Confirmada que está a dececionante descida do Paços de Ferreira, importa perceber as razões que motivaram a queda para o segundo escalão, apenas uma temporada depois de os 'castores' terem realizado uma época 21/22 de grande nível, em que terminaram no 11.º lugar, a apenas dois pontos do Santa Clara, que ficou em sétimo e que, curiosamente, também viu agora confirmada a descida.
Esta temporada, a história, infelizmente para os pacenses, teve outro desfecho: o início de temporada foi atribulado e culminou no despedimento de César Peixoto após a eliminação na Taça de Portugal, frente ao Vitória FC, na 3.ª eliminatória. O técnico de 42 anos deixava assim o clube, ao fim de 10 jogos e de dois pontos somados na I Liga.
Mas os problemas, sabe o SAPO Desporto, começaram logo no início da temporada. Nomeadamente com a construção da equipa ainda na pré-época. Jogadores com estatuto no plantel, como André Ferreira, Maracás, Marco Baixinho, Nuno Santos, Hélder Ferreira, Butzke, Denilson, Lucas Silva e Mohamed Diaby, deixaram o clube no final da época transata e essas ausências não terão sido colmatadas da melhor forma. O Paços contratou, na sua maioria, jogadores jovens, estrangeiros, e sem andamento de I Liga. Com exceção de Tiago Ilori, jogador formado no Sporting e que tinha estado cedido ao Boavista.
De acordo com informações apuradas pelo SAPO Desporto, terão sido prometidas condições a César Peixoto para que pudesse contar com uma equipa mais forte para fazer melhor do que na época anterior, o que acabou por não suceder.
O técnico terá feito saber que não estavam reunidas as condições para se levarem os objetivos do clube a bom porto, nem sequer para repetir a classificação que tinha sido conseguida na temporada passada. Face a estas preocupações, a direção pacense não terá acolhido da melhor forma as chamadas de atenção de Peixoto. Os reforços acabaram por chegar a conta-gotas e sem tempo de adaptação à nova realidade.
Para além das questões dos reforços e dos jogadores que saíram, o Paços teve ainda que lidar com a lesão de jogadores nucleares, tais como Gaitán ou Luiz Carlos. Jogadores essenciais para ajudar na adaptação dos jogadores mais novos. O calvário de lesões também assolou a equipa pacense, que teve que se deslocar à Luz, no início da temporada, sem 12 jogadores devido a problemas físicos. Acabou por perder o encontro por 3-2.
Após o despedimento de César Peixoto, José Mota tomou conta da equipa, mas o rendimento do Paços não melhorou. Paulo Menezes acabou por resgatar Peixoto novamente para o que restava da temporada, prosseguindo assim o projeto e o processo para qual o treinador tinha trabalhado desde a sua chegada ao clube nortenho.
Na reabertura do mercado chegaram ao clube Maracás, Marafona, Paulo Bernardo (emprestado pelo Benfica) e Hernani (emprestado pelo SC Braga).
Porém, a equipa, na ponta final do campeonato, não só se viu assolada pelas lesões, mas também por expulsões em alguns jogos, o que acabou por condicionar os pacenses para esta fase decisiva da época.
Na 32.ª jornada (Chaves - fora) , na 29.ª jornada (frente ao FC Porto - em casa) e na 26.ª jornada (frente ao V. Guimarães - fora) a equipa acabou reduzida a 10 unidades, depois das expulsões e Paulo Bernardo, Holsgrove e Marafona, respetivamente.
Mesmo tendo em conta os condicionantes, o Paços, com César Peixoto ao comando nesta segunda passagem, somou 21 pontos, e ainda poderá somar 24, ficando a faltar o último encontro da I Liga frente ao SC Braga. Um registo que poderia muito bem garantir a manutenção na I Liga de forma tranquila. É que, se considerássemos apenas a classificação da segunda volta, o Paços encontrava-se nesta altura na 12.ª posição, com 17 pontos.
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