Bruno Santos, defesa brasileiro do Paços de Ferreira, defendeu hoje o fim imediato dos campeonatos profissionais de futebol e abordou a atitude face à covid-19 do Brasil, país onde “o problema ainda não chegou em força”.
"As decisões são difíceis e vai ser preciso muita coragem, sobretudo nas questões do título e das descidas. Se houver condições e avançar a ideia de se concluir as provas num mês, é não pensar na saúde dos jogadores. São sempre necessárias duas a três semanas para nos prepararmos. Na minha opinião, acabava [já]", disse Bruno Santos, em declarações à agência Lusa.
O defesa direito não avançou soluções para as questões que mais dividem opiniões, mas defendeu decisões rápidas, "tendo em conta até as finanças dos clubes", porque, "se não entra dinheiro, os clubes também não vão poder pagar as suas contas".
"Só nos demos conta do problema no Paços quando o doutor, na véspera do jogo com o Rio Ave, que já ia ser à porta fechada [e nesse mesmo dia foi cancelado], passou a informação e falou na possibilidade séria de os campeonatos virem a parar. Até aí, toda a gente brincava com o vírus", recordou.
Seguiu-se o recolhimento e uma alteração da sua rotina habitual, feita habitualmente entre casa, estádio e igreja, mas sem dificuldade de adaptação da filha (de apenas um ano), com reflexos diretos, também, no trabalho, agora realizado a partir de casa.
"O Paços tem dado todo o suporte e trabalhamos diariamente por setor, num registo ‘online' e com o acompanhamento de um treinador. No meu caso, porque estou a recuperar de lesão, e nisso esta paragem até foi positiva, trabalho com um fisioterapeuta. Trabalhamos de segunda a sábado e por um mínimo de uma hora", revelou.
Bruno Santos recupera de uma entorse no joelho direito e está em final de contrato, mas, de momento, a preocupação maior do futebolista, de 27 anos, está no combate à pandemia da covid-19, com especial atenção ao que se passa no Brasil, onde tem grande parte dos familiares.
"Entendo e compreendo até certo ponto o que ele [Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil] quis dizer, mas a sua mensagem não tem nada a ver. O Brasil não tem fundos ou condições para poder fechar tudo e resistir, por outro lado é impossível não ficar infetado, quando quase toda a gente faz uma vida normal, muito por causa do que disse Bolsonaro", referiu.
O Presidente do Brasil tem-se mostrado reiteradamente contra as medidas de isolamento social, tendo mesmo afirmado que o brasileiro “não pega nada” e defendido que “essa neurose de fechar tudo não está a dar certo”.
Para Bruno Santos, "Portugal tomou cedo consciência da realidade e tomou medidas", evitando um número maior de infetados, enquanto "no Brasil começa-se agora a olhar para isto, mas o problema ainda não chegou em força". E, muitas das vezes, acrescentou o futebolista, "as pessoas só entendem mesmo quando o problema chega a suas casas".
O pai de Bruno Santos trabalha numa gasolineira e não pode mesmo deixar de o fazer, mas a mãe está em casa, em isolamento, residindo ambos no Rio de Janeiro.
"Tomam cuidados e, na realidade, todos temos de ser vigilantes. Mas não estou muito apreensivo, até porque se Deus não guarda a gente, ninguém guarda", concluiu.
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