A edição 2022/23 da I Liga portuguesa de futebol de A a Z.
A – ANTÓNIO SILVA
O jovem central António Silva começou a época ‘anónimo’ e condenado a não contar na defesa do Benfica, face a tanta oposição, mas, aproveitando lesões alheias, instalou-se no ‘onze’ e acaba 2022/23 como o jogador mais valioso do plantel.
Ainda com 19 anos – só completa 20 em 30 de outubro -, teve uma afirmação imediata e uma ascensão meteórica, sendo, de forma natural, convocado para o Mundial2022, e completado a I Liga com 30 jogos, todos a titular, e três golos.
B – BRUMA
Bruma foi uma das apostas do Sporting de Braga para a segunda metade da época, juntamente, entre outros, com o experiente Pizzi, e deu ainda mais qualidade ao ataque do ‘onze’ de Artur Jorge, nomeadamente ao nível da imprevisibilidade.
Proveniente do Fenerbahçe, por empréstimo, mostrou no regresso a Portugal, quase uma década depois de sair do Sporting, que continua a ser um fantasista e um desequilibrador, agora com mais experiência, adquirida em vários clubes e campeonatos.
C – CONCEIÇÃO, SÉRGIO
Na sexta época ao comando do FC Porto, Sérgio Conceição colecionou recordes na história do clube, mas, pela terceira vez, não foi capaz de conduzir o clube à revalidação do título, mantendo a tendência de ‘título sim, título não’.
Foi, assim, mais do mesmo, também ao nível do seu comportamento, acumulando cartões, expulsões, polémicas e penalizações, geralmente brandas.
D – DAVID NERES
Contratado aos ucranianos do Shakhtar Donetsk, o internacional brasileiro David Neres foi um jogador diferenciador na primeira época no Benfica, cotando-se como o jogador mais agitador do ataque, conferindo-lhe imprevisibilidade.
Em contraste com o jogo mais prático de Rafa, João Mário ou Gonçalo Ramos, o ex-Ajax, de 26 anos, encantou a Luz com a sua capacidade no ‘um contra um’, a qualidade no último passe (nove assistências) e também a definir, com seis golos em 31 jogos.
E – ENZO FERNÁNDEZ
Contratado ao River Plate no início da época, Enzo Fernández chegou a horas face à prematura eliminação dos argentinos da Libertadores e impôs-se desde o primeiro dia, então ainda com 20 anos, como o ‘patrão’ do meio-campo do Benfica.
Tomou conta da bola, com enorme capacidade na posse e circulação, num conjunto de exibições que o levaram ao Qatar2022 e, depois, à prematura saída, já campeão do Mundo, para o Chelsea, a troco de 121 milhões de euros. Deixou saudades.
F – FREDRIK AURSNES
O norueguês Fredrik Aursnes chegou, proveniente, do Feyenoord como um ‘desconhecido’, não sendo sequer fácil pronunciar o seu nome, mas acaba a primeira época na I Liga como uma das suas grandes figuras, o ‘rei’ da polivalência.
Na direita ou na esquerda do ataque, nas costas de Ramos, como médio mais defensivo, a ‘6’ ou ‘8’, e até na direita da defesa, o jogador de 27 anos foi eficaz em qualquer posição do ‘onze’ do Benfica, somando dois golos e quatro assistências, em 28 jogos.
G – GONÇALO RAMOS
O alemão Roger Schmidt viu nele o ponta de lança titular, o sucessor de Darwin Núñez, e o jovem avançado luso, de 21 anos, correspondeu às exigências, ao apontar 19 golos, sem ter sido chamado a marcar qualquer dos 13 penáltis favoráveis ao Benfica.
Apesar da quebra na segunda metade da prova (sete golos, contra os 12 da primeira), nunca perdeu a titularidade, porque deu sempre à equipa muito mais do que só golos, nomeadamente ao ser o primeiro a defender.
H – HORTA, RICARDO
Melhor marcador da história do Sporting de Braga, Ricardo Horta esteve a um passo da Luz no início da época, sendo um desejo confesso de Roger Schmdit, mas, quando tudo parecia feito, ficou na ‘pedreira’ e fez mais uma grande época.
Aos 28 anos, o internacional luso, que não foi escolhido por o Qatar2022, mostrou toda a sua maturidade na resposta à mudança falhada e cotou-se como uma das grandes figuras do ‘onze’ de Artur Jorge, liderando-o rumo ao pódio, com 14 golos, em 30 jogos.
I – IURI MEDEIROS
Depois de muitas épocas intermitentes, em que o seu talento foi aparecendo de forma avulsa, o médio Iuri Medeiros cumpriu em 2022/23 a sua temporada mais regular no futebol português, no que foi o seu terceiro ano ao serviço do Sporting de Braga.
