O Presidente da República destacou hoje que o futebolista Eusébio "é, verdadeiramente, uma figura nacional", no discurso da cerimónia junto ao Panteão Nacional, "muito acima das querelas e das controvérsias” que marcam o quotidiano.
"Eusébio é, verdadeiramente, uma figura nacional", vincou Cavaco Silva, depois de se associar, "com profunda emoção", à decisão unânime da Assembleia da República de conceder honras de Panteão Nacional ao antigo internacional português.
Para o chefe de Estado, "como desportista, como ser humano, Eusébio da Silva Ferreira esteve sempre acima, muito acima, das querelas e das controvérsias que marcam o nosso quotidiano", independentemente de "divisões ideológicas ou simpatias clubísticas".
Durante o discurso do Presidente da República, ouviram-se, ao longe, alguns assobios e gritos de protesto.
Cavaco Silva reiterou que o atleta que se notabilizou no Benfica “foi das personalidades mais cativantes” que conheceu na vida, pois "encarava com surpreendente humildade a grandeza do seu génio".
"Admirado por milhões, tratava todos e cada um com uma extraordinária simplicidade, a simplicidade natural dos que são verdadeiramente grandes, que nada precisam de mostrar e exibir, porque têm a consciência serena do seu valor e da sua grandeza", continuou o Presidente da República.
O mais alto magistrado da nação sublinhou ainda que Eusébio "serviu a seleção nacional com uma dedicação sem limites", lembrando o seu choro após a derrota na meia-final do Mundial Inglaterra1966, precisamente diante dos anfitriões (2-1): "As lágrimas de Eusébio, nesse dia, foram as lágrimas de Portugal, no dia da sua morte".
"Eusébio da Silva Ferreira é um traço de união entre os portugueses, mas também no mundo lusófono. Pude testemunhar o carinho com que foi recebido em Moçambique, na sua terra natal", recordou ainda.
Cavaco Silva, a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, e o primeiro-ministro, Passos Coelho, vão assinar entretanto o "termo de sepultura", antes de se ouvir novamente o "A Portuguesa", agora executada pela banda da Guarda Nacional Republicana.
O Panteão Nacional recebe hoje os restos mortais de Eusébio, antigo futebolista do Benfica e da seleção e símbolo do desporto português, que morreu a 05 de janeiro de 2014 com 71 anos, vítima de paragem cardiorrespiratória.
Pouco mais de um ano após a sua morte, os deputados de todas as bancadas partidárias do parlamento foram unânimes, em 20 de fevereiro, na aprovação do projeto de resolução para conceder honras de Panteão Nacional àquele desportista de alta competição, o primeiro afro-português a merecê-las.
Também alcunhado de "King" (Rei) ou "Pantera Negra", ganhou em 1965 a Bola de Ouro, que então distinguia o melhor futebolista europeu a jogar na Europa, e conquistou duas vezes a Bota de Ouro (1967/68 e 1972/73), prémio para o melhor marcador dos campeonatos nacionais europeus.
O túmulo de Eusébio vai passar a estar junto dos da fadista Amália Rodrigues, da poetisa Sophia, do escritor Aquilino Ribeiro, do general e opositor ao Estado Novo Humberto Delgado, dos antigos presidentes da República Óscar Carmona, Teófilo Braga, Sidónio Pais e Manuel de Arriaga e dos também autores literários Guerra Junqueiro, João de Deus e Almeida Garret.
Sob as naves da Igreja de Santa Engrácia existem também monumentos fúnebres às figuras históricas de Nuno Álvares Pereira, Infante Dom Henrique, Afonso de Albuquerque, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e Luís Vaz de Camões.
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