O candidato António Freitas pediu hoje maior abertura nas relações do Desportivo das Aves com a sociedade anónima que gere o futebol profissional do último classificado da I Liga, à qual equaciona fazer uma auditoria.
“Há um protocolo com deveres e direitos. Tentei saber se havia dúvidas da SAD ao clube, mas estava tudo muito trancado. Com esta equipa, a SAD vai ter de ser muito aberta e transparente. Se for necessário, farei uma auditoria, o que não significa desconfiar de ninguém nem pôr em causa a seriedade”, assumiu, na apresentação da candidatura às eleições dos corpos sociais avenses.
Mesmo “assustado” com a gestão financeira da sociedade liderada pelo chinês Wei Zhao, pautada por incumprimentos salariais com jogadores e treinadores, o presidente honorário dos nortenhos está motivado para contorná-la com “trabalho árduo”, lembrando que “agarrou o clube” em anteriores mandatos para debelar “momentos difíceis”.
“Se ganhar as eleições, vou dialogar. Sem grande manobra, temos elementos para ajudar a administração, sobretudo na parte do futebol, em que efetivamente falharam muito. Até ao final de julho vão surgir notícias sobre a SAD e não os vejo a deixar o clube ir para as distritais, porque aí terem mais dificuldade em recuperar o dinheiro investido”, observou.
Antigo dirigente máximo entre 1998 e 2001, António Freitas desistiu das eleições de 2016 e integra agora o sufrágio mais concorrido da história do Desportivo das Aves, usando o “talento da juventude” para contrapor a “continuidade” de Joaquim Neves, ex-futebolista e vice-presidente do futebol de formação, que repescou 11 dos 16 membros do atual elenco.
“Será que de um momento para o outro tornaram-se bons diretores ou vão estar mais atentos? Tenho muito respeito pelo Joaquim Neves, mas o presidente não é o único responsável pelas coisas boas e menos boas. Há lá elementos da direção que são corresponsáveis pelo abismo do Aves”, lamentou.
Defensor de um mandato semi-presidencial, que permita “responsabilizar quem o acompanha” em cada pelouro, António Freitas pretende acrescentar cadeiras e uma cobertura à bancada do complexo desportivo, pugnar pela recuperação do projeto de construção do Futebol Campus e operar melhorias na sede, loja e museu do clube.
Outras linhas programáticas passam pela melhoria das condições do futebol jovem, recuperando o controlo da equipa de juniores, o reforço dos plantéis de futsal e voleibol feminino e a criação das secções de voleibol masculino e atletismo, sem descartar relações estreitas com a claque ‘Força Avense’ e o atendimento semanal aos sócios.
Os nortenhos têm atravessado uma série de contrariedades desportivas, diretivas e financeiras e voltaram a falhar em 09 de maio a obrigação de demonstrar a inexistência de dívidas salariais a jogadores e treinadores nos meses de março e abril junto da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, que remeteu o processo para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, tal como tinha sucedido em 03 de abril.
A SAD liderada pelo chinês Wei Zhao justificou o incumprimento entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020 com a paralisação da atividade económica na China, motivada pela pandemia de covid-19, mas assistiu às rescisões unilaterais do guarda-redes francês Quentin Beunardeau e do avançado brasileiro Welinton Júnior, numa reincidência que pode significar cinco a oito pontos de penalização na luta pela manutenção na I Liga.
As eleições do Desportivo das Aves, último classificado da I Liga, com 14 pontos em 27 jornadas, 11 abaixo da zona de salvação, rumo ao biénio 2020-2022 decorrem em 27 de junho, em horário a designar, no pavilhão do CD Aves, onde se consumará o fim de ciclo de Armando Silva, que lidera os nortenhos desde 2010/11 e afastou uma recandidatura.
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