A caminho dos 29 anos, foi uma das grandes figuras dos ‘arsenalistas’, com o seu futebol tecnicista e sua capacidade de passe, sendo essencial nas bolas paradas e também na finalização, tendo contribuído com 10 golos, em 30 jogos.
J – JOÃO MÁRIO
Após uma primeira época discreta na Luz, João Mário foi uma das grandes figuras da edição 2022/23 da I Liga, face sobretudo a uma invulgar capacidade concretizadora: apontou 17 golos no campeonato, ainda que sete dos quais de grande penalidade.
O médio de 30 anos, acabado de renunciar à seleção, foi aposta desde início de Roger Schmidt, depois de ter acabado a temporada passada com ‘pé e meio’ fora, sendo determinante no cetro dos ‘encarnados’, também pelas sete assistências.
K – KIKO BONDOSO
Kiko Bondoso foi um dos três jogadores de campo que cumpriram, sempre como titulares, todos os 34 jogos da edição 2022/23 da I Liga de futebol, numa prova que voltou a não ter qualquer totalista (3.060 minutos).
Além do médio ofensivo do Vizela, autor de dois golo, também atuaram sempre nos 'onzes' das respetivas equipas o guarda-redes grego Vlachodimos (Benfica) e o avançado espanhol Fran Navarro (Gil Vicente).
L – LUIZ JÚNIOR
O guarda-redes Luiz Júnior foi um dos destaques do Famalicão e um dos dois jogadores que finalizou a 33.ª jornada como totalista, estatuto que perdeu na última ronda, ao ser suplente não utilizado na irrelevante deslocação a Famalicão.
Além do jovem brasileiro, de 22 anos, também deixou fugir essa possibilidade o igualmente guarda-redes Vlachodimos, do Benfica, que, aos 88 minutos da receção ao Santa Clara (3-0), cedeu o lugar a Samuel Soares, para este poder ser campeão.
M – MUSA, PETAR
Proveniente do Boavista, Petar Musa não se conseguiu impor como titular do Benfica (dois jogos no ‘onze’), ‘tapado’ por Gonçalo Ramos, mas Roger Schmidt fez saltá-lo do banco muitas vezes (28) e o croata foi aproveitando os minutos que teve.
Acabou a prova como o quarto melhor marcador do Benfica, com sete golos, seis dos quais como suplente utilizado, sendo, neste particular, o melhor da edição 2022/23 da I Liga.
N – NAVARRO, FRAN
Na segunda época no Gil Vicente, Fran Navarro, de 25 anos, voltou a terminar o campeonato acima da dezena de golos, ao totalizar 17, em 34 jogos, todos como titular, depois dos 16 conseguidos na época de estreia, em 32.
Apesar da época bem menos conseguido do conjunto de Barcelos, que ‘caiu’ do quinto lugar para o 13.º, o avançado espanhol manteve o nível, apesar da ‘queda’ na segunda volta (seis golos), e poderá estar a caminho do FC Porto.
O – OTAMENDI, NICOLÁS
Aos 35 anos, o argentino, que a meio da época foi ao Qatar sagrar-se campeão mundial, foi o ‘patrão’ da defesa do Benfica, que ‘capitaneou’, ao lado do ‘miúdo’ António Silva, sendo determinante no título conquistado pelos ‘encarnados’.
Titular indiscutível, Otamendi, que só perdeu jogos devido aos cartões, exibiu toda a sua experiência e liderança, contribuído também com um golo simbólico, ao Estoril Praia (1-0), para acabar com uma serie de quatro jogos sem ganhar.
P – PEDRO GONÇALVES
Como o Sporting, Pedro Gonçalves, umas vezes médio e outras avançado, pautou a sua época pela irregularidade, mas foi, claramente, a principal figura dos ‘leões’, com o seu toque de bola e classe distintos a ‘pedirem’ outros ‘palcos’.
O jogador de 24 anos foi o melhor marcador da equipa, com 15 golos, registo muito aquém dos 23 do ano do título (2020/21), mas superior aos escassos oito de 2021/22, e também o ‘rei’ das assistências da prova, com 11.
Q – QATAR
A realização do Mundial do Qatar2022, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, ‘partiu’ a edição 2022/23 em dois, sendo a primeira vez na história que o calendário previu, à partida, uma pausa de mês e meio entre duas jornadas (13.ª e 14.ª).
O Benfica, que antes da prova somou 12 vitórias e um empate, terá sido a equipa que mais sentiu a interrupção, que coroou dois ‘encarnados’ como campeões mundiais, sendo que um ficou (Otamendi) e o outro foi vendido ao Chelsea (Enzo Fernández).
R – RAFA
Rafa está longe de ser o melhor do mundo a finalizar jogadas, seja no remate ou no último passe, mas foi uma das grandes ‘estrelas’ do campeonato e desempenhou, atrás de Gonçalo Ramos, um papel decisivo no título conquistado pelo Benfica.
