Por vezes, a melhor defesa é o ataque. Certamente já ouviu esta expressão. Ora na receção deste sábado ao Boavista, o ataque foi, em grande parte, dos defesas: à falta de inspiração de Jonas, foi a dupla de centrais do Benfica a desbloquear o marcador frente ao 'carrasco' da primeira volta. De resto, foi preciso esperar quase dois anos para os 'encarnados' baterem a formação axadrezada. A vingança serviu-se fria, como mandam as regras, e em jeito de goleada: Rúben Dias, Jardel e Jiménez, todos eles a repetirem o que haviam feito há duas semanas contra o Rio Ave. E houve ainda um auto-golo que teve tanto de infeliz como de caricato.

Com ou sem ‘bluff’, Rui Vitória manteve o onze que bateu o Portimonense por 3-1 na jornada anterior. Ficavam assim desfeitas as dúvidas relativamente à condição física de Jonas, melhor marcador do campeonato, que causou apreensão durante a semana depois de ter saído com limitações do encontro com a formação algarvia.

No lado do Boavista, Jorge Simão também repetiu a equipa inicial da última jornada – triunfo sobre o Vitória de Guimarães por 1-0.

Logo aos quatro minutos, Vagner teve de afastar com os punhos o remate de pé esquerdo de Zivkovic, à entrada da área. O Benfica, forte nas marcações aos axadrezados, procurava com mais frequência a área adversária e aos 14’ Cervi foi travado em falta dentro da área por Rossi.

Tiago Martins não teve dúvidas: grande penalidade a favor do Benfica. Chamado à conversão, Jonas atirou para a sua esquerda, mas Vágner adivinhou o lado e com uma grande estirada negou o golo ao brasileiro. A noite começava mal para o camisola 10 das ‘águias’, que vem de uma série de três jogos seguidos a marcar à equipa portuense.

O Benfica acabaria por chegar à vantagem pouco depois, na sequência de um canto - passa a ser a equipa com mais golos deste tipo de jogada no campeonato: canto na esquerda, Jardel amortece de cabeça ao segundo poste e Rúben Dias, que já tinha faturado no último encontro na Luz, a surgir na pequena área e a cabecear de cima para baixo, batendo Vágner.

Ao minuto 21’, os ‘encarnados’ reclamaram grande penalidade por mão na bola de Henrique dentro da área. Tiago Martins mandou seguir.

O Benfica foi controlando o jogo e as investidas do adversário, que parecia uma sombra da equipa que na época passada chegou a estar a vencer na Luz por 3-0. Bruno Varela, protagonista do encontro da primeira volta no Bessa pelos piores motivos, praticamente não teve de mostrar serviço durante o primeiro tempo. Já Pizzi podia ter deixado os tetracampeões numa posição mais confortável, mas o remate do médio (37') rasou o poste da baliza adversária.

Perto do intervalo, os ‘encarnados’ chegavam naturalmente ao 2-0 novamente através de um canto na esquerda, cobrado por Cervi, e novamente por intermédio de um central. Desta vez, foi Jardel a subir mais alto que Rossi e Henrique e a cabecear para golo. O Benfica vencia e bem um Boavista que até entrou algo pressionante na partida, mas que acabou por perder agressividade com o decorrer do jogo.

O segundo tempo começou com duas alterações no lado do Boavista: Renato Santos e Mateus entraram para o lugar de Kuca e de Rui Pedro. E se é verdade que os axadrezados soltaram-se um pouco mais – Yusupha chegou a assustar aos 53’ – era o Benfica quem criava mais perigo junto da baliza de Vágner. Aos 55’, cruzamento na direita de André Almeida, Cervi dominou no peito e atirou de primeira, mas por cima da trave.

A equipa de Jorge Simão respondia através de Mateus (60'), mas o remate do angolano, em posição frontal, falhou por pouco o alvo. Cinco minutos depois, Yushupa tentou fazer um chapéu a Bruno Varela de 40 metros, mas a bola saiu muito alta. O Boavista esgotava as substituições com a entrada de Rochinha para o lugar de Renato Santos. Rui Vitória, por sua vez, tirou Rafa e lançou Diogo Gonçalves.

Aos 77', já depois de uma oportunidade desperdiçada por Jonas, o Benfica chegou ao 3-0 numa infelicidade de Nuno Henrique: cruzamento da esquerda do ataque 'encarnado', Talocha corta de cabeça ao segundo poste, a bola bate na perna de Nuno Henrique e volta a desviar em Talocha antes de entrar na baliza axadrezada.

Raúl Jiménez, que rendeu Jonas ao minuto 78, ainda teve tempo para fazer o que brasileiro não conseguiu. Passe para André Almeida na direita, o lateral vai à linha cruzar , com o mexicano a surgir na pequena área e a desviar com o pé esquerdo para o quarto e último da noite. Mesmo ao bater do minuto 90.