Bruno Paixão voltou a negar que tenha recebido dinheiro para beneficiar o Benfica. O nome do antigo árbitro apareceu numa investigação do Ministério Público no âmbito da 'Operação Saco Azul'. Diz a TVI as perícias financeiras efetuadas pela Polícia Judiciária e o Ministério Público a uma empresa que, alegadamente, recebeu cerca de 1,9 milhões de euros do clube por serviços de consultoria fictícios, encontrou pagamentos efetuados ao árbitro Bruno Paixão, que já terminou a carreira.
O juiz esteve na 'CNN Portugal', onde apresentou a sua defesa.
Reação à notícia: "Devastadora. Arrasou por completo, foi um assassinato público, a mim, à minha família. Os meus pais estão devastados, nas duas primeiras noites não conseguia dormir. O meu pai veio ver como estava a meio da noite. Para ficar claro não sou arguido, testemunha, não tive nenhum contacto da Polícia Judiciária. O último contacto com o MP foi há um ou dois anos."
"Percurso académico: "Em 2002 acabei o curso, sou engenheiro de produção industrial. Tive um percurso curto numa das empresas da Autoeuropa, no departamento de qualidade. Em 2004 sou chamado à administração desta empresa e dizem que tinha de decidir entre a arbitragem e a empresa. Decidi-me pela arbitragem. Em 2012, saí, levei um murro por ter saído, mas tive de restruturar toda a minha vida e foquei-me na área da qualidade, fiz vários cursos."
Ligação com empresas de José Bernardes: "Quando estou neste processo, o advogado Fernando Ferreira criou a minha empresa, começo a distribuir flyers, a passar currículos. Neste processo recebo um telefonema de José Bernardes para entrevista de emprego. Foi através de um currículo. Começou nesse momento, em novembro de 2013 e terminou em agosto de 2014. Foram 9 meses. Isto pago muito abaixo do preço de mercado. Aceitei o trabalho que era um projeto muito desafiador. Um auditor de qualidade no mercado recebe entre 200 a 350 euros por dia. Entrava todos os dias às 8 e saía ao final do dia."
A sua ligação a José Bernardes e ao 'Saco Azul': "Entrego a documentação quando quiserem, deixo lá todos estes documentos. Consigo provar o que tenho e não o que não tenho."
Jogos do Benfica: "Todos os jogos que fiz na minha carreira foram olhados de forma imediata. Não gosto é de falar em erros de arbitragem, falo em oportunidades de melhoria. Quando isso acontecia, analisava com os meus assistentes, sempre analisei os meus jogos. Só em ambiente de jogos que apitei [é que conheci Luís Filipe Vieira]. Também me cruzei com Rui Costa no Casa Pia, como árbitro também porque em alguns jogos circulava na zona técnica. […] Nunca nenhum elemento ligado à estrutura do Benfica me pediu o que fosse de negativo, nem por interposta pessoa."
Alguma vez foi abordado para ajudar a equipa A ou B? "Sim, fui abordado a 3 junho de 2017, fui nomeado para um jogo de play-off, da Académico Viseu, por um ex-delegado da Liga e um senhor que não conhecia. Reportei e meia hora depois estava sentado com dois agentes da PJ. Sei que já não é delegado."
Vida profissional atual: "Fiz um ponto final na arbitragem em maio do ano passado e abracei projeto que estava a adorar no Casa Pia, e sou motorista Uber. Conduzo entre as 6 e 11 da manhã, chegava a Pina Manique, pegava no carro até às 11 da noite. Neste momento tenho um apartamento, onde não estou a viver, é onde vive a minha ex-mulher e as minhas filhas, e tenho uma segunda empresa onde exerço a atividade de motorista TVDE."
No processo 'Saco Azul', em curso desde 2018, Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, foi constituído arguido, a par do administrador da SAD Domingos Soares de Oliveira, tendo em conta alegados crimes de fraude fiscal suscitados numa investigação da Autoridade Tributária.
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