É até a última gota de suor. É assim que se pode caracterizar o início de época do FC Porto neste 2023/24. A equipa de Sérgio Conceição está num processo de transformação, com a chegada de vários jogadores novos que saltaram para o onze, mas não é suficiente para explicar o nível de exibições até agora na Primeira Liga.
Os dragões tem encontrado nos largos descontos dados esta época na prova para conseguir os três pontos ou evitar derrotas certas, como aconteceu em casa com o Arouca.
São três triunfos conseguidos para lá da hora, ou seja, 60 por cento das vitórias chegaram em tempo de compensação. Até agora, os cinco triunfos foram conseguidos pela margem mínima na Liga.
A equipa até prometeu muito, na primeira parte da Supertaça quando entrou destemido diante do Benfica, criando oportunidades e não dando espaços ao adversário. No entanto, foi incapaz de travar o crescimento dos campeões nacionais a partir da meia hora e no segundo tempo, quando sofreu o primeiro golo, pouco ou nada produziu para contrariar a superioridade do adversário.
Seguiu-se a estreia na Primeira Liga em casa do recém-promovido Moreirense. O primeiro tempo dos dragões foi fraco, o segundo tempo melhor, porque a equipa teve de correr atrás do prejuízo. Wendell e Toni Martinez evitaram a derrota.
A estreia em casa prometia, diante do também promovido Farense. A equipa até marcou primeiro, mas depois voltou a exibir os mesmos problemas dos jogos anteriores. Cresceu o Farense, que empatou, teve oportunidades para a operar a reviravolta. Valeu Marcano a fazer o golo do triunfo, 10 minutos para lá da hora.
Nada mudou no jogo seguinte já que em Vila do Conde a derrota parecia mais do que certa, aos 90 minutos, altura em que o Rio Ave vencia. Mas em três minutos os azuis e brancos operaram a reviravolta, com golos de Galeno aos 90+1 e de Marcano aos 90+6.
Os descontos voltaram a safar a equipa da derrota, em casa diante do Arouca, quando Evanilson fez o 1-1 aos 90+9, num jogo polémico e que fez correr muita tinta por causa de um penálti a favor do FC Porto que foi revertido pelo árbitro após conversa telefónica com o VAR mas sem possibilidade de rever as imagens.
A Amadora foi exceção nesta caminhada: a vitória chegou graças a um golo de Mehdi Taremi aos 29 minutos, mas nem por isso os vice-campeões nacionais livraram-se de vários sustos. O Estrela fez mais do que suficiente para, no mínimo, empatar a partida. Mais três pontos amealhados, em mais uma exibição cinzenta dos azuis e brancos.
Os triunfos nos descontos voltaram na última jornada, em casa diante do Gil Vicente. Desta vez foi Eustáquio a ter cabeça para evitar o empate, aos 90+1, depois de Ivan Jaime ter colocado os dragões na frente no primeiro tempo e de Depú ter empatado para os gilistas, num jogo onde Diogo Costa evitou males maiores para o FC Porto.
O único jogo ganho com menos sobressaltos e por mais do que um golo foi diante do Shakhtar, na estreia dos azuis e brancos na Liga dos Campeões.
Com a saída de Otávio, a equipa perdeu criatividade no meio-campo que poderá ganhar com Ivan Jaime. O mágico espanhol ainda está a conhecer os cantos à casa mas começa a deixar a sua marca.
Sérgio Conceição está a tentar que Alan Varela faça o papel de Uribe mas isso leva tempo. Na frente, as constantes lesões de Evanilson não ajudam o técnico a reeditar a dupla temível que o brasileiro fez com Taremi nos últimos anos.
A lesão grave de Marcano e os constantes problemas físicos de Pepe são outro problema para o técnico, obrigado a entrar em campo com Fábio Cardoso e David Carmo a centrais, jogadores incapazes de dar garantia nessa posição. Nas laterais da defesa, Wendel e Zaidu continuam a mostrar os mesmos problemas de sempre, o primeiro a nível defensivo, o segundo, pelo que não oferece no ataque.
Na frente, o regresso de Taremi aos golos (marcou ao Estrela da Amadora e ao Shakhtar Donetsk) e a recente boa forma de Galeno são boas notícias, numa equipa ainda à procura dos seus melhores momentos.
A nível ofensivo, a equipa está longe do que já mostrou no passado. Há 9 épocas que os azuis e brancos não tinham tão poucos golos marcados (10) nas seis primeiras jornadas da Primeira Liga. A diferença é que em 2014/15, o FC Porto estava em segundo lugar com menos quatro pontos que o líder.
Na defesa, só Diogo Costa tem evitado males maiores. Apesar das boas exibições do guarda-redes internacional português, o FC Porto já sofreu cinco golos em seis jogos no campeonato, oito em oito jogos oficiais na época, se contarmos com os dois sofridos na Supertaça e o outro que encaixou diante do Shakhtar Donetsk.
Até agora, Sérgio Conceição utilizou 26 jogadores nos jogos oficiais esta época, o que deixa no ar a ideia de que o treinador ainda está à procura do melhor onze para os dragões.
O FC Porto joga esta sexta-feira na Luz com o Benfica, em jogo da 7.ª jornada da Primeira Liga.
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