Carlos Carvalhal fez a antevisão da partida do SC Braga frente ao Marítimo, marcada para amanhã, e abordou o clima tenso que se vive no futebol português, dentro e fora de campo, com conflitos entre treinadores e dirigentes no decorrer das partidas, como aconteceu na partida frente ao Sporting, no último fim de semana.
O técnico considerou que há muito a melhorar na relação entre treinadores, apelando a que não se olhe para o adversário como um inimigo.
"Eu fui sempre educado no futebol a ter um respeito muito grande pelos outros profissionais. A existir uma relação cordial com os outros treinadores, porque nós jogamos no campo e depois no final do jogo nós deixamos de ser adversários e somos colegas de profissão. Temos muito a melhorar na próxima época, não podemos entender que vamos para um jogo para jogar contra o treinador adversário. Acho que há um sentimento, de alguns colegas meus, que no campo estão mais focados em olhar para os treinadores adversários do que propriamente para o seu jogo e não pode ser assim", disse.
Carvalhal, que se inclui no lote de técnicos visados na sua análise, espera que a próxima época seja diferente e apelou a uma tomada de posição da Liga e da Associação Nacional de Treinadores de Futebol.
"Não estou a criticar ninguém em especial, estou-me a incluir no lote dos treinadores portugueses. Isto não pode continuar assim, os treinadores têm de dar o exemplo a toda a gente, não só ao futebol, mas à nossa sociedade. Espero que na próxima época tenhamos um respeito muito grande. (...) Vivemos numa pressão tremenda, mas isso não pode de forma alguma levar a que exista falta de respeito entre colegas, isso é inadmissível. A Liga tem de ser implacável na próxima época com isto. Vou ter oportunidade de falar com o José Pereira e vou-lhe dizer que a ANTF tem de tomar uma posição relativamente a isto", notou.
Realçando que estas situações não são normais no futebol, Carlos Carvalhal considerou mesmo que, se tudo continuar como está, as coisas podem piorar no futuro.
"Infelizmente durante esta época assisti, senti uma grande animosidade entre colegas treinadores e isso não é admissível. Comigo também, já assisti e já senti. Isto não é normal. (...) Se vamos por aqui, para o ano, daqui a pouco andamos todos à porrada uns com os outros. Eu faço parte dos treinadores da I Liga, não estou a meter os pés de fora, mas tem sido uma realidade e não é admissível", afirmou.
Instado a deixar uma proposta para melhorar a situação, respondeu: "não há propostas que valham o respeito e ética, os nossos adversários não são nossos inimigos, não há multa que resolva um assunto desses, de falta de respeito e de ética. Esta época não foi pontual, mas recorrente, e não apenas nos jogos mais mediáticos".
O Sporting de Braga criticou, na terça-feira, na sua newsletter semanal, o comportamento de "provocação constante e agressividade raivosa" de elementos do Sporting nos camarotes, onde estavam o treinador Rúben Amorim e o diretor desportivo Hugo Viana, que foram, respetivamente, multado e alvo de um processo disciplinar por parte do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, na sequência do jogo.
"Foram ultrapassados limites que devem envergonhar não apenas os autores dos atos em causa, mas também toda a estrutura que os comparticipa e estimula de forma direta ou indireta", pode ler-se.
*Artigo atualizado às 14h14
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