Autor de oito golos, o jogador acabado de completar 30 anos, que renunciou à seleção e prescindiu de ir ao Qatar, marcou vários tentos determinantes, entre os quais os que valeram triunfos no Dragão (1-0) e na receção ao Sporting de Braga (1-0).
S – SCHMIDT, ROGER
Se só fosse possível escolher um responsável pelo título do Benfica, o nome do treinador alemão Roger Schmidt, de 56 anos, seria certamente o eleito, tal o impacto que teve na sua primeira época na Luz, proveniente do PSV Eindhoven.
Apostou desde início num ‘onze’, no qual pouco mexeu ao longo da época, e nunca mudou a forma de jogar da equipa, num ‘4-2-3-1’, em função de qualquer adversário, apostando também sem qualquer problema nos jovens (António Silva e depois João Neves).
T – TAREMI, MEHDI
O avançado iraniano Mehdi Taremi voltou a ser a grande referência ofensiva do FC Porto e, mesmo com alguns períodos em que oscilou, foi o melhor marcador da equipa pelo terceiro ano consecutivo e o ‘rei’ dos goleadores da prova, com 22 golos.
O seu tento mais emblemático foi o que valeu a vitória na Luz, face ao Benfica (2-1), mantendo viva a luta pelo título, numa época em que não se conseguiu livrar de mais algumas polémicas, pela forma como foi caindo na área.
U - UGARTE
O médio internacional uruguaio Ugarte foi uma das grandes figuras do Sporting, o seu pêndulo do meio-campo, sempre pronto a estancar os contra-ataques dos adversários e a roubar bola, no seu estilo sempre de grande entrega ao jogo.
Participou em 31 jogos dos ‘leões’, 28 dos quais como titular, e, com apenas 22 anos, acaba a época com muitos pretendentes, sendo quase certo que partirá, talvez para Inglaterra, até porque o Sporting, sem ‘Champions’, precisa de vender.
V – VLACHODIMOS, ODYSSEAS
Na quinta época de ‘águia’ ao peito, o guarda-redes Vlachodimos foi ainda mais consistente na baliza do Benfica, limitando os erros ao longo de uma campeonato em que conseguiu manter a sua baliza a zero em 21 das 34 jornadas.
Com apenas 20 golos sofridos, o internacional grego liderou a defesa menos batida da prova, num conjunto de exibições de grande qualidade, que fizeram o clube renovar-lhe o contrato por mais três anos, até 2027.
W - WINCK, CLÁUDIO
O defesa brasileiro Cláudio Winck foi o responsável por um dos golos mais importantes do Marítimo na prova, ao marcar os 90+5 minutos, depois de entrar aos 80, no 1-0 ao Vizela que selou o ‘passaporte’ dos insulares para o play-off de manutenção.
Além de dar uma última oportunidade ao conjunto do Funchal, o golo de Winck acabou, também, por ‘matar dois coelhos de uma cajadada só’, já que o seu golo selou a descida imediata, à 33.ª jornada, de Paços de Ferreira e Santa Clara.
X – XADAS
Formado no Sporting de Braga, o médio Xadas cumpriu a segunda época completa no Marítimo e voltou a ser um dos destaques do clubes insular, que acaba o campeonato em risco de cair para a II Liga, na qual não joga desde 1984/85.
A I Liga está, assim, em risco de, quase 40 anos depois, voltar a não ter equipas das ilhas, uma vez que o Santa Clara caiu, e, da II Liga, regressam Moreirense e Farense, com o Estrela da Amadora a jogar o play-off com o Marítimo.
Y – YUSUPHA
O gabonês Yusupha cumpriu em 2022/23 a sua mais produtiva temporada ao serviço do Boavista na I Liga, ao terminar a prova com 13 golos, mais do dobro dos cinco que tinha conseguido tanto em 2020/21 como em 2021/22.
Agora com 29 anos, e depois de seis épocas no Bessa, é mais do que provável o adeus do avançado nascido em Banjul, sendo que ficará para sempre na história dos ‘axadrezados’, na qual já ‘navega’ no top 20 dos melhores marcadores de sempre.
Z – ZAIDU
O defesa esquerdo do FC Porto foi o ‘herói’ do título da época passada, ao marcar, já nos descontos, o golo da vitória no Estádio da Luz, frente ao Benfica (1-0), mas esta época esteve bem mais discreto, não se assumindo sequer como titular indiscutível.
As lesões não ajudaram o jogador internacional nigeriano, de 25 anos, que só cumpriu 10 jogos no ‘onze’, acabando por ser muitos menos vezes opção do que o brasileiro Wendell, que atuou 21 vezes de início.
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