Surpresa? Só para quem não viu o jogo desta segunda-feira no Bessa. O Benfica caiu pela primeira vez no campeonato (e com estrondo) frente a um Boavista praticamente perfeito, perdendo a liderança para o Sporting. Angel Gomes, com um golo e uma assistência para o 2-0 de Elis, foi a figura da partida, cabendo a Hamache fechar as contas com um remate a fuzilar as redes de Vlachodimos.
A equipa de Vasco Seabra soma o primeiro triunfo no campeonato e bem pode ficar orgulhosa da exibição realizada frente aos 'encarnados': pressão alta e em bloco, transições rápidas e muita coragem na forma como encarou o adversário, que contabilizou apenas dois remates enquadrados com a baliza. E quatro anos depois, o Sporting assume a liderança da I Liga de forma isolada.
Apesar do calendário apertado, Jorge Jesus apostou na máxima força, devolvendo Gilberto e Adel Taarabt à titularidade. Já Vasco Seabra tentou surpreender com um esquema de três defesas centrais – Chidozie, apoiado por Cristian e Mangas - e dois alas, num onze que contou ainda com o regresso de Angel Gomes.
A aposta, apesar de arriscada, surtiu efeito. O Boavista jogava com a defesa muito subida e com uma pressão muito forte no início da construção dos 'encarnados'. Darwin Núñez ainda marcou aos 11 minutos, embora estivesse em posição irregular, mas o Benfica estava irreconhecível, entre passes falhados e dificuldades em ligar o jogo através do seu meio-campo.
A agressividade do Boavista tornou-se ainda mais evidente quando Angel Gomes entrou em simulações na área, perdeu espaço de remate e acabou derrubado por Everton mesmo em frente a Hugo Miguel. O jovem médio (18') cobrou a grande penalidade com muita classe e os axadrezados festejaram pela primeira vez, esta temporada, no Bessa.
O Benfica, que não estava em desvantagem na Liga desde a última derrota que sofreu na competição, frente ao Marítimo, mostrava-se apático e sem inspiração. O primeiro remate das 'águias' à baliza só surgiu à meia-hora de jogo, com Jan Vertonghen a cabecear à figura de Léo Jardim.
Obrigando as 'águias' a defender em zonas recuadas, o Boavista expôs as fragilidades do adversário no controlo do espaço e foi, portanto, com naturalidade que chegou ao 2-0 numa grande jogada coletiva: Angel recebeu em zona central após uma bela jogada pela direita e serviu Elis para um remate colocado de pé esquerdo à saída de Vlachodimos. Vantagem merecidíssima da equipa de Vasco Seabra, que terminava a primeira parte com um total de 11 remates, contra apenas um do Benfica - houve ainda um golo invalidado a Pizzi por fora de jogo.
Ao intervalo, Jorge Jesus arriscou tudo na tentativa de virar o resultado, lançando em campo Weigl, Rafa Silva e Seferovic para os lugares de Gabriel, Pizzi e Everton. O técnico esgotou as alterações à hora de jogo, mas só conseguiu um livre perigoso de Darwin Núñez (52') e uma dupla defesa de Léo Jardim (62') a pontapés consecutivos de Rafa e do uruguaio.
A equipa de Vasco Seabra resistia à pressão, apostando tudo no contra-golpe. Foi o que aconteceu aos 76 minutos, com Yanis Hamache a disparar um remate indefensável à entrada da área, após cruzamento atrasado de Paulinho. Darwin ainda obrigou Léo Jardim a uma defesa apertada nos descontos, mas pelo meio Elis (84') e o recém entrado Yusupha (90′) podiam ter dado outro volume ao resultado. O Benfica cai da liderança ao sofrer um resultado que não acontecia desde o dia 25 de outubro de 2015, quando era orientado por Rui Vitória e perdeu em casa, também por 3-0, com o Sporting... de Jorge Jesus.
O momento
Hamache faz o 3-0: Uma 'bomba' à entrada da área, sem hipóteses de defesa para Vlachodimos, deitou por terra qualquer aspiração de um outro resultado por parte do Benfica. Foi o xeque-mate do Boavista.
O melhor
Angel Gomes: O jovem médio não podia ter pedido melhor regresso após lesão: abriu o marcador com um golo de penálti que ele próprio sofreu, assistiu Elis com um magnífico toque e abrilhantou o jogo durante os minutos em que esteve em campo.
O pior
Benfica: Apático, permeável, sem ideias. Darwin ainda lutou, tendo sido o melhor dos 'encarnados' em campo, mas era preciso bem mais no plano coletivo para anular a estratégia do Boavista.
Reações
Vasco Seabra e a justiça do resultado: "Fizemos quase o triplo dos remates do Benfica"
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