O advogado de Luís Filipe Vieira, Magalhães e Silva, admitiu hoje que não falou com o presidente suspenso do Benfica sobre a substituição na presidência do clube por Rui Costa, mas garantiu que o cliente “conhece a realidade”.
“Tive o cuidado de não lhe dizer. Como ele não tem contacto com os meios de comunicação social ou com qualquer meio externo, é evidente que não lhe dei nota do que se passou entre ontem [sexta-feira] e hoje”, afirmou o advogado, em declarações aos jornalistas após o interrogatório conduzido esta manhã pelo juiz Carlos Alexandre, no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa.
Sobre a substituição na presidência do Benfica, depois de Vieira ter suspendido o exercício de funções na sexta-feira, Magalhães e Silva vincou que, apesar de não lhe ter falado sobre essa situação, o empresário, de 72 anos, estava ciente do que iria acontecer.
“[Luís Filipe Vieira] sabe perfeitamente que, desde que suspendeu as funções, aquilo que devia acontecer era que o vice-presidente do clube passasse a ser o presidente em exercício ou o presidente substituto. É seguramente o que está a pensar, porque ele sabe que o presidente substituto enquanto durar a suspensão de funções é, obviamente, Rui Costa”, explicou.
De acordo com um comunicado do Conselho Superior da Magistratura (CSM), o interrogatório do presidente do Benfica suspenso de funções durou quase cinco horas, com início às 09:15 e a sua suspensão pelas 14:11, estando a retoma das diligências agendada para as 15:15.
O advogado de Luís Filipe Vieira declarou à saída do ‘Ticão’ que o interrogatório havia terminado, pelo que agora seguir-se-á a promoção do Ministério Público (MP) e, posteriormente, a reação dos advogados de defesa, mas tal não impede o juiz de instrução Carlos Alexandre de pedir ainda esclarecimentos adicionais, se entender necessário. As medidas de coação dos arguidos serão posteriormente determinadas e conhecidas.
Luís Filipe Vieira, de 72 anos, foi a última das quatro pessoas detidas no âmbito da investigação ‘Cartão Vermelho’ a ser ouvida pelo juiz Carlos Alexandre, antes da aplicação das medidas de coação.
Na sexta-feira, o empresário José António dos Santos foi o primeiro a prestar declarações, durante a manhã, seguindo-se, da parte da tarde, os interrogatórios de Bruno Macedo e de Tiago Vieira, filho de Luís Filipe Vieira.
Também na sexta-feira, Luís Filipe Vieira comunicou a suspensão do exercício de funções como presidente do Benfica – nas quais foi substituído por Rui Costa -, por intermédio do seu advogado, à porta do TCIC.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), os quatro detidos são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.
Para esta investigação foram cumpridos cerca de 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
Comentários