Quase um ano após a recondução para um sexto mandato seguido do mais duradouro presidente da história das ‘águias’, que esteve no cargo durante cerca de 18 anos, os associados voltam às urnas para votar nos corpos sociais para o quadriénio 2021-2025.

Rui Costa (lista A) concorre pela primeira vez à liderança do Benfica, após ter sido ex-administrador da SAD e vice-presidente da direção de Luís Filipe Vieira, cuja detenção e implicação na operação judicial ‘Cartão Vermelho’ motivou a sua renúncia.

Ao ser constituído arguido, por suspeita de diversos crimes económico-financeiros, o empresário decidiu suspender funções em 09 de julho - levando mesmo o ex-jogador a assumir a sua sucessão no relvado do Estádio da Luz - e demitiu-se seis dias depois.

Já Rui Costa, de 49 anos, tentou ‘blindar’ ao máximo a preparação da época 2021/22, mas, apesar do fulgor da equipa de futebol, líder isolada da I Liga e com pujança na Liga dos Campeões, nunca escondeu a intenção de ser legitimado pelos sócios, com a demissão em bloco dos corpos sociais, em 01 de setembro, a acelerar a marcação do ato eleitoral.

Sob o lema ‘Por Todos. Com Todos. Benfica’, o antigo diretor desportivo almeja plantéis competitivos no futebol, com orçamentos sustentáveis e um máximo de 25 atletas, além de tetos salariais nos primeiros contratos seniores e na massa salarial global do plantel.

A afirmação da grandeza europeia do clube estende-se ao futebol feminino, secção que poderá ser transferida para a futura Cidade Desportiva das modalidades, onde será construído um centro de alto rendimento, visando a conquista anual de 10 títulos, para lá da criação da Casa do Sócio na Luz e da expansão do centro de estágios do Seixal.

Rejeitando o epíteto de “príncipe herdeiro” de Luís Filipe Vieira, a antiga ‘glória’ das ‘águias’ nos relvados (1991-1994 e 2006-2008) mantém na direção os ‘vices’ Fernando Tavares, Domingos Almeida Lima, Sílvio Cervan, Jaime Antunes e Rui do Passo.

Com José Eduardo Moniz e João Varandas Fernandes de saída, entram Luís Mendes, José Gandarez e Manuel de Brito, filho do ex-líder do Benfica Jorge de Brito, enquanto Fernando Seara, ex-autarca da Câmara de Sintra e deputado parlamentar, foi incitado a presidir a Mesa da Assembleia-Geral e Fernando Fonseca Santos o Conselho Fiscal.

A lista de Rui Costa recebeu o apoio do grupo de sócios ‘Benfica Bem Maior’, liderado pelo antigo ‘vice’ João Braz Frade, que se opunha a Luís Filipe Vieira, restringindo a oposição a Francisco Benitez (lista B), principal rosto do movimento ‘Servir o Benfica’.

O empresário, de 57 anos, candidatou-se mediante seis condições, que a Mesa da Assembleia-Geral, liderada por António Pires de Andrade, aprovou no regulamento eleitoral, com destaque para a adoção do voto físico em urna em Portugal continental.

Pedro Casquinha, Carlos Lisboa Nunes, Bernardo Correia, Pedro Brinca, José Miguel da Luz e Victor Conceição serão vice-presidentes, ao passo que João Pinheiro e Nuno Leite são escolhas para a Mesa da Assembleia-Geral e o Conselho Fiscal, respetivamente.

Criticando Rui Costa por representar um “símbolo do ‘vieirismo’” desde que se despediu dos relvados, Francisco Benitez pretende remodelar a composição do Conselho de Administração da SAD e da estrutura para o futebol, que passará a ter administradores, diretor desportivo, ‘team manager’, diretor de prospeção e responsável pela formação.

Se a secção de futebol feminino vai ser integrada na SAD e deslocada para o Seixal, o râguebi mudará para o relvado secundário da Luz e haverá novas equipas de futebol e voleibol de praia e de eSports, enquanto o local de fundação do clube será recuperado.

Consultar os sócios sobre a designação de estádio e centro de estágio e a posição do clube quanto à centralização de direitos televisivos, bem como fazer auditorias regulares, são outros objetivos do empresário, que desistiu nas últimas eleições para apoiar João Noronha Lopes, candidato derrotado por Luís Filipe Vieira e ausente da atual corrida.

Pontos comuns às duas listas passam pela diminuição do número de jogadores sob contrato, crescente utilização da formação, estudo do regresso do ciclismo, reforço do projeto olímpico, renovação da Luz, relançamento da BTV ou uma revisão estatutária.

As eleições do Benfica decorrem no sábado, das 08:00 às 22:00, no Pavilhão n.º 2 do Estádio da Luz, em Lisboa, e em 24 casas do clube de norte a sul do país, sendo que os sócios residentes nos Açores, na Madeira ou no estrangeiro irão votar por via ‘online’.