6 de janeiro de 2019. O Benfica entra em campo na Luz para receber o Rio Ave, em partida da 16.ª jornada da I Liga. No banco, para a sua estreia como treinador principal das águias, está Bruno Lage, acabado de ser promovido do comando técnico da equipa B para substituir Riu Vitória.

Mais de cinco anos e meio depois, Bruno Lage vai voltar a estar no banco como treinador principal do Benfica, para uma segunda passagem pelo leme das águias, agora para suceder a Roger Schmidt, depois de a primeira não terminado de forma abrupta, a meio da temporada 19/20.

Mas como se comparam os dois cenários? Qual o ponto de situação aquando do início da primeira passagem de Lage em comparação com a situação que agora encontra?

A sete pontos do topo com 18 jogos pela frente na Liga

Quando Bruno Lage substitui Rui Vitória, em janeiro de 2019, o Benfica ocupava apenas o 4.º lugar da tabela, com menos um ponto do que o SC Braga, menos dois do que o Sporting e menos sete do que o FC Porto, campeão em título e líder destacado. Poucos imaginavam que aquele seria o ano da 'reconquista', com as águias a acabarem por recuperar o ceptro com uma segunda volta verdadeiramente notável às ordens de Lage.

Desta feita o campeonato vai ainda muito no início. O Benfica é apenas 7.º, mas os pontos de desvantagem para o líder - e também campeão em título - Sporting são só cinco. Se há seis épocas havia 18 jogos para jogar, desta feita há 30.

O primeiro onze de Lage

Para o tal jogo de estreia na Luz, ante o Rio Ave, o Benfica entrou em campo com Vlachodimos na baliza, André Almeida, Rúben Dias, Jardel e Grimaldo na defesa, Fesja e Pizzi no meio e Cervi, Salvio e João Félix no apoio a Seferovic. Do banco saltaram, depois, Krovinovic,Facundo Ferreyra e Zivkovic. Nenhum resiste ainda na Luz.

As alterações ao jogo anterior - derrota por 2-0 na visita ao Portimonense no derradeiro jogo de Rui Vitória - não foram muitas. Jonas, castigado, cedeu o lugar a Seferovic na frente. Um pouco mais atrás, a única mudança que não foi forçada: Gedson Fernandes saiu do onze e João Félix foi titular.

E o jogo não começou nada bem, com Gabrielzinho a dar vantagem ao Rio Ave logo aos 17 minutos e Bruno Moreira a fazer o 0-2 logo depois. Ao fim de 20 minutos no seu jogo de estreia, Lage via o Benfica a perder por 2-0 em casa. Os adeptos encarnados desesperavam. Mas Seferovic reduziu aos 27 minutos e João Félix empatou aos 31. Depois, na segunda parte, ambos bisaram e o Benfica acabou por vencer por 4-2.

Depois do susto, a vitória. Foi o mote para uma sequência de triunfos que relançaram as águias na luta pelo título: foram nove triunfos consecutivos na I Liga, o último dos quais no Estádio do Dragão, à 24ª jornada, a deixar o Benfica no topo da classificação. Ou seja, Bruno Lage precisou de apenas 9 jornadas para levar o clube da Luz a subir de 4.º a 1.º, recuperando de uma desvantagem de sete pontos para dois de vantagem em relação aos dragões.

Seguiu-se um empate com a B SAD em casa, no único jogo que o Benfica às ordens de Lage não ganhou nesse campeonato. Depois, foram mais nove vitórias seguidas e o título garantido na última jornada, com dois pontos de avanço sobre o FC Porto. Derrotas, só na Taça da Liga diante dos azuis e brancos, na Taça de Portugal frente ao Sporting e nas provas europeias (ante Dinamo Zagreb e Eintrach Frankfurt).

O início do descalabro...agravado pela pandemia

Lage renovou, pelo meio, pelo Benfica, e até começou a temporada seguinte a golear o Sporting por 5-0 na Supertaça. E com mais duas vitórias no arranque do campeonato. À 3.ª vitória perdeu 2-0 na Luz com o FC Porto e na Europa, na Liga dos Campeões, sofreu duas derrotas a abrir. Mas no campeonato as coisas continuaram a correr bem e, com mais uma considerável série de triunfos, os encarnados chegaram à 19.ª jornada com 7 pontos de avançado sobre o FC Porto.

Estávamos no início de fevereiro...e foi aí que começou o descalabro, com derrotas frente a FC Porto e Braga, antes de dois empates, com Moreirense e V.Setúbal. Resultados que permitiram ao FC Porto ultrapassar o Benfica no topo, com um ponto de avanço. E, aí, o futebol (e o mundo) pararam devido à Covid 19.

O retomar da competição trouxe mais dois empates e a pressão sobre Bruno Lage começou a adensar-se. Ainda houve uma vitória, mas, depois, duas derrotas, que deixaram o título como uma miragem.

O último onze

A primeira dessas duas derrotas que ditaram em definitivo o fim da primeira passagem de Lage pelo comando técnico do Benfica foi na Luz, , por 3-4, contra o Santa Clara...curiosamente a equipa contra a qual agora vai ter a sua segunda 'estreia', no mesmo palco.

A segunda foi numa deslocação à Madeira para defrontar o Marítimo, já com uma enorme contestação por parte dos adeptos. O Benfica perdeu por 2-0 e Bruno Lage acabou mesmo por ser despedido, depois de uma série de apenas duas vitórias em 13 jogos.

Nesse encontro com o Marítimo, o seu último antes do adeus, a 29 de junho de 2020, ano e meio depois de assumir o cargo de treinador principal, Bruno Lage apresentou um onze formado por Vlachodimos, André Almeida, Ferro, Jardel, Nuno Tavares, Samaris, Weigl, Chiquinho, Pizzi, Cervi e Carlos Vinícius. Do banco saltaram Zivkovic, Seferovic, Dyego Sousa, Jota e Rafa Silva. No banco ficou Florentino...o único que ainda resiste no plantel, neste regresso de Lage à Luz