Em entrevista à Sport TV, Jorge Jesus falou de vários temas fortes do futebol português. O treinador do Al-Hilal considera que a mentalidade em Portugal tem de mudar e recordou problemas que teve com as claques em três clubes pelos quais passou. Confira os principais temas da entrevista.

As claques

"Para as claques perceberem: quanto mais pensarem que ao lá irem pressionar os jogadores eles vão correr mais... mentira! Menos correm, menos confiante ficam e ficam a gostar menos deles. Para todos os líderes de claques em Portugal, deixem-se dessas cenas porque não é por aqui que os jogadores correm mais. No Benfica o Aimar disse-me 'saí da Argentina por causa disto, estou em Portugal e quero ir embora, vim para aqui levar com isto'. Para verem como os jogadores pensam."

A invasão a Alcochete

"Estava no lugar errado, dentro de campo. Se calhar atropelavam-me mas acho que os conseguia demover. O problema foi como eles entraram, com facilidade incrível, isso é que é para mim o grande problema. E ninguém é avisado que estão a entrar 50 homens na Academia. Como é que isto é possível? Se eu soubesse, acho que os impedia. O Bas Dost, grande profissional e jogador, a sangrar, a dizer 'porquê eu, porquê eu, míster?', a chorar como uma criança. Essa imagem ficou marcada para mim. Agora os socos que levei... não contam nada."

Al-Hilal

"Tenho grandes jogadores, como tinha no Benfica e Sporting. Em termos de adeptos, os estádios têm sempre 40, 50 mil adeptos, em casa está sempre lotado. Não noto diferença nenhuma mas como não sei o que se fala na comunicação social. Sei que isto tem expansão muito grande mas não sei o que dizem. É a única diferença que noto. Às vezes nem sei os dias da semana. Mas de resto não vejo a diferença. Jogo com o Al Nassr e é o mesmo que um Benfica-FC Porto. A única diferença é que não estou em Portugal."

Regressar a Portugal

"Quero acabar o meu contrato até maio, sair daqui campeão. Eles pedem muito para o Al Hilal ganhar a Champions, só que ela só acaba em outubro do próximo ano. Só se eu ficasse mais um ano é que poderia estar nas meias-finais. Tenho contrato de um ano mais um de opção. Se me vai mudar o sentido no futuro, acho que não, pois não me iludo. É assim porque estou a ganhar. As pessoas enquanto eu ganhar adoram-me mas quando não for assim é quase como em Portugal. Em Portugal chega-se a extremos. O meu pensamento está todos os dias em Portugal."

Luisão e Aimar como seus adjuntos

"Isso é uma novidade para mim. Não sei de nada. Se fosse verdade eu tinha de saber de alguma coisa. Primeiro ninguém me convidou para voltar ao Benfica. Segundo, quem me conhece sabe que uma das prioridades que coloco é a minha equipa técnica. Portanto, isso não tem nada de verdade. Se me disseres 'mas são teus dois ex-jogadores de quem gostas', isso é outra questão. Mas desconheço isso. Praticamente não falo com o Luisão, a última vez foi um Sporting-Benfica em que ele me cumprimentou. Nunca falei com o Luisão sobre isso mas que ele tem princípios para começar a carreira como um bom adjunto e líder, não tenho dúvidas. O Aimar já está na seleção argentina. Não passa de surpresa."