esquecer os efeitos desta interrupção, que vai acarretar "uma perda de forma física considerável".
"Os programas feitos para os domicílios, com bicicletas, passadeiras e alguns pesos, podem amenizar a quebra da forma física, mas não conseguem mimetizar as exigências de uma partida de futebol (…), e um campeonato, muito apertado, sem preparação pode provocar lesões muito graves, para a própria carreira do atleta", explicou.
Com o objetivo de "concluir o campeonato" iniciado, "de forma responsável e sem colocar os ativos em risco", João Pedro Araújo reconheceu ainda os riscos do regresso à normalidade, após isolamento.
"Há uma componente que não será só para os atletas, mas para a sociedade, que é uma ansiedade generalizada. Será normal haver uma fobia no retorno aos treinos, como existe a fobia social depois de um isolamento algo extenso. São situações que não foram estudadas na população desportiva", admitiu.
O médico 'leonino' diz estar atento a "uma certa ansiedade" por parte dos atletas, ressalvando que as videochamadas de grupo realizadas, associadas à prática do exercício físico, permitem ir preparando o grupo.
João Pedro Araújo explicou ainda ter mantido contacto com Frederico Varandas, presidente do Sporting e seu antecessor no cargo, já depois de estar ao serviço do exército: "Estava muito ocupado, mas estas reuniões servem para delinear o nosso plano estratégico, ele tem sempre uma palavra a dar, e é bem-vinda".
As competições portuguesas de futebol estão suspensas desde 12 de março, devido à pandemia de covid-19, que já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.
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