De jogador a presidente do Sindicato de Jogadores, de diretor geral de clubes a administrador, de treinador a candidato à presidência do Sporting e, novamente, a técnico de futebol. José Couceiro já interpretou todos estes papéis ao longo da sua vida profissional, mas parece ser no banco de suplentes que se sente mais realizado.
O sobrinho-neto do histórico Peyroteo, a antiga glória do Sporting, parecia destinado a uma carreira no futebol, só não se esperava que fosse tão diversificada. Ato contínuo, José Júlio de Carvalho Peyroteo Martins Couceiro tentou seguir as pisadas do seu tio-avô, mas o talento estava guardado para outras áreas do futebol.
O fim da discreta carreira chegou aos 29 anos, depois de passagens pelo Montijo, Barreirense, Atlético e Estrela da Amadora. Por esta altura já José Couceiro tinha iniciado a sua atividade de sindicalista e aí deu o passo seguinte, ao assumir em 1993 a presidência do Sindicato de Jogadores. Sob a sua liderança, o organismo ganhou mediatismo e peso no futebol português, mas a experiência chegou ao fim em 1997.
Um ano depois, novas funções: diretor geral do Sporting. Contudo, o período conturbado do clube ditou a sua saída em março de 1999. Não ficou muito tempo sem ocupação, já que o Alverca confiou-lhe o cargo de administrador. Seria aqui que estabilizaria o seu percurso, exercendo até 2002 e passando para treinador nos dois anos seguintes.
No verão de 2004 assinou pelo V. Setúbal, impondo uma marca no Bonfim. Os sadinos andaram perto do topo da classificação e essa proeza não passou despercebida ao FC Porto. A aventura no Dragão não foi feliz e deixaria o clube no final de 2005/05. José Couceiro mudou-se então para o Restelo, mas uma vez mais não ficaria muito tempo, já que cerca de um ano depois trocava o Belenenses pela seleção nacional de sub-21. O papel de selecionador dura até 2008, num percurso em que conseguiu conduzir a equipa a dois Campeonatos da Europa.
O estrangeiro foi o passo seguinte. Primeiro, a seleção da Lituânia e o Kaunas, assumidos em simultâneo; depois, os turcos do Gaziantspor, e nova breve passagem pela Lituânia. Porém, o apelo do Sporting para ser novamente diretor geral, 13 anos depois, foi demasiado forte. Tal como em 1998, o regresso aos gabinetes de Alvalade não correu de feição. Meses depois estava a tomar conta da equipa até ao fim da época, após a demissão de Paulo Sérgio.
Voltou de seguida ao estrangeiro para treinar o Lokomotiv Moscovo por uma temporada, mas o seu caminho cruzou-se outra vez com o Sporting, quando concorreu às eleições de 2013, perdendo a presidência do clube para Bruno de Carvalho.
Reencontrou-se no banco de suplentes do Vitória de Setúbal, com uma época de sucesso que lhe valeu agora o convite para o Estoril.
Estrela & Promessa
Da segurança de Vagner à irreverência de Kuca
O guardião brasileiro tem nas mãos a estabilidade de um Estoril em renovação, mas pronto a lançar novos talentos, como o jovem cabo-verdiano Kuca.
Aos 28 anos e já com cinco temporadas no clube, Vágner é a referência incontornável do Estoril. Os anos de sucesso que se vivem na Amoreira levaram já várias vezes o emblema da Linha a perder os seus melhores jogadores e impuseram a necessidade de reconstruir uma nova equipa competitiva. Muitos partiram. Vagner é o último resistente.
Titular em 29 dos 30 desafios dos estorilistas no último campeonato, o guardião brasileiro foi o quarto menos batido da prova, num registo que só ficou atrás dos três grandes. Com 1,85m e 80 quilos de peso, Vágner impõe-se pela sua segurança, sobriedade e tranquilidade que empresta aos colegas da defesa.
Contudo, tais virtudes têm um preço e esse é a cobiça noutros emblemas de maior nomeada. De facto, é bom não esquecer que o mercado de transferências apenas fecha a 31 de agosto e o nome de Vagner consta na agenda de vários clubes para um reforço “de última hora”. Se não ficar no Estoril, a missão de José Couceiro em honrar o pesado legado de Marco Silva torna-se ainda mais complicada.
A promessa oriunda de Cabo Verde
O futebol de Cabo Verde já trouxe muitos talentos ao futebol português. Alguns enveredaram mesmo pela Seleção Nacional, enquanto outros mostraram-se fiéis aos “Tubarões Azuis”. É o caso de Kuca, o jovem médio ofensivo descoberto pelo Estoril no Desportivo de Chaves.
Aos 25 anos, o jogador dá finalmente o salto para a I Liga, depois de ter chegado em 2010 a Portugal. Formado no Boavista da Praia, Jaílton Alves Miranda – que no futebol dá pelo nome de Kuca – chegou a solo nacional para representar o Mirandela. No modesto emblema de Trás-os-Montes ficaria uma época e meia, até dar o salto para o vizinho Desportivo de Chaves.
Nos flavienses o jovem cabo-verdiano encontrou o espaço certo para a sua afirmação. Foram dois anos e meio sempre a subir. Em 2012/13, ainda na antiga II Divisão – atual Campeonato Nacional de Seniores -, Kuca apontou 14 golos e ajudou à subida da sua equipa. Já na II Liga, o jovem crioulo resistiu à diferença competitiva e apontou 12 golos em 35 partidas.
Bom a jogar entre linhas, rápido, dono de técnica assinalável e eficaz em zonas de finalização: assim é Kuca. Um cartão-de-visita apreciável que aguarda agora pela confirmação na elite do futebol português.